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Política e Economia

Após 9 dias de filas quilométricas, corpo de Chávez segue para bairro pobre de Caracas

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Cadáver do presidente venezuelano irá ficar no Museu da Revolução, Quartel da Montanha, no 23 de Janeiro

Marina Terra

2013-03-15T11:25:00.000Z

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15 de março de 2013. Exatamente dez dias após o falecimento de Hugo Chávez, o velório do presidente venezuelano será finalmente encerrado. Foram centenas de milhares de pessoas que passaram pela Academia Militar, em Caracas, para prestar sua homenagem ao líder do país, cujo corpo permaneceu no local por nove dias. Agora, as quilométricas filas, os pequenos altares com fotos de Chávez e a música do venezuelano Ali Primera mudarão de endereço. Chávez ficará daqui em diante no Quartel da Montanha, no bairro de 23 de Janeiro, na zona oeste da capital. Lá repousará no Museu da Revolução.

Leia mais:
Bastião esquerdista em Caracas espera ansioso chegada do corpo de Chávez

Efe

Centenas de milhares de pessoas esperaram por até 30 horas para ver o corpo de Chávez na Academia Militar

O local escolhido para o memorial tem grande significado histórico para os venezuelanos, tanto por ser onde Chávez comandou a rebelião de 4 de fevereiro de 1992, como pela importância do 23 de Janeiro – um bairro conhecido por resistir a governos repressores e por reunir forte apoio ao presidente. Nesta sexta-feira, na academia, haverá uma parada militar em homenagem ao líder venezuelano.

O presidente interino, Nicolás Maduro, a quem Chávez designou como seu herdeiro político e candidato governista três meses antes de morrer, vai liderar o cortejo ao lado do líder boliviano, Evo Morales. Apesar de ter dito que o corpo seria embalsamado, como Lenin e Mao Tse-tung, Maduro admitiu que será "bastante difícil", porque os procedimentos deveriam ter começado antes.

A procissão até o 23 promete gerar imagens de devoção ao presidente como as do cortejo fúnebre de 6 de março, quando ele foi levado à Academia Militar. Desde aquele dia, as filas para ver o corpo do presidente não cessaram. Integrantes da equipe de voluntários, que trabalharam todos esses dias para providenciar água e comida a todos, contam que todos se impressionaram com o fervor da homenagem.

Yuri Buzcategui, de 49 anos, veio do Estado de Anzoátegui para ajudar. “Trabalho para a PDVSA [estatal petrolífera] e me ofereci. Estou aqui para apoiar a revolução, para que ela continue. Sabemos que a maioria pensa assim, mas de verdade fiquei emocionado com as demonstrações de amor ao presidente”, confessa. Ao seu redor, dezenas de voluntários organizavam garrafas de água, suco, laranjas e kits com sanduíche e uma barra de cereal.

Na mesma tenda, Juan Carlos Peraza, de 40 anos, conta que vive em Nova York, onde atua na Frente Francisco Miranda, e que veio não só para colaborar, como também para compartilhar as histórias de agradecimento dos nova-iorquinos. Chávez colocou em prática um programa de distribuição gratuita de petróleo para aquecimento nos últimos oito anos em locais como o Bronx. “Vivo há 20 anos lá, imigrei por razões econômicas. E agora estou aqui para relatar a todos o amor que o povo desses locais beneficiados tem pelo presidente. Isso os Estados Unidos nunca reconhecerão: que Chávez salvou milhões do frio e da morte”, diz o venezuelano.

Marina Terra/Opera Mundi

Peraza mencionou o programa de distribuição gratuita de petróleo aos pobres dos EUA como um legado de Chávez

O fornecimento é garantido total ou parcialmente pela refinaria Citgo, da estatal PDVSA. A doação é intermediada pela CEC (Citizens Energy Corporation), organização fundada e dirigida pelo ex-deputado Joe Patrick Kennedy, filho do ex-senador Robert e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy. A CEC distribuiu nos EUA mais de 700 bilhões de litros de petróleo da Citgo. “Chávez sempre se preocupou com os pobres da Venezuela e de outros países, mesmo os de uma nação que sempre foi tão hostil com ele”, afirma Peraza.

O presidente Hugo Chávez morreu aos 58 anos, após longo tratamento contra um câncer. Ele havia sido reeleito em outubro do ano passado, mas não chegou a assumir o novo mandato na data prevista (10 de janeiro), porque estava em Cuba, onde foi submetido, em dezembro, à quarta e última cirurgia. O governo venezuelano já anunciou que irá investigar a doença do presidente, devido à suspeita de envenenamento. 

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Meio Ambiente

Onda mais longa de calor intensifica seca na França; 100 municípios estão sem água

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Nova onda de calor se aproxima da França e os meteorologistas se perguntam se não seria uma continuidade do evento extremo de calor registrado no país desde 31 de julho

Maria Paula Carvalho

RFI RFI

Paris (França)
2022-08-09T19:10:00.000Z

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A medida em que uma nova onda de calor se aproxima da França, e os termômetros permanecem altos em algumas regiões do país, os meteorologistas se perguntam se não seria uma continuidade do evento extremo de calor registrado no país desde o dia 31 de julho. Falta d’água encanada em uma centena de municípios, lavouras destruídas por falta de irrigação, biodiversidade em perigo: a seca histórica que atinge o país exige adaptações e respostas rápidas do poder público.

A Météo-France destaca que uma queda nas temperaturas, no fim de semana, em três quartos do país trouxe um certo alívio, mas as previsões continuam sendo de temperaturas elevadas para a semana que se inicia. Os recordes de seca se sucedem, preocupando as autoridades e a população.

