Hillary não consegue aproximar EUA da América do Sul, dizem especialistas
Hillary não consegue aproximar EUA da América do Sul, dizem especialistas
O giro de Hillary Clinton pela América do Sul não aproximou os Estados Unidos da região nem teve êxito em um de seus principais objetivos: conquistar apoio brasileiro para pressionar o Irã a parar seu programa nuclear. A avaliação é de especialistas na política externa de Washington para a América Latina. Segundo eles, o fracasso da viagem da secretária de Estado é a dificuldade para romper com a tendência da diplomacia pré-Barack Obama e a demora para cumprir promessas feitas em janeiro de 2009, quando o presidente tomou posse.
Antes de chegar ao Brasil, Hillary esteve no Uruguai, onde participou da posse do presidente José “Pepe” Mujica, no Chile, onde se comprometeu a cooperar com a reconstrução do país após o terremoto, e na Argentina, onde se ofereceu para facilitar o diálogo com o Reino Unido sobre exploração do petróleo na região das Malvinas.
Mas não conseguiu estreitar os laços com a região, na avaliação do professor Larry Birns, diretor do Conselho de Assuntos Hemisféricos (Coha, na sigla em inglês). “Hillary teve dificuldade para estar a par da realidade latino-americana, embora a administração Obama tenha feito um esforço de aproximação”, disse ao Opera Mundi, por telefone, de Washington.
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Para ele e para o diretor do Centro de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Matias Spektor, isso se deve ao fato de o governo de George W. Bush (2001-2009) ter se focado principalmente em Afeganistão e Iraque, principalmente após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
“Na última década, com a intervenção no Afeganistão e a guerra no Iraque, os EUA se distraíram das relações com as Américas. Ao assumir, Obama viu uma oportunidade de pluralizar as relações, fez uma série de promessas em relação a Cuba, a Guantánamo, a melhorar a relação com a Venezuela, mas não conseguiu cumprir. E em grande parte das vezes foi por falta de aprovação dentro do governo”, explicou Birns.
Um exemplo de divergência interna mencionado pelo professor do Coha foi quando Obama enfrentou a oposição de parlamentares governistas que não concordaram em impor sanções a Honduras, após o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, em junho do ano passado.
Os especialistas avaliam que o fato de o Brasil ter assumido uma postura de liderança entre os países vizinhos contribui para a região não tentar “seguir de modo irrestrito o discurso de Hillary”.
“A influência dos EUA na região está diminuindo [por conta da demora ao honrar as promessas], ao mesmo tempo em que a política externa brasileira está se fortalecendo. Nada pode parar a influência do Brasil”, disse Birns.
Irã
Os dois concordam que o objetivo da visita da secretária, principalmente no Brasil, é conseguir apoio para punir o Irã por conta do programa nuclear.
“Ela foi incisiva e deixou as coisas claras durante o encontro com [o presidente] Lula e [o ministro] Celso Amorim, porém, não foi bem sucedida”, afirmou Birns.
“Os obstáculos aos esforços dos Estados Unidos para reforçar as sanções da ONU contra o Irã eram nítidos nas reuniões em Brasília”, declarou Spektor.
Os EUA insistem que o programa nuclear do Irã não tem fins pacíficos e exigem a aplicação de sanções. Antes do encontro com a secretária, o presidente Lula havia deixado claro que não colocaria o Irã “contra a parede” e que seu objetivo era tentar estabilizar as negociações.
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Elon Musk é processado por acionistas do Twitter
Ação nos EUA acusa bilionário de fazer postagens em redes sociais com objetivo de manipular o mercado
Acionistas do Twitter abriram um processo contra o empresário Elon Musk por manipulação de mercado, acusando o bilionário de agir para baixar o preço das ações da empresa de mídia social a fim de possivelmente negociar um desconto em sua oferta para comprar a companhia ou mesmo abandonar o negócio.
A ação, apresentada na quarta-feira (25/05), alega que o fundador das empresas Tesla e SpaceX fez uma série de declarações públicas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo de compra do Twitter, o que vem provocando alvoroço na rede social há semanas.
O processo pede a um tribunal federal de São Francisco que apoie a validade do acordo de compra, no valor de 44 bilhões de dólares, e compense os acionistas por quaisquer danos.
O imbróglio
No fim de abril, o conselho de administração do Twitter aprovou a oferta pública de compra da empresa feita por Musk, que assumiria a companhia integralmente e fecharia seu capital. O Twitter é uma empresa aberta, com ações negociadas em bolsa, desde 2013.
O empresário, que é o homem mais rico do mundo, disse que pretendia pagar aos acionistas 54,20 dólares por ação – o equivalente a cerca de 44 bilhões de dólares.
Mas em 13 de maio, Musk anunciou que suspendeu temporariamente o acordo de compra, citando detalhes pendentes sobre a proporção de contas falsas na rede social.
"O acordo sobre o Twitter está temporariamente suspenso à espera de detalhes pendentes que respaldem o cálculo de que as contas spam/fake representam de fato menos de 5% dos usuários", escreveu o bilionário no próprio Twitter.
Após o anúncio, as ações da plataforma caíram mais de 17%, para 37,10 dólares, o nível mais baixo desde que Musk anunciou que pretendia comprar a rede social.

Dado Ruvic/REUTERS
Com preço das ações mais baixo, Musk poderia negociar um desconto em sua oferta para comprar a empresa ou mesmo abandonar o negócio
De acordo com o processo apresentado nesta semana, o tuíte de Musk dizendo que o negócio estava "temporariamente suspenso" ignora o fato de que não há nada no contrato de compra que permita que isso aconteça.
Além disso, Musk negociou a compra do Twitter no final de abril sem realizar a devida diligência esperada em tais meganegócios, afirma a ação, acrescentando que o contrato precisava apenas ser aprovado pelos acionistas e reguladores do Twitter e deveria ser fechado em 24 de outubro.
"Musk já sabia das contas falsas"
Sobre os motivos alegados por Musk para a suspensão, os acionistas argumentam que o bilionário estava ciente de que algumas contas do Twitter eram controladas por robôs, e não por pessoas reais, e até tuitou sobre isso antes de fazer sua oferta para comprar a empresa.
"Musk passou a fazer declarações, enviar tuítes e se envolver em condutas destinadas a criar dúvidas sobre o acordo e reduzir substancialmente as ações do Twitter", diz a denúncia.
Segundo a ação, o objetivo do empresário era ganhar vantagem para adquirir o Twitter a um preço muito mais baixo, ou desistir do acordo sem sofrer nenhuma penalidade.
"A manipulação de mercado de Musk funcionou – o Twitter perdeu 8 bilhões de dólares em avaliação desde que a compra foi anunciada", afirma o texto.
As ações do Twitter na quinta-feira fecharam ligeiramente em alta a 39,52 dólares, em um sinal de dúvida dos investidores de que a compra será consumada ao valor de 54,20 dólares por ação que Musk originalmente ofereceu.
"O desrespeito de Musk pelas leis de valores mobiliários demonstra como alguém pode ostentar a lei e o código tributário para construir sua riqueza às custas dos outros americanos", afirma a ação.
O Twitter disse em documentos regulatórios que está comprometido em concluir a aquisição sem demora no preço e nos termos acordados. Musk ainda não se pronunciou.