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Política e Economia

Após protestos, projeto de destruição do último trecho do Muro de Berlim é paralisado

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Futuro do projeto imobiliário que previa destruição do muro será rediscutido em duas semanas

Redação

2013-03-04T14:42:00.000Z

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Roberto Almeida/Opera Mundi

"Salvem o Muro", pedem os cartazes dos manifestantes que fizeram vigília no East Side Gallery nos últimos quatro dias

Depois de quatro dias seguidos de protestos organizados pela população de Berlim, quando milhares de seus moradores saíram às ruas, as obras para destruir um trecho do histórico muro que separou a cidade durante a Guerra Fria foram paralisadas nesta segunda-feira (04/03).

O investidor Maik Uwe Hinkel, dono da sociedade Living Bauhaus, que pretendia levantar um condomínio de luxo às margens do rio Spree demolindo parte desse patrimônio histórico, disse que respeitará o pedido dos manifestantes. “Não preciso forçosamente abrir um buraco no muro”, disse Hinkel ao jornal “Bild”. Ao jornal berlinense “B.Z.”, ele afirmou que já tinha mandado "desmobilizar a grua" e prometeu, temporariamente, não destruir os outros trechos do muro.

Roberto Almeida/Opera Mundi

Berlinenses aproveitaram o domingo de sol em frente ao muro

Hinkel se disse à disposição para alterar os planos do projeto original do condomínio, caso haja acordo com as autoridades e construtores vizinhos. Segundo ele, 20 dos 36 apartamentos do condomínio de luxo já foram vendidos. “Sempre há possibilidade de o subprefeito nos desapropriar, mas este não é nosso objetivo”.

O trecho, conhecido como “East Side Gallery”, conta com 1,3 quilômetro de extensão e é decorado por inúmeros grafites que ajudam a contar a dura história vivida pela capital alemã no século XX.

Roberto Almeida/Opera Mundi

Manifestante agita bandeira da cidade de Berlim durante manifestação pela preservação do East Side Gallery

O ativista Robert Muschinski, que lidera o coletivo contrário ao projeto imobiliário, afirmou que o perigo foi “temporariamente descartado” ao ver as escavadeiras começando a deixar o local. “Até meados de março, não deverá ocorrer nada”, disse ele aos cerca de 500 manifestantes reunidos nesta manhã. O futuro do projeto deve ser discutido no próximo dia 18, em uma reunião entre representantes da comunidade, o investidor e a prefeitura.
 


Neste domingo (03/03), cerca de seis mil pessoas protestaram pacificamente ao redor do muro e sem nenhum incidente. Em discursos inflamados, os manifestantes pediram que ele seja poupado por ser um "símbolo da história e do valor da democracia alemã". Os protestos começaram na sexta-feira (01/03), quando um grupo de 300 pessoas conseguiu impedir o  trabalho dos guindastes, que retiraram apenas um pedaço da parede, de cerca de um metro e meio de largura. Nele há um grafite do Portão de Brandemburgo. Nas frestas foram enfiadas notas falsas de 100 euros, em crítica à especulação imobiliária, e deixadas dezenas de mensagens de protesto contra sua eventual demolição.

No entanto, outro projeto também de luxo está sendo projetado para a mesma zona e será necessário retirar mais uma parte do que resta do muro para a sua concretização, nomeadamente para as vias de acesso, como era o caso do projeto de Hinkel.

Roberto Almeida/Opera Mundi

Cerca de seis mil pessoas participaram do protesto no último domingo (03/03)

O trecho do muro de Berlim em questão é o único remanescente do original, construído em 1961 pelo governo da Alemanha Oriental. Artistas portugueses, alemães, russos e brasileiros deixaram mensagens de paz nas grossas paredes de cimento. Um dos graffitis mais famosos, e mais vendidos como imagem estampada em souvenirs, é o do caloroso beijo do então líder russo Leonid Brejnev e do chefe da Alemanha Oriental, Erich Honecker (foto abaixo).

