A Irmandade Muçulmana convocou nesta quinta-feira (15/08) novos protestos contra o governo interino do Egito, um dia após o massacre durante a retirada de dois acampamentos da entidade no Cairo. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 525 pessoas morreram e outras 3.717 ficaram feridas, mas o número de vítimas não para de aumentar.
Efe
Familiares velam vítimas da onda de violência no Egito em mesquita no Cairo. Irmande prometeu protestos contra atual governo
A convocação de novos protestos foi feita através de um comunicado, em que a Irmandade pede a seus seguidores que se concentrem na mesquita de Al Iman, na capital. Não há informações de atos convocados para outras cidades egípcias, onde também ocorreram confrontos violentos. Os cristãos foram os principais alvos da ira dos islamitas no interior do Egito, onde pelo menos quatro igrejas coptas foram atacadas. Em encontro com o papa copta, Tawadros 2º, o primeiro-ministro Hazem al Beblawi condenou a destruição dos templos.
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Segundo a BBC, a noite passada foi mais calma nas ruas do Cairo, enquanto a Reuters noticiou que o trânsito começou a circular normalmente pela manhã. Na ofensiva de ontem, houve confrontos violentos em diversas partes do Egito, em especial na capital, onde foram desalojadas as duas ocupações feitas pelos islamitas desde 3 de julho, quando o presidente Mohamed Mursi foi deposto após uma ação militar.
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A Irmandade Muçulmana considera que foi vítima de um golpe de Estado e se recusa a aceitar as exigências do governo interino, que é comandado por Adly Mansour e apoiado pelos militares. Desde a deposição, Mursi é mantido em uma instalação militar desconhecida, sem poder se comunicar com aliados e familiares.
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Efe (14/08/2013)
Homem chora ao lado dos corpos de manifestantes pró-Mursi atingidos pelas forças de segurança egípcias, no Cairro
O vice-presidente Mohamed ElBaradei, renunciou ontem e disse que sua consciência estava perturbada com a perda de vidas, principalmente pelas mortes poderiam ter sido evitadas. Já o primeiro-ministro egípcio, Hazem Beblawi, afirmou que a polícia agiu com “toda moderação” durante a dispersão dos apoiadores de Mursi. Em pronunciamento transmitido pela televisão, Beblawi agradeceu à polícia pela atuação. Ao justificar a ação, o premiê considerou que “nenhum Estado que se respeite teria conseguido tolerar” a ocupação das praças durante um mês e meio.
Comunidade internacional
O Brasil e representantes de vários países condenaram a violência no Egito. Para algumas autoridades, a forma como as forças policiais combateram os protestos é considerada massacre. O presidente da França, François Hollande, pediu o fim imediato do estado de emergência, em reunião com o embaixador egípcio em Paris. Para o mandatário, todos os esforços devem ser feitos para evitar uma guerra civil.
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A Alemanha também chamou o embaixador egípcio para receber uma reclamação formal do ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle. Já a Turquia, uma das primeiras a condenar o massacre, pediu que a crise política no Egito seja avaliada pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Para o chefe de governo Recep Tayyip Erdogan, os confrontos violentos egípcios são um desafio para a democracia no Ocidente.
A China também manifestou sua preocupação. No Vaticano, o papa Francisco disse que reza pelas vítimas da violência nas ruas egípcias e também pediu aos fiéis da Igreja Católica suas orações para que a paz e o diálogo sejam retomados.