A China já compra mais petróleo cru da Arábia Saudita do que os Estados Unidos. As exportações sauditas aos EUA caíram abaixo de 1 milhão de barris por dia pela primeira vez em 20 anos, enquanto as vendas para a China excederam este nível. “Isso era previsível, e a diferença deverá se tornar ainda maior no futuro”, explica ao Opera Mundi Thomas Chaize, analista independente especializado em energia e mineração.
O consumo de petróleo da China ainda é apenas metade do norte-americano, mas enquanto a demanda por petróleo nos EUA alcançou seu nível máximo, as necessidades da China estão crescendo em ritmo acelerado. Pequim se tornou um importador de petróleo em 1993, e suas importações chegaram a 204 milhões de toneladas no último ano, um crescimento de 13,9% comparado ao ano anterior. O país depende muito de três fontes: Arábia Saudita, Angola e Irã, que fornecem 47,7% do total de importações da China. Somente a Arábia Saudita responde por mais de 20% delas.
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A China está desenvolvendo uma estratégia global para assegurar o fornecimento de petróleo e a Arábia Saudita tem sido um alvo. Desde 2004, a Sinopec, principal companhia chinesa do ramo, tem explorado petróleo na Arábia Saudita com a Aramco, empresa estatal local. A Aramco também tem participação em uma refinaria na China, e atualmente está negociando uma participação em outra grande planta.
Para a Arábia Saudita, as relações econômicas com a China são importantes para garantir as exportações de petróleo. “A Arábia Saudita e outros grandes produtores de petróleo estão buscando a segurança da demanda”, analisa Erica Downs, especialista em energia chinesa do Brookings Institution, em Washington. “A China é possivelmente o país que melhor oferece esta segurança porque provavelmente será o país com a maior parcela de crescimento da demanda nos próximos 20 anos”.
Decisões políticas
Mas a questão da demanda por petróleo tem também consequências políticas e reflete decisões políticas. Os EUA querem diversificar as zonas de importações, para evitar depender muito da política instável do Oriente Médio. A Arábia Saudita está tentando “diversificar suas grandes relações de poder além dos EUA”, segundo Erica Downs. E a China, para garantir o fornecimento do petróleo, já está pronta para negociar com qualquer país produtor. “Você pode ter uma lista de todos os países do mundo. Se a China não compra petróleo dele, então é porque não há petróleo lá”, comenta Thomas Chaize.
O ano de 2009 foi de investimento maciço da China em petróleo no mundo inteiro, em um momento em que a maioria dos países ocidentais estavam lutando contra a recessão. Para Thomas Chaize, este é um sinal de um movimento mais amplo. “Este é um momento crucial. Essa mudança no consumo do petróleo é também um sinal de mudança geopolítica e econômica”.
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