Depois de passar a terça-feira (07/05) em Montevidéu, capital do Uruguai, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, faz visita nesta quarta-feira (08/05) a Buenos Aires, com o giro por países do Mercosul sendo concluído amanhã (09/05), em Brasília. Durante a passagem por terras uruguaias, Maduro destacou que o Mercosul é exemplo de recuperação econômica e produtiva e prometeu que a Venezuela levará dinamismo ao bloco, que “precisa mudar”. Além disso, ele defendeu a reintegração do Paraguai.
Efe (07/05/2013)
Maduro e Mujica se reúnem com líderes sindicais em Montevidéu. Presidente venezuelano firmou acordos com o colega uruguaio
“Há um Mercosul social quando integramos empresas recuperadas pelos trabalhadores que sofreram na época do neoliberalismo. Estamos falando de um Mercosul ativo e de trabalho produtivo”, ressaltou Maduro. Segundo ele, um exemplo é a empresa uruguaia Urutransfor, recuperada pelos trabalhadores e encarregada de produzir transformadores elétricos.
O venezuelano destacou que essas empresas são dirigidas pela classe trabalhadora com o objetivo de produzir bens de serviços a partir do Mercosul. “É uma forma que está sendo construída, que só é possível na América Latina da parte Sul. Era impossível pensar isso há 20 ou 15 anos”, disse. “A Venezuela vem com modéstia, com vontade de aprender”, disse ele.
Em 28 de junho, a Venezuela assume a presidência pró tempore do Mercosul. Atualmente, o comando está com o Uruguai. “[A viagem pelos países do Mercosul] é um giro para ratificar o caminho da integração profunda com o Uruguai, a Argentina e o Brasil, para seguir completando a equação perfeita”, acrescentou. “Também viemos colocar na mesa do Mercosul as experiências bem-sucedidas que abrem o horizonte econômico, social e político (…) São muitas coisas que criam um novo dinamismo no processo de consolidação do Mercosul”, acrescentou.
Segundo o presidente, a tendência do Mercosul “é a ampliação”, porque o bloco “tem de continuar mudando para se tornar um poderoso espaço, de união econômica da América do Sul e do continente”.
Paraguai
Maduro e Mujica defenderam a reintegração do Paraguai ao Mercosul. O país foi suspenso do bloco há 11 meses desde que os líderes da região concluíram que o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo transgrediu a ordem democrática.
O presidente venezuelano disse que “estão dadas as condições para que o Paraguai volte a ser um membro pleno” do Mercosul, enquanto Mujica convidou o presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, para participar da reunião do bloco em junho. Para Maduro, as condições atuais permitem o fim da suspensão do Paraguai do Mercosul. Ele disse ter conversado com Cartes por telefone e desejou sorte na Presidência da República.
Uruguai
Desde que a Frente Ampla chegou ao poder no Uruguai, com a presidência de Tabaré Vázquez, o governo venezuelano liderado por Hugo Chávez iniciou um processo de aproximação que se consolidou com a ascensão do ex-guerrilheiro Mujica. Em novembro de 2010, ambos os países instalaram a Comissão Binacional de Planejamento e Acompanhamento Estratégico (COBISEPLAE), para estimular uma ampla agenda de cooperação.
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As exportações uruguaias para a Venezuela aumentaram 64% entre 2010 e 2012, ano em que o país se transformou no quarto destino das vendas uruguaias de bens. Em contrapartida, o Uruguai compra de Caracas entre 45% e 50% do petróleo que adquire, grande parte a preços subsidiados, em virtude de um acordo de 2005. Ontem, Maduro anunciou a assinatura de uma aliança estratégica no campo energético entre a venezuelana PDVSA e a uruguaia Ancap para “ratificar a provisão permanente de petróleo e derivados” ao Uruguai.
Além do acordo em matéria petrolífera, os governantes assistiram à assinatura de outros convênios em matéria alimentícia para a exportação produtos uruguaios como leite e carne à Venezuela, e de transporte, para o apoio da empresas Urutransfor à modernização do metrô de Caracas. Também foi ratificada a decisão do Uruguai de aderir ao Sucre (Sistema Único de Compensação Regional), que foi criado pela Alba (Aliança Bolivariana dos Povos da América) para que os países-membros realizem intercâmbios comerciais.
Em Buenos Aires hoje, Nicolás Maduro se reúne com a presidenta Cristina Kirchner. Eles participam de uma homenagem à Pátria Grande, em alusão à unidade latino-americana. A cerimônia homenageará também o presidente venezuelano Hugo Chávez, que morreu em 5 de março em decorrência de complicações causadas por um câncer. “É tempo de ideias e projetos”, disse Maduro.