Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Política e Economia

Melhora econômica igual à da Rússia tornaria Putin "deus nos EUA e no Brasil”, diz professor

Encaminhar Enviar por e-mail

Segundo Angelo Segrillo, da Universidade de São Paulo, russos vieram de período muito forte de estagnação com Iéltsin

Marina Castro

2013-10-09T23:19:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

A economia foi a chave da popularidade de Vladimir Putin à época de sua primeira eleição para presidente da Rússia e ainda é hoje, segundo o professor Angelo Segrillo, da USP (Universidade de São Paulo). De acordo com ele, "Putin se tornou um deus" para os russos por causa da melhora econômica alcançada e "se tornaria um deus nos EUA e no Brasil, tranquilamente".

Participando nesta quarta-feira (09/10) da mesa de debates "Da URSS à Rússia de Putin" na FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP), parte do Simpósio Internacional "Um Mundo em Convulsão", Segrillo ressaltou o caos econômico que a Rússia viveu na década de 1990, sob o comando de Boris Iéltsin. "Com exceção de 1997, todos os anos até 1998 foram de crescimento negativo. Para se ter uma ideia, a queda do PIB russo na década de 1990 foi maior que a dos EUA na Grande Depressão, em 1930", afirmou.

Quando Putin foi eleito primeiro-ministro, em 1999, a economia voltou a crescer e os salários atrasados de diversos trabalhadores foram pagos. "Claro que muitos intelectuais sabem que Putin teve sorte, porque o preço do petróleo disparou em 1998 e 1999. Mas ele resolveu o problema dos salários em um ano. Putin virou um deus. Teria virado um deus nos EUA e no Brasil, tranquilamente", disse Segrillo.

Aspecto político

Segrillo destacou também a diferença entre a conjuntura política da Rússia no governo de Iéltsin, mais liberal e descentralizado, e no de Putin, "beirando o autoritarismo, para alguns". Segundo ele, essa “recentralização” do poder, suposto aspecto negativo da administração do atual presidente, também poderia ser um fator a fortalecê-lo para parte da população russa.

Agência Efe

Governo de Putin pegou momento de bonança econômica - e isso o deu popularidade, diz professor 

"Historicamente, os russos tiveram uma experiência diferente do Ocidente em relação ao liberalismo", afirmou o professor. "Entre os séculos 13 e 15, quando o sistema era descentralizado, a Rússia foi dominada pelos mongóis. A partir do século 16, com o Estado moscovita centralizado, o país se tornou forte e conquistador". O "Estado forte" seria associado, entre os russos, ao momento de florescimento da sociedade.

“Putin entrou no poder representando o defensor do Estado forte. Ao contrário da época de Iéltsin, em que a Chechênia chegou a declarar independência, a Rússia se recuperou com esse Estado forte", afirmou Segrillo. De acordo com ele, a centralização é um dos fatores que impulsiona a popularidade de Putin entre diversas camadas da sociedade russa. "A experiência dos anos 1990 retratou a fragilidade do Estado descentralizado. A Rússia fraca é atípica para seu povo", explicou.

Restauração do capitalismo

O professor de História Henrique Canary, por sua vez, defendeu em sua fala a ideia de que os governos liberais capitalistas criaram o senso comum de que as massas russas, em 1991, foram às ruas para derrubar o socialismo, mas "a responsável pelo crime histórico de restauração do capitalismo na Rússia foi a burocracia soviética". De acordo com ele, o capitalismo voltou a vigorar no país, depois da Revolução Bolchevique de 1917, a partir de 1986, com a perestroika, introduzida por Mikhail Gorbachev.

Wikimedia Commons

"A perestroika foi o plano que, por si só, restaurou o capitalismo ainda em 1986", afirmou Canary. De acordo com ele, o que causou a revolta da população que saiu às ruas em 1991 não foi o sistema socialista, mas sim as consequências do plano de Gorbachev, que "derrubou os pilares do Estado soviético". "É verdade que muitos achavam que estavam derrubando o socialismo, mas derrubaram uma sociedade já capitalista", disse.

[Iéltsin assumiu Rússia após o fim da União Soviética]

"Durante muito tempo, a esquerda acreditou que a restauração do capitalismo pela burocracia era impossível, mas isso não é verdade", argumentou. "Depois da perestroika, a restauração foi inevitável. Não se pode inocentar a burocracia soviética do crime histórico que ela cometeu".

Democracia

Último a falar, o professor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS, na sigla em francês) Yves Cohen destacou a dificuldade de definir se a Rússia atual é uma democracia ou não. "A Constituição é democrática, mas as medidas do presidente são totalmente antidemocráticas", afirmou.

Segundo ele, Putin conseguiu ser reeleito porque tinha "uma mão forte", mas hoje o povo tenta "retomar as ruas". Cohen lembrou que a Rússia também foi afetada pelos movimentos sociais iniciados na Tunísia em 2010, quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o autoritarismo do governo, dizendo que, "hoje, os russos tentam encontrar a força das ruas com muita dificuldade. As formas que o poder aceita são muito limitadas". Como exemplo, ele citou os piquetes, que devem ser permitidos e comandados pela polícia.

"Manifestações de cidadãos são muitas. Inúmeras delas são pequenas, mas são muitas", disse. Entretanto, Cohen ressaltou que a possibilidade de mobilizações não torna a Rússia um país necessariamente democrático. "Ainda é democracia ou não? Difícil de responder, porque a democracia demanda um longo processo para se instalar, através de muitas dificuldades políticas", concluiu.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Política e Economia

Organizações da Sociedade Civil tiveram direitos violados no governo Bolsonaro, diz associação

Encaminhar Enviar por e-mail

Pesquisa feita com 135 organizações sociais de todas as regiões do país foi apresentada no Fórum Político de Alto Nível da ONU

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-07-05T21:50:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

A Associação Brasileira de ONGs afirmou, por meio de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (05/07) no Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) foram submetidas a violações sistemáticas de direitos pelo Estado brasileiro no período entre 2019 e 2021.

O estudo, intitulado Criminalização Burocrática, foi feito a partir do levantamento do perfil de 135 organizações sociais de todas as regiões do Brasil, combinando abordagens qualitativa e quantitativa, incluindo ainda grupos focais e entrevistas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Para conferir o relatório completo, clique aqui. 

“Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, o que se observa é um aumento de desconfiança sobre o campo da sociedade civil organizada. Há uma escalada nas tentativas de criminalização das OSCs, com projetos de lei e outras medidas legais destinadas ao controle e restrição do espaço de atuação dessas organizações”, apontam os pesquisadores da pesquisa. 

Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo que “visam dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos e, de forma geral, inviabilizar o trabalho das entidades”. 

Flickr
Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo

“As informações também apontam que as OSCs têm sofrido, com o governo federal como agente, crimes de calúnia, difamação ou injúria, todos previstos no Código Penal”, diz a associação.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados