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Política e Economia

Medo e desesperança: a crise na Grécia pelos olhos dos estudantes

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Fotógrafo alemão registra clima de fustração com situação do país com fotografias de universitários atingidos por cortes do governo

Roberto Almeida

2013-02-16T13:34:00.000Z

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Efe (14/02)

Estudantes gregos protestam, em Atenas, contra reforma educativa que reduzirá quantidade de departamentos universitários

O fotógrafo alemão Kilian Foerster, radicado em Hamburgo, partiu para Tessalônica, na Grécia, com a câmera na mão. Encontrou no campus da universidade local um forte retrato da crise econômica que está devastando o país. Os estudantes, duramente atingidos pelos cortes do governo, lamentam o estratosférico índice de desemprego entre seus pares, acima de 50% há meses, e a ascensão fascista, que corrói com um populismo torto a política grega.

Com oito retratos firmes, seu trabalho, intitulado apenas “Jovens Gregos”, Foerster conseguiu capturar o clima de frustração que atravessa a juventude do país. Pelos olhares, é possível perceber a tensão. “Talvez a expressão ‘geração perdida’ seja um clichê, mas entre os jovens eu definitivamente senti uma grande desesperança e incerteza”, disse ele a Opera Mundi. Então, para onde correr?

“Se as pessoas estão se fortalecendo com a crise, eu não posso afirmar, mas de certa maneira elas estão se sentindo mais responsáveis por suas vidas. A questão é simplesmente como lidar com essa situação: elas estão realmente tentando mudar, estão paralisadas, com medo de perderem o emprego, de ficarem deprimidas ou, na pior das hipóteses, pensam em se matar?”, afirmou.

Os close-ups em preto e branco, fugindo da linguagem da mídia tradicional, servem como plataforma para o confronto com a realidade grega. Em duas perguntas simples - “O que mudou na sua vida desde o começo da crise? Como você vê o seu futuro?” - os jovens ganham a palavra. E dizem, também com o olhar, que o tempo é de transformação. O resultado você acompanha abaixo.

Marilena, 19, estudante de arquitetura

Kilian Foerster

"Os equipamentos da universidade foram cortados. Agora estou cuidando dos meus gastos. O futuro é incerto e meus sonhos e aspirações foram destruídos. Vou tentar ficar aqui, mas provavelmente terei de ir para o exterior para encontrar trabalho.”

Aleksandra, 21, estudante de engenharia elétrica

Kilian Foerster


“Algumas coisas que a gente tinha como certas passaram a ser luxo, mesmo que devessem estar disponíveis para todos. O que mais me preocupa é que a crise bateu rápido demais. Ela é nossa preocupação constante e agora estamos vivendo com medo, o que faz com que a gente se retraia. Eu gostaria de ficar na Grécia. Se eu sair, terá de ser por escolha, e não porque eu preciso de um emprego. Mas eu não estou tão pessimista sobre o futuro. Acredito que as pessoas com famílias e amigos irão sobreviver.”

Dimitra, 19, estudante de arquitetura

Kilian Foerster


“Eu fico de olho nos meus gastos. Estou procurando trabalho para poder ajudar minha família. Não sou otimista. Mas enquanto a gente ainda consegue sair para tomar um café não é preciso se preocupar tanto. Quero ficar na Grécia porque não quero deixar minha família e amigos. Mas se eu [precisar] sair, eu gostaria de ir para o Japão.”

Katerina, 20, estudante de física 

Kilian Foerster

“Estou saindo menos e viajando menos, e parece que está cada vez mais difícil tornar os meus sonhos realidade. O que me incomoda mais e me deixa triste é a condição das pessoas que não têm sonhos ou aspirações, perderam a imaginação e estão vivendo com medo; e algumas estão lucrando à custa de outras que mal estão sobrevivendo. Eles estão destruindo uma geração inteira por interesse próprio. Depois da universidade eu quero ir para o exterior e viver em vários países. Isso não é fácil financeiramente, mas eu vou tentar. Não farei isso por causa da crise, eu já queria fazer isso antes de ela começar. Estou me sentindo otimista: acredito que a crise possa ajudar a encontrar um estilo de vida diferente, que seja mais humano, solidário e com consciência ecológica. Se lutarmos juntos podemos conseguir. O maior perigo que vejo - e espero que ele nunca aconteça - é que a sociedade se torne cada vez mais conservadora e até fascista.”

Nikos, 21, estudante de matemática

Kilian Foerster


“Eu só saio de vez em quando. Não sei se terei comida amanhã. Estou me sentindo pressionado em todos os setores da minha vida. Nossa educação não será mais gratuita e nossos diplomas não valerão nada. Eu gostaria de fazer um mestrado, mas só quem tem dinheiro consegue. Só vamos conseguir melhorar as coisas se lutarmos juntos.”

Olga, 21, estudante de arquitetura

Kilian Foerster


“Eu não tenho mais sonhos para o futuro. A gente não sabe qual será a situação daqui a um mês. Não acho que possa ficar na Grécia. Vou emigrar seja pelo crescimento do neo-fascismo ou por causa do desemprego. Mas mesmo se eu estiver no exterior, ainda vou ficar triste se o neo-fascismo continuar crescendo na Grécia. Agora é o momento em que todos os europeus deveriam lutar por seus direitos.”

Dimitris, 19, estudante de física

Kilian Foerster


“Eu venho de Kozani. Lá a situação ainda não é tão ruim porque é o interior. Meus pais cortaram meu dinheiro, saímos no máximo duas vezes por semana. Teremos de pagar por nossos livros para a universidade no futuro. A universidade está sofrendo cortes por todos os lados. Eu vou para o exterior, porque aqui meu campo de estudo não tem futuro.”

Stella, 19, estudante de arquitetura

Kilian Foerster


“A situação é muito difícil. Quando ligo a televisão começo a me sentir muito mal. Estou tentando não pensar nisso. Quando ouvi sobre o segundo memorando fiquei bastante deprimida. Estou pensando em ir para o exterior, já que só há empregos muito mal pagos em arquitetura por aqui. Mas no resto da Europa a situação também é ruim. Por um lado não quero deixar minha família, mas pelo outro eu não quero ser sustentada pelos meus pais aqui. Aqui, não vou conseguir minha independência financeira. Talvez, se nós jovens tentássemos, poderíamos superar a crise, mas o Estado não nos dá uma única oportunidade.”

Mais sobre o fotógrafo em www.kilianfoerster.de

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Sociedade

Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França

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Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-03-02T22:41:00.000Z

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Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país. 

A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.

O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.

O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950

O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro. 

Responsabilidade pelo passado

Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.

"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.

Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.

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