Para o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, a criação de uma nova aliança regional sem EUA e Canadá não ameaça a OEA (Organização dos Estados Americanos), que integra todos os países americanos, com exceção de Cuba e Honduras.
Na pauta da 2ª Cúpula da América Latina e Caribe, que reúne 23 chefes de Estado latino-americanos em Cancún hoje (22) e amanhã, está a criação de uma nova entidade, sem os dois países norte-americanos.
Shannon, que assumiu recentemente o comando da chancelaria dos EUA no país, concedeu entrevista coletiva hoje (22) na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). “Não vemos a reunião em Cancún com o intento de construir uma 'OEA do B’. A OEA é a OEA, uma organização muito importante para construir um espaço onde todos os países do hemisfério tenham voz política”, disse Shannon em sua primeira visita oficial a São Paulo como embaixador.
Para Shannon, o governo norte-americano avalia que a reunião em Cancún ocorre num momento positivo, de “muito diálogo e integração nas Américas”.
A 2ª Cúpula da América Latina e Caribe acontece simultaneamente com a 21ª Cúpula do Grupo do Rio. Foram convidados 33 chefes de Estado para participar da Cúpula. Entre aqueles que não irão, está o presidente de Honduras, Porfirio Lobo.
Além da criação de um novo bloco, da ajuda ao Haiti e da demanda da Argentina de formalizar uma queixa contra a atividade petrolífera britânica nas ilhas Malvinas, outro tema da agenda é a reintegração de Honduras à OEA. O país deixou de integrar o bloco por conta do golpe militar de Estado em junho de 2009.
Diplomacia
Apesar de o governo brasileiro ter confirmado que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, visitará o Brasil e outros países da América Latina na próxima semana, Shannon negou que já exista uma data definida.
“A secretária tem muito interesse em visitar o Brasil o mais rápido possível. Mas é o Departamento de Estado que tem que anunciar oficialmente, e isso ainda não ocorreu. Então eu não posso confirmar nesse momento a informação que já saiu na imprensa”, disse. “Estamos trabalhando com o Itamaraty para definir uma data”, completou.
Segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo junto a fontes do Ministério de Relações Exteriores e do Palácio do Planalto, Hillary deve chegar ao país entre domingo (28) e segunda-feira, e se encontrará com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, no dia 03 de março.
Comércio
A retaliação aos EUA por conta dos subsídios impostos ao algodão brasileiro foi um dos principais assuntos da reunião com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, informou Shannon. Segundo ele, os EUA estão dispostos a encontrar uma solução alternativa para resolver os impasses na relação comercial entre os dois países, evitando a retaliação.
No final de 2009, a OMC (Organização Mundial do Comércio) autorizou o Brasil a retaliar os EUA em até 830 milhões de dólares por conta de subsídios dados pelo governo norte-americano aos produtores de algodão. Os norte-americanos já intensificaram as articulações propondo compensações ao setor têxtil brasileiro.
Após a declaração do embaixador, Skaf disse que a Fiesp está trabalhando para “fazer a retaliação de forma criativa”, ou seja, sem sobretaxar produtos norte-americanos, o que seria prejudicial para a relação bilateral. “O Brasil está no seu direito e repito que devemos retaliar, mas fazendo algo que seja bom para os dois países, principalmente para o agronegócio brasileiro”, afirmou.
Ele mencionou que os setores empresariais envolvidos estão elaborando uma proposta de criação de um fundo com recursos dos EUA para apoiar o agronegócio brasileiro como forma de compensar o prejuízo já causado aos produtores brasileiros.
“O Brasil tem interesse em aumentar os negócios com os EUA, principalmente com o etanol, suco de laranja e carne. Podemos juntar os interesses totais e criar uma alternativa justa e boa para o agronegócio brasileiro”, disse.
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