Temperaturas máximas entre 32°C e 36°C

Depois de um arrefecimento das temperaturas em algumas regiões do país, acompanhado de tempestades no último fim de semana, a Météo-France prevê que os termômetros voltarão a subir no país. Condição que só agrava a seca já enfrentada em muitas regiões.

As chuvas do fim de semana não foram suficientes para compensar o déficit histórico de pluviosidade em todo o país em julho, o segundo mês mais seco do ano desde março de 1961. O déficit pluviométrico é de cerca de 84% em relação ao normal para o período 1991-2020.

Recordes diários

"Em nível nacional, desde 17 de julho, a França bate um novo recorde de seca do solo todos os dias (em um histórico que começou em agosto de 1958)", observa Météo-France. Na Córsega, este recorde diário vem sendo batido todos os dias desde o início de julho, e desde meados de maio na região PACA (Provença-Alpes-Costa Azul).

"Esta situação constitui um grande acontecimento comparável às secas de 1976 ou 2003", destaca Jean-Michel Soubeyroux, climatologista da Météo-France. "Até meados de agosto, é muito provável que essa situação de solo seco piore ainda mais em um grande número de regiões", alerta.

Setores essenciais já são duramente atingidos, como a agricultura e a pecuária, seja pela dificuldade no plantio do milho destinado à ração animal, que consome muita água, ou pela falta de pastagens para o gado.

Falta d’água em 100 municípios

A falta de chuvas levou a uma situação extrema de abastecimento. "Mais de uma centena de municípios na França não tem mais água potável", alertou, na sexta-feira (5), o ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu. O político falou em seca "histórica" na França e em outros países europeus.

“Temos mais de uma centena de municípios hoje que não tem água potável. A estratégia é intensificar algumas restrições para evitar chegar à situação em que percebemos o déficit hídrico que se prolonga, e para sermos capazes de antecipar. Porque, se você deverá fornecer água, não adianta se preocupar com isso na manhã em que já não há mais água nos canos”, afirmou.

"Existem sistemas de cultivo que são mais resilientes devido às mudanças climáticas, mas acreditar que não haverá necessidade de água seria um erro bastante trágico", reforçou, por sua vez, Marc Fesneau, ministro da Agricultura, destacando a necessidade de adaptação dos produtores rurais. "Imagine a situação em que estaríamos hoje se não existissem vários sistemas de retenção de água criados há 40, 50 ou 60 anos", disse ele, antes de visitar uma barragem em Sainte-Croix du Verdon, na região PACA.

Wikimedia Commons
Incêndio em Laroque-de-Fa, comuna francesa na região administrativa de Occitânia

"O risco seria nós dizermos que isso não é grave, que podemos continuar como antes e não reexaminar nossas práticas, e que basta encontrar métodos alternativos para não ficar sem água. Isso seria mentir para as pessoas", analisou Fesneau.

A falta d’água também repercute no campo político. A União de esquerda Nupes acusa o governo centrista de não ter reagido rapidamente. “Nada foi antecipado”, escreveu Julien Bayou, deputado do partido Europa Ecologia os Verdes, em sua conta no Twitter.

A esquerda reclama de restrições injustas de uso da água e questiona a irrigação de campos de golfe, por exemplo, prática considerada essencial para o setor e vista como desperdício por outros.  

A questão da partilha dos usos da água agita a classe política. A deputada da França Insubmissa (LFI esquerda radical) Mathilde Panot reivindicou, também no Twitter, um direito à água “consagrado na Constituição”: “a água deve primeiro dar vida e não lucros!”.

Comitê de crise

O governo francês criou um comitê interministerial de crise para analisar cada situação em particular e para traçar um plano de abastecimento de água nas regiões onde for preciso. A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, ativou essa unidade interministerial na sexta-feira (5), diante da "situação histórica pela qual muitos territórios estão passando", anunciou o Palácio do Matignon, sede do governo.

No total, 93 departamentos de 96 estão sujeitos a restrições de água em graus variados no país e 62, ou dois terços, estão "em crise". Neste nível máximo de alerta, é proibido regar gramados, lavar de veículos ou a irrigar as, bem como encher reservatórios.

“Nos cerca de cem municípios com escassez de água potável na França, o abastecimento é feito com caminhões-pipa (...) já que não há mais nada nas tubulações", explicou o ministro Christophe Béchu, durante uma viagem ao sudeste do país para verificar a situação da seca.

Fogo

Com a secura, os incêndios se propagam pela França. Ao todo, 47.361 hectares arderam desde janeiro, contra 43.602 em 2019. Os dados do Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais foram divulgados na quinta-feira (4).

Sendo a vegetação seca um combustível fácil, o risco de incêndios só aumenta com a continuação do calor.

No domingo, mais de 300 hectares queimaram no Finistère, na região da Bretanha, onde o vento nordeste ajudou a propagar o fogo. Bombeiros de outros departamentos foram enviados como reforço e muitos agricultores também dão apoio à operações de combate às chamas.

Geralmente raros na Bretanha, os incêndios já destruíram, em julho, mais de 1.700 hectares de florestas.

Europa enfrenta seca

Como a França, muitos países europeus são afetados por essa onda de calor e seca. A escassez de água afeta atualmente 11% da população da UE e 17% do seu território, mas a situação é mais preocupante no Mediterrâneo, onde cerca de 50% da população vive sob constante estresse hídrico durante o inverno.

As secas intensas e a falta d’água provavelmente se tornarão mais frequentes e mais graves no futuro, alertou a Comissão Europeia, recomendando que os Estados-Membros aprendam a reutilizar águas residuais tratadas.

De acordo com os cientistas, a multiplicação das ondas de calor é uma consequência direta da crise climática. As emissões de gases de efeito estufa aumentam a intensidade, a duração e a frequência de eventos extremos.  

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