Roberto Almeida/Opera Mundi

Homem fotografa trecho icônico do muro: o beijo de Brejnev, da URSS, e Honecker, da Alemanha Oriental

O Muro de Berlim dividiu a capital alemã durante 28 anos separando a parte ocidental, capitalista, da Alemanha Oriental, comunista. Ao longo dos anos foi o palco da morte de 136 pessoas que tentaram atravessá-lo. Em 9 de novembro de 1989, o muro foi parcialmente derrubado, mas muitos trechos foram preservados como recordação e que hoje figuram como das principais atrações da capital alemã.

Em 2009, a área, considerada um dos principais pontos turísticos da cidade, recebeu um investimento para revitalização de cerca de 2,5 milhões de euros (ou seis milhões de reais) do governo alemão. O terreno, que há 20 anos era considerado terra de ninguém, exatamente pela proximidade com o muro, hoje é tido como privilegiado e com o metro quadrado em alta.

Roberto Almeida/Opera Mundi

"Berlim não está à venda", diz cartaz da garota

De um lado da parede da East Side Gallery há um parque linear, de frente para as águas tranquilas do rio Spree. Do outro fica a movimentada avenida Mühlenstraße e a arena multiuso O2 World. Em uma caminhada de 10 minutos, os turistas - ou futuros moradores do condomínio de luxo - podem chegar ao bairro boêmio de Friedrichshain, onde há cafés, restaurantes e movimentadas feiras de produtos usados.

A demolição do trecho do muro levanta uma nova discussão sobre gentrificação, tema perene entre ativistas sociais berlinenses. Há muita polêmica sobre os efeitos nocivos das ondas de imigração de artistas para a capital alemã, atraídos pelos aluguéis baratos. Eles indiretamente subsidiam a especulação imobiliária e empurram os moradores originais para bairros mais distantes.

Roberto Almeida/Opera Mundi

"Gentrifique a sua mãe", diz cartaz à esquerda; desenho à direita mostra mapa da cidade "à venda"

O protesto contra a demolição foi tido por manifestantes como uma empreitada anticapitalista. O tema é o mesmo de muitos murais grafitados. A associação de artistas da East Side Gallery escreveu um apelo à população de Berlim e aos turistas para  impedir a derrubada do trecho. “Somos contra a abertura planejada do muro. Não concordamos que, para benefícios privados, esse monumento seja destruído de novo”, diz, em nota.

Veja mais fotos do East Side Gallery:

Rogério Cantelle/Opera Mundi

Visão geral de trecho da East Side Gallery, em direção ao centro da capital alemã

Roberto Almeida/Opera Mundi

Lado ocidental do muro, bastante grafitado

Rogério Cantelle/Opera Mundi

Manifestação pró-Israel e pró-Palestina no Muro de Berlim

Roberto Almeida/Opera Mundi

Placa comemorativa da East Side Gallery

(*) colaborou Roberto Almeida, correspondente de Opera Mundi em Berlim. Com informações do Le Monde 

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Política e Economia

Venezuelanos vão às ruas para exigir liberação de bens estatais bloqueados no exterior

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Manifestantes pedem devolução da refinaria Citgo, de avião retido na Argentina e das reservas de ouro na Inglaterra

Lucas Estanislau

Brasil de Fato Brasil de Fato

Caracas (Venezuela)
2022-08-10T16:21:00.000Z

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Sindicatos e movimentos populares venezuelanos foram às ruas de Caracas nesta terça-feira (09/08) para exigir a liberação de bens estatais que estão bloqueados no exterior.

Os manifestantes percorreram avenidas da capital e concentraram suas reivindicações nos casos da refinaria Citgo, nos EUA, de avião retido na Argentina e das reservas de ouro que estão presas no Banco da Inglaterra.

Pela manhã, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, havia reiterado a convocatória feita pelo governo. "A Venezuela marcha hoje pela defesa e pelo resgate dos bens nacionais ilegalmente retidos e sequestrados. Queremos eles de volta. Devolvam o ouro, a Citgo, o avião e o dinheiro que pertence ao povo. Exigimos respeito", afirmou o mandatário.

Nesta segunda-feira (08/08), Maduro já havia prometido iniciar uma campanha pela liberação dos ativos venezuelanos que contaria com "todas as nossas armas comunicacionais, sociais e políticas".

