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Política e Economia

Marcada por conflