Uma semana após ser detido em Miami e enquanto a Justiça argentina aguarda sua extradição, o ex-tenente argentino Roberto Guillermo Bravo foi solto hoje (2) após o juiz federal norte-americano Robert Dubé ter pagado uma fiança de 1,2 milhão de dólares, informou a agência de notícias AP.
Até ser pego pela polícia local, na última quinta-feira (25), Bravo era foragido nos Estados Unidos desde 1977 por ser acusado de violações de direitos humanos cometidas durante a última fase da ditadura na Argentina (1976-1983). Entre eles, está a autoria do Massacre de Trelew, no dia 22 de agosto de 1972, na Patagônia, sul da Argentina.
No episódio, 16 pessoas foram fuziladas na base militar Almirante Zar, na cidade de Trelew. As vítimas eram presos políticos capturados após uma tentativa de fuga. Dos 110 que tentaram escapar, apenas 6 conseguiram e 16 foram fuzilados ao serem capturados. Todos eram militantes das já extintas guerrilhas Montoneros, Exército Revolucionário do Povo e das Forças Armadas Revolucionárias.
Há dois anos, o juiz federal argentino Hugo Sastre, responsável pelo caso do massacre, solicitou aos EUA a prisão do ex-militar. Segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, um pedido de extradição foi enviado aos EUA na semana passada para que Bravo – o único dos cinco acusados no massacre que havia fugido – fosse julgado em seu país natal.
Roberto Guillermo Bravo, de 67 anos, está agora esperando uma audiência de extradição, que está agendada para o próximo dia 2 de abril.
Versões diferentes
Apesar de ser considerado pela Justiça argentina como foragido, ele é naturalizado como cidadão norte-americano e dono da empresa de serviços médicos RGB Group, que tem contratos com várias agências governamentais dos EUA, como o Departamento de Defesa e da Administração Penitenciária Federal.
Em 2008, após a ordem de prisão, uma reportagem do jornal argentino Página12 mostrava que Bravo presidia a RGB e circulava pela cidade sem problemas.
Na época, o governo do general Augustín Lanusse argumentou que os presos políticos tinham sido mortos durante uma tentativa de fuga. O julgamento de Bravo e dos demais acusados no massacre seria possível graças a testemunho dos sobreviventes María Antonia Berger, Alberto Camps e René Haidar.
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