O turismo na Venezuela não se restringe somente às belas praias das ilhas de Margarita e Los Roques. O país também oferece uma ampla variedade de cenários e atrações, que vão de picos nevados a extensas planícies. Há muito que visitar, como o Parque Nacional Canaima, onde fica o Salto Angel, a maior queda d’água do mundo, os Tepuis Kukenán e parte do Monte Roraima, localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana.
Apesar do desafio, a aventura não exige nenhum tipo de profissionalismo, basta disposição e um pouco de preparo físico. Isso porque, dependendo do trajeto escolhido, são percorridos de 40 a 100 quilômetros entre subidas e descidas. “Pouco a pouco”, repetem os experientes guias.
Da entrada do parque até o primeiro acampamento, a caminhada é suave. Os visitantes montam barracas para dois, e água e comida são providenciados pelos guias. O descanso é providencial, porque na manhã seguinte, subidas mais íngremes e travessia por belíssimos rios levam o grupo aos pés do Roraima. À tarde, almoço e mais descanso.
Aos pés do Roraima, após desfrutar de lindas paisagens, todos se perguntam como irão subir o percurso até o topo. É preciso reunir muita energia para o esforço final de 900 metros, vencido em cerca de quatro horas e com o valioso apoio dos guias. Já em cima da grande “mesa” de pedra, os turistas podem contemplar mais preciosos vistas.
O parque de cristais é um dos locais mais requisitados pelos visitantes, devido à profusão de quartzos brancos espalhados pelo chão, formando um cenário mágico. A clássica foto de recordação é tirada na ventana, local onde o aventureiro é fotografado “à beira do precipício”, com uma “mãozinha” dos guias. Se der sorte, o turista pode ver a água saindo das nuvens no exato momento da chuva.
Outro roteiro mais tranquilo é conhecer as “jacuzzis” naturais formadas nos buracos das pedras que acumulam água da chuva. Como os buracos têm diversos níveis de profundidades, experimenta-se de uma banheira natural com água morna à outra (vizinha) com água extremamente gelada.
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Até Hollywood já se deu conta do incrível cenário do Roraima. O último filme rodado na região foi a animação Up – Altas Aventuras (2009), do diretor Pete Docter (Monstros S.A.), que apresenta o cenário do Roraima como o Paraíso das Cachoeiras, na Venezuela, onde um explorador vai em busca de uma ave gigante.
Para voltar
Os dois últimos e mais duros dias do trekking são dedicados à descida, com caminhadas de até oito horas. Após o esforço, o grupo de turistas é recebido com um almoço em um restaurante com comidas típicas e, de quebra, podem conhecer e banhar-se em uma pequena cachoeira sobre pedras coloridas de jaspen.
A companhia dos guias enriquece a caminhada. Das 42 diferentes etnias indígenas que ocupam o Parque Nacional Canaima, os que têm permissão para viver e explorar o turismo no Roraima são os de origem Pemón. Além de preservarem pela segurança do grupo, têm na ponta da língua as explicações sobre a vegetação, pedras, águas e, claro, as lendas locais, cujos temas quase sempre giram em torno dos tepuis.
“São os guias perfeitos, porque além do espanhol, muitos falam inglês, pois vêm da Guiana”, explica Eric Buschbell, proprietário da Back Packer Tour, agência sedeada em Santa Elena de Uairén (Venezuela) e que organiza excursões por todos os destinos do Parque Canaima.
Ao final da aventura, todos se despedem dos guias com um “wakupe' kuruman”, “obrigado” na língua Pemón. A caminha segue. Ainda há muito o que descobrir na terra de Simón Bolívar.