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Política e Economia

Nostalgia pela figura de Saddam sobrevive no Iraque

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Líder deposto por forças de ocupação internacionais é lembrado de maneira positiva em Tikrit, sua cidade natal

Redação

2013-03-19T12:58:00.000Z

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Uma década depois da invasão norte-americana, anos de violência e a pouca confiança na atual e dividida classe política alimentam a nostalgia de muitos iraquianos pela figura de Saddam Hussein, homem que governava o país com mão de ferro e foi derrubado pelas tropas de ocupação estrangeira.

Acusar alguém de ter mantido laços com Hussein é recorrente quando se pretende manchar a reputação de um político no Iraque atual. Porém, residentes de Tikrit, cidade natal do antigo líder, expressam carinho por um homem que é lembrado pela estabilidade que impunha no país e não por ordenar a morte de milhares de pessoas.

"Lembrarei de Saddam com orgulho", disse Khaled Jamal, um vendedor de relógios em Tikrit. "Nosso país não mudou nem se desenvolveu nos últimos dez anos", acrescentou.

Além de sua frustração pelo vagaroso processo de reconstrução, muitos iraquianos – não apenas em Tikrit – sofrem com a má distribuição de serviços básicos e o alto nível de desemprego. Jamal também citou outra frustração muito comum: o aparente aumento do sectarismo desde a queda de Saddam Hussein.

"Não havia sectarismo, nem de sunitas, nem de xiitas", explicou.

"Mas agora essa é a primeira pergunta que se ouve quando você se encontra com alguém", acrescentou em alusão às perguntas sobre a província de origem de uma pessoa, ferramenta para conhecer sua lealdade religiosa.

Saddam Hussein nasceu no dia 28 de abril de 1937 no vilarejo de Al Qja, logo ao sul de Tikrit, cidade localizada ao norte de Bagdá.

Ativista no agora proibido partido Baath, Hussein foi sentenciado à pena de morte em 1959 por conspirar para o crime do líder iraquiano Abdul Karim Qassem, e era uma das principais figuras do partido quando a organização tomou o controle do Iraque após o golpe militar de 1968. Chegou à Presidência 11 anos depois.

Na frente doméstica, Hussein – ou Saddam, como era mais conhecido – impôs uma visão secular para o país e se apresentava como um líder árabe que faria frente ao vizinho Irã - uma teocracia muçulmana, mas não árabe –, e era brutal com seus opositores.

Hussein era considerado responsável pela morte de dezenas de milhares de curdos na campanha "Anfal" e de até cem mil pessoas que fizeram parte da ascensão contra seu regime após a guerra do Golfo de 1991, além de outros massacres.

No âmbito internacional, lutou em uma longa, custosa e sangrenta guerra contra o Irã (1980-1988) com a vista grossa por parte das potências ocidentais e logo invadiu o Kuwait (1990) antes de ser expulso por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos. Foram impostas sobre o Iraque duras sanções econômicas e um embargo comercial.

Saddam já era um pária internacional com a invasão de 2003 e foi capturado em dezembro daquele ano, quando se escondia em uma fazenda, tendo sido enforcado em dezembro de 2006.
 


Porém, em Tikrit, o dirigente é relembrado de uma forma muito mais benevolente, como um líder que lutou pelo Iraque e que estava na vanguarda quando o país desfrutou de uma relativa estabilidade.

Saddam prestou muita atenção em Tikrit às custas de outras cidades do sul do país, o que ao menos lhe garantiu um legado mais favorável em sua cidade de origem.

"É natural que continuemos orgulhosos dele", disse Umm Sara. "Apesar das circunstâncias que atravessava o Iraque, ele dirigiu o país sem problemas".

"Saddam nos ajudou muito, assim que é natural que o veneremos como outros o fazem com Charles de Gaulle", comentou Abu Hussein, referindo-se ao ex-presidente francês. "Saddam tinha uma forte personalidade. A impôs dentro e fora do país".

