Cúpula latino-americana aprova criação de nova organização sem EUA e Canadá
Cúpula latino-americana aprova criação de nova organização sem EUA e Canadá
Após dois dias de debates, foi aprovada hoje (23) a criação de um organismo representativo para as Américas sem a participação dos Estados Unidos e do Canadá. A decisão foi aclamada pelos presidentes reunidos na Cúpula América Latina e Caribe, em Cancún, no México.
O órgão deve integrar os 33 países da região e velará "pelo respeito aos direitos humanos, ao meio ambiente, pela cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável, a unidade e a integração, a paz e a segurança regional", disse o presidente do México, Felipe Calderón, anfitrião do evento.
Calderón disse também que o objetivo da entidade recém-criada é buscar um "melhor posicionamento da América Latina em acontecimentos de relevância internacional". Segundo ele, a criação foi feita em consenso, após “intenso debate”.
Por enquanto, a nova entidade nasce sem um nome definitivo. Fontes presentes na reunião disseram à agência de notícias espanhola Efe que vários já foram foram sugeridos. A nomenclatura provisória, “Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos”, foi proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o presidente mexicano, o organismo terá como princípios o "respeito ao direito internacional, à igualdade soberana dos estados e ao não-uso ou ameaça do uso da força", entre outros pontos.
A criação de um novo organismo sem a participação dos EUA e do Canadá era um dos objetivos do encontro, que acontece desde ontem no balneário mexicano e deve terminar hoje.
Os termos do novo organismo e a forma como se dará a eventual substituição do Grupo do Rio e da Cúpula América Latina e Caribe pelo novo bloco ainda não foram esclarecidos.
Posicionamentos
O presidente cubano Raúl Castro chamou a decisão de "histórica" e disse que, a próxima reunião do Grupo do Rio e da Cúpula América Latina e Caribe, marcada para Caracas em 2011, será propícia para concretizar o projeto. Raúl enfatizou que Cuba "trabalhará com dedicação" pela consolidação do novo bloco.
Na prática, Cuba está afastada da OEA (Organização dos Estados Americanos), desde 1962, apesar de a suspensão ter sido revogada no ano passado. Atualmente, a OEA integra todos os países americanos, com exceção de Honduras.
Já o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, considerou que a proposta para criar um novo órgão de integração que unifique a região "ainda não está madura" e requer "desenredar o emaranhado institucional" para impulsionar o início do funcionamento da instituição.
Segundo o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, "é muito importante" não tentar substituir a OEA.
Já para Lula, a criação do organismo representa fortalecimento e um grande trabalho de integração. "Não esperava chegar tão rapidamente à formação desta comunidade. Estou motivado, não há razão para sermos pessimistas”.
Liderança
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, assumiu hoje a secretaria temporária do Grupo do Rio e fez um apelo em favor da integração regional para enfrentar a globalização.
Ao discursar, Bachelet se disse "profundamente honrada" com a responsabilidade de ser a titular do grupo e se comprometeu a "trabalhar intensamente nas tarefas para reforçar os laços de amizade e solidariedade de nossos povos".
Entretanto, ela ficará menos de um mês à frente da entidade, já que no dia 11 de março passará o cargo a Piñera. Até agora, a secretaria temporária do Grupo do Rio estava a cargo de Felipe Calderón.
Elon Musk é processado por acionistas do Twitter
Ação nos EUA acusa bilionário de fazer postagens em redes sociais com objetivo de manipular o mercado
Acionistas do Twitter abriram um processo contra o empresário Elon Musk por manipulação de mercado, acusando o bilionário de agir para baixar o preço das ações da empresa de mídia social a fim de possivelmente negociar um desconto em sua oferta para comprar a companhia ou mesmo abandonar o negócio.
A ação, apresentada na quarta-feira (25/05), alega que o fundador das empresas Tesla e SpaceX fez uma série de declarações públicas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo de compra do Twitter, o que vem provocando alvoroço na rede social há semanas.
O processo pede a um tribunal federal de São Francisco que apoie a validade do acordo de compra, no valor de 44 bilhões de dólares, e compense os acionistas por quaisquer danos.
O imbróglio
No fim de abril, o conselho de administração do Twitter aprovou a oferta pública de compra da empresa feita por Musk, que assumiria a companhia integralmente e fecharia seu capital. O Twitter é uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa, desde 2013.
O empresário, que é o homem mais rico do mundo, disse que pretendia pagar aos acionistas 54,20 dólares por ação – o equivalente a cerca de 44 bilhões de dólares.
Mas em 13 de maio, Musk anunciou que suspendeu temporariamente o acordo de compra, citando detalhes pendentes sobre a proporção de contas falsas na rede social.
"O acordo sobre o Twitter está temporariamente suspenso à espera de detalhes pendentes que respaldem o cálculo de que as contas spam/fake representam de fato menos de 5% dos usuários", escreveu o bilionário no próprio Twitter.
Após o anúncio, as ações da plataforma caíram mais de 17%, para 37,10 dólares, o nível mais baixo desde que Musk anunciou que pretendia comprar a rede social.

Dado Ruvic/REUTERS
Com preço das ações mais baixo, Musk poderia negociar um desconto em sua oferta para comprar a empresa ou mesmo abandonar o negócio
De acordo com o processo apresentado nesta semana, o tuíte de Musk dizendo que o negócio estava "temporariamente suspenso" ignora o fato de que não há nada no contrato de compra que permita que isso aconteça.
Além disso, Musk negociou a compra do Twitter no final de abril sem realizar a devida diligência esperada em tais meganegócios, afirma a ação, acrescentando que o contrato precisava apenas ser aprovado pelos acionistas e reguladores do Twitter e deveria ser fechado em 24 de outubro.
"Musk já sabia das contas falsas"
Sobre os motivos alegados por Musk para a suspensão, os acionistas argumentam que o bilionário estava ciente de que algumas contas do Twitter eram controladas por robôs, e não por pessoas reais, e até tuitou sobre isso antes de fazer sua oferta para comprar a empresa.
"Musk passou a fazer declarações, enviar tuítes e se envolver em condutas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo e reduzir substancialmente as ações do Twitter", diz a denúncia.
Segundo a ação, o objetivo do empresário era ganhar vantagem para adquirir o Twitter a um preço muito mais baixo, ou desistir do acordo sem sofrer nenhuma penalidade.
"A manipulação de mercado de Musk funcionou – o Twitter perdeu 8 bilhões de dólares em avaliação desde que a compra foi anunciada", afirma o texto.
As ações do Twitter na quinta-feira fecharam ligeiramente em alta a 39,52 dólares, em um sinal de dúvida dos investidores de que a compra será consumada ao valor de 54,20 dólares por ação que Musk originalmente ofereceu.
"O desrespeito de Musk pelas leis de valores mobiliários demonstra como alguém pode ostentar a lei e o código tributário para construir sua riqueza às custas dos outros americanos", afirma a ação.
O Twitter disse em documentos regulatórios que está comprometido em concluir a aquisição sem demora no preço e nos termos acordados. Musk ainda não se pronunciou.