Atualizado às 14h45
O presidente da Barilla, famosa marca italiana de massas, declarou na noite desta quarta-feira (25/09) que nunca usará casais homossexuais em sua publicidade. A polêmica declaração repercutiu imediatamente em redes sociais e em grupos pelos direitos LGBT europeus, que se mobilizam para pedir um boicote à empresa.
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Em entrevista ao programa Zanzara, da emissora italiana Rádio 24, Guido Barilla afirmou que relacionar casais gays à marca violaria o conceito que a empresa tem sobre “família”, mesmo que ele, pessoalmente, seja a favor do casamento entre homossexuais. “Sou a favor da família tradicional. Não realizarei nunca uma propaganda nossa com um casal gay (…) O conceito de família permanece como um dos valores fundamentais de nossa companhia”, afirmou.
“Todo mundo tem o direito de fazer o que quiser desde que não atrapalhe as pessoas do lado delas”, acrescentou, ao defender o direito ao casamento gay. Mas, em seguida, passou a atacar o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos: “O que não estou absolutamente de acordo é a respeito da adoção por famílias gays, porque isso diz respeito a uma pessoa que não teve o direito de escolher”, afirmou.
Reprodução/Twitter
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Guido não parece se mostrar preocupado em perder parte de sua clientela em razão de sua declaração: “Posso não agradar, mas se gostam de nossos produtos e de nossa comunicação, eles continuarão a nos consumir. Se não gostarem do que dissemos, que comam massas de outras marcas. Não dá pra agradar a todos” afirmou.
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Reprodução/Twitter
Retratação de Guido Barilla no Twitter
Resposta
Pela manhã, a empresa postou uma retratação sobre as declarações através de sua conta no microblog Twitter. “Me desculpo profundamente por haver ferido a sensibilidade de tantos. Meu mais profundo respeito a todas as pessoas, sem distinção. Guido Barilla”.
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“Na entrevista, eu queria apenas colocar em evidência o papel central da mulher na família (…) Tenho o maior respeito por todas as pessoas, sem distinção. Tenho muito respeito pelos gays e pela liberdade de expressão de cada um. E disse que respeito o casamento entre gays”, explicou em seguida o empresário.
Repercussão
As explicações de Guido vieram após uma enxurrada de críticas e pedidos de boicote contra a marca que se espalharam, principalmente pelo Twitter, pelo hashtag #boicottabarilla, ganhando versões em inglês e francês.
A página do Facebook da empresa foi alvo de ataques, alguns mais espirituosos, com internautas postando comentários de “adeus” à marca ao lado de emoticons em forma de fezes.
O militante pelos direitos LGBT Alessandro Zan, deputado pelo partido SEL (Esquerda, Ecologia e Liberdade), afirmou que este “é mais um exemplo da homofobia à italiana. Estou aderindo o boicote à Barilla e espero que outros parlamentares façam o mesmo”.
A marca é líder no mercado de massas na Itália, dominando quase 50% do mercado, e também abocanha cerca de um quarto do setor nos Estados Unidos.
No entanto, uma página foi criada no Facebook em apoio ao empresário. Em “Solidariedade e estima a Guido Barilla”, a página alega estar “em defesa de um empreendedor que foi publicamente atacado e deegrido apenas por ter expresso sua opinião pessoal”.