Residentes que viveram o caos pós-2003, período em que dezenas de milhares morreram em uma guerra sectária, relembram os tempos antes da invasão quando a violência estava limitada às forças de segurança e os iraquianos podiam, em teoria, escapar de sua fúria.

E apesar de os serviços públicos serem de baixa qualidade, os residentes de Bagdá tinham eletricidade e existia um programa para alimentar os pobres em meio à penúria pelas sanções econômicas.

Na atualidade, os iraquianos dependem de geradores privados para completar o fornecimento elétrico, os empregos são escassos, a corrupção contamina tudo e muitos estão inconformados com os atuais líderes políticos.

"Estou agradecida aos atuais políticos", disse Inês, uma professora 37 anos em Tikrit. Em referência às dificuldades que enfrentam os iraquianos e as frustrações que sentem, afirmou: "Nos fazem amar Saddam, nos fazem sentir orgulhosos de sua figura, nos provoca, nostalgia daqueles dias".

(*) com informações da Agência France Presse

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Política e Economia

Scholz defende vistos da UE para cidadãos russos

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Chanceler federal alemão diz que o bloco europeu não deve 'tornar as coisas mais complicadas' para quem quer deixar a Rússia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-16T13:00:00.000Z

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Enquanto a União Europeia (UE)discute a proibição de vistos da UE para cidadãos russos, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse nesta segunda-feira (15/08) ser importante "lembrar os muitos refugiados que fugiram da Rússia" em meio à guerra de Moscou na Ucrânia.

Falando na cúpula de chefes de Estado nórdicos, em Oslo, na Noruega, Scholz afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia é "a guerra de Putin" e "não do povo russo".

"É importante entendermos que muitas pessoas estão fugindo da Rússia porque estão em desacordo com o regime russo", disse Scholz em entrevista coletiva.

O chanceler federal alemão acrescentou que as decisões da UE não devem "tornar as coisas mais complicadas" para essas pessoas deixarem a Rússia e "buscar liberdade".

A Lituânia e a Estônia, Estados-membros da UE que fazem fronteira com a Rússia, já suspenderam vistos de turista para os russos. A Finlândia expressou apoio à proibição.

A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, disse na cúpula que não acha certo que cidadãos russos tenham permissão para fazer "passeios turísticos" na UE enquanto soldados russos "matam pessoas na Ucrânia".

Marin acrescentou que o assunto precisa ser discutido mais profundamente pelos membros da UE. "Não é uma questão de preto ou branco, existem tons de cinza", destacou.

Kay Nietfeld/dpa/picture alliance
Olaf Scholz se reuniu com cinco chefes de Estado nórdicos em Oslo

O tema deve ser debatido em uma reunião informal de ministros das Relações Exteriores da UE marcada para 31 de agosto.

Independência energética

A participação de Scholz na cúpula nórdica ocorre no momento em que os líderes da Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia buscam estreitar laços de defesa e segurança.

Há meses, o governo alemão vem trabalhando na aproximação com os países nórdicos no setor de energia, já que Berlim considera que a Rússia está usando como "arma" o fornecimento de gás e petróleo.

A Noruega tem sido o fornecedor de gás mais importante da Alemanha desde que a Rússia diminuiu consideravelmente as exportações em junho.

Nesta segunda-feira, o anfitrião da cúpula, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, disse que a Noruega está entregando a quantidade "máxima" possível de gás para a Alemanha.

Scholz, por sua vez, expressou "gratidão" pelo país estar "esticando seus suprimentos de gás ao limite".

O chanceler afirmou que a Alemanha e os países nórdicos estão "enfrentando os mesmos desafios" e, portanto, devem trabalhar para reunir recursos energéticos.

"Estamos trabalhando para nos tornarmos independentes dos combustíveis fósseis da Rússia", disse Scholz, acrescentando que, para isso, a Alemanha e os países nórdicos precisam "combinar forças" para desenvolver recursos de energia renovável é essencial.

Store também disse que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis será "difícil e turbulenta".

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