O caso do Boeing 747 

O presidente do partido governista PSUV, Diosdado Cabello, também mencionou o bloqueio dos bens da Venezuela na segunda-feira (08/08) e fez críticas ao governo argentino pela retenção de um avião venezuelano no país que já dura dois meses.

"O avião é da Venezuela e está sequestrado pelo governo do presidente [Alberto] Fernández, que é o único responsável pelo que pode ocorrer com esse avião e com a tripulação venezuelana", disse Cabello.

Um Boeing 747 pertencente à empresa venezuelana Emtrasur, filial da estatal Conviasa, pousou no aeroporto de Ezeiza, na Argentina, no dia 6 de junho. De tipo cargueiro, o avião estava ocupado por uma tripulação de 19 pessoas, transportava peças de automóveis e tinha como destino o Uruguai.

No dia 8 de junho, a aeronave foi impedida de decolar pela Justiça argentina e os passaportes da tripulação foram retidos.

O caso representou mais um episódio de cerceamento de atividades e bloqueio de bens venezuelanos por conta das sanções dos EUA contra o país, já que tanto a estatal da Venezuela Conviasa quanto a empresa iraniana Mahan Air, que vendeu o avião à Emtrasur, estão sancionadas por Washington.

No último dia 2 de agosto, o Departamento de Justiça dos EUA pediu ao governo argentino que confisque a aeronave venezuelana pelas supostas "violações de leis de controle de exportações dos Estados Unidos".

Nesta segunda, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba-TCP) condenou a decisão de Washington e chamou a detenção do avião de "ilegítima e ilegal".

PSUV
Ato contou com a participação de sindicatos e movimentos populares contra o bloqueio

"A Aliança repudia a manutenção das medidas coercitivas unilaterais contra o povo e o governo venezuelanos e faz um novo chamado à comunidade internacional para exigir o fim dessas medidas", afirmou a organização em nota.

O ministro do Transporta da Venezuela, Ramón Velásquez Araguayán, participou da marcha realizada em Caracas nesta terça ao lado de trabalhadores da Conviasa e destacou que a detenção do avião da Emtrasur na Argentina viola os convênios internacionais sobre aviação.

"Há meses, nossos pilotos e tripulantes foram taxados de terroristas. Eles não são terroristas, não estão fazendo espionagem e muito menos são procurados pela Interpol", afirmou o ministro.

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, também esteve presente no ato e afirmou que o bloco de deputados governistas no Legislativo trabalhará para defender "com todos os recursos possíveis nosso avião sequestrado e para que nossos compatriotas voltem ao país". "Aqui há um rio de gente que se levanta contra as sanções, que se levanta contra o bloqueio, que se levanta contra a agressão à nossa empresa Conviasa", afirmou o parlamentar.

Ouro e Citgo sob controle de Guaidó

As outras principais reivindicações dos protestos desta terça foram a liberação das 31 toneladas de ouro, equivalentes a US$ 1,9 bilhão (R$ 9,83 bilhões), presas no Banco da Inglaterra e a devolução da refinaria Citgo ao Estado venezuelano.

Ambos os recursos foram bloqueados por conta do reconhecimento dos governos de EUA e Reino Unido da presidência fictícia do ex-deputado Juan Guaidó.

As reservas de ouro da Venezuela estão congeladas há mais de dois anos em Londres porque a Justiça britânica não reconhece a autoridade do Banco Central venezuelano sobre os fundos. Ao contrário, os tribunais aceitam a existência de um "Banco Central" nomeado por Guaidó e alegam que esse suposto órgão deveria ser o responsável por gerir o ouro.

Em julho, a Justiça britânica voltou a dizer que a autoridade do opositor é "legítima", ainda que não tenha liberado o acesso da oposição às reservas venezuelanas. O governo Maduro prometeu recorrer.

Já a rede de refinarias Citgo, que fica nos EUA e pertence à estatal petroleira da Venezuela PDVSA, é controlada por opositores nomeados por Guaidó com aval da Justiça estadunidense desde que o ex-deputado se autoproclamou "presidente". A empresa está avaliada em US$ 8 bilhões e nos últimos anos esteve sob ameaça de ser vendida para sanar dívidas da PDVSA com credores internacionais.

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