A Arábia Saudita rejeitou nesta sexta-feira (18/10) assento como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o qual havia sido indicada no dia anterior junto a Chade, Chile, Nigéria e Lituânia. É a primeira vez que um país se recusa a participar do órgão, composto por 15 assentos, dos quais apenas cinco são permanentes e pertencem aos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
Citando as falhas do conselho em resolver a disputa entre Israel e Palestina, a guerra na Síria e a proliferação de armas nucleares na região, o governo saudita disse que o órgão mais perpetuou conflitos do que ajudou em sua solução. Era a primeira vez em que a Arábia Saudita era convidada a ocupar o posto.
“Nos abstemos de assumir o posto no Conselho de Segurança da ONU até que este seja reformado e possa, efetivamente, desenvolver suas funções e exercer suas responsabilidade em manter a segurança e a paz internacional”, diz o comunicado do Ministério de Relações Exteriores de Riad. “O reino acredita que o mecanismo e o método de trabalho além do padrão duplo adotado impede o conselho de arcar com suas responsabilidades”, acrescenta o texto.
Um dos principais aliados da oposição síria, as autoridades sauditas estão bastante insatisfeitas com a política desenvolvida no conselho para o país árabe, sobretudo no que diz respeito à China e a Rússia, que dão apoio ao governo de Bashar al Assad. Riad também se decepcionou com a decisão dos EUA de renunciar a um ataque na Síria em troca da destruição das armas químicas de Damasco.
NULL
NULL
“Permitir que o regime em poder na Síria mate a seu povo e o queime com armas químicas perante todo o mundo sem sanções dissuasivas é uma prova clara da incapacidade do Conselho de Segurança”, acrescenta a nota do Ministério das Relações Exteriores.
Também a recente rodada de negociações entre o governo norte-americano, um de seus maiores aliados, e o Irã, um de seus principais inimigos no Oriente Médio, pode estar por trás da decisão do governo saudita.
Jornais internacionais informaram que, no início desse mês, o chanceler saudita já havia cancelado um discurso na Assembleia Geral da ONU por uma suposta frustação com a inação da comunidade internacional em relação à questão síria e palestina.
A indicação da Arábia Saudita para o Conselho de Segurança da ONU desagradou ativistas que apontam para o desrespeito dos direitos humanos no país. Além de grande repressão às mulheres, o governo saudita apoiou ditaduras vizinhas, ameaçadas ou derrubadas pelas revoltas árabes, e reprime, com muita força, protestos e organizações nacionais. Nesta sexta-feira, foi divulgado que o país pretende fechar acordo bilionário com os EUA para a compra de novas armas.