Em coletiva de imprensa surpresa na Casa Branca nesta sexta-feira (19/07), o presidente Barack Obama falou sobre o assassinato do jovem Trayvon Martin e o julgamento do segurança voluntário acusado de matá-lo, George Zimmerman, que foi inocentado no último sábado (13).
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“Quando Trayvon Martin foi morto, eu disse que poderia ter sido meu filho. Um outro jeito de dizer isso é falar que Trayvon Martin poderia ser eu 35 anos atrás”, afirmou Obama, no início do discurso.
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O presidente norte-americano, ao contrário do que houve no último domingo (14), quando pediu que os cidadãos de seu país fizessem uma “reflexão tranquila” após Zimmerman ter sido inocentado, desta vez se incluiu na comunidade afro-americana e falou diretamente da questão racial do ocorrido.
Agência Efe
Barack Obama em discurso desta sexta-feira (19/07) na Casa Branca, sobre o caso Trayvon Martin
“Há muito poucos homens afro-americanos neste país que não passaram pela experiência de ser seguido enquanto faziam compras em uma loja de departamento. Inclusive eu”, disse. Ele também se referiu a experiências de mulheres que se agarram às suas bolsas quando um negro entra no elevador e pessoas que trancam seus carros quando um afrodescendente passa pela rua, o que, segundo Obama, aconteceu com ele e “acontece frequentemente”.
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Obama relembrou o histórico do que ele chamou de “disparidades raciais na aplicação de nossas leis criminais” e as estatísticas que mostram que meninos negros estão mais envolvidos com violência do que os brancos, tanto como vítimas quanto como agressores.
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“E tudo isso contribui, eu acho, para o senso de que, se um adolescente branco estivesse no mesmo cenário [da morte de Martin], do começo ao fim, tanto o desfecho quanto as consequências teriam sido diferentes”.
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Mas o ponto, segundo Obama, não é discutir o que se passou. “Como retirar algumas lições desse caso e seguir numa direção positiva? A longo prazo, como estimulamos e apoiamos nossos jovens negros?”, questionou. Ele citou a existência de diversos programas de apoio por todo o país e a possibilidade de se criarem mais.
“E sermos capazes de juntar líderes empresariais, clérigos, celebridades e atletas para descobrir como fazer um trabalho melhor ajudando jovens afro-americanos a sentir que são parte dessa sociedade – e que eles têm meios para alcançar o sucesso -. Acho que seria um resultado bastante bom tirado de uma situação trágica”, declarou o presidente.
Por fim, Obama falou da importância de haver um debate nacional sobre a questão racial, embora tenha ressaltado que isso não foi “particularmente produtivo quando políticos tentaram organizar as conversas”, porque as pessoas continuam “presas nas posições que já tinham antes”.
Para ele, esses debates deveriam ser organizados “nas igrejas, nas famílias e nos locais de trabalho”, nos quais “as pessoas são um pouco mais honestas”. “Esse seria, eu acho, um exercício adequado na sequência desta tragédia”, disse.
O discurso de hoje foi o mais extenso sobre a questão racial feito por Obama desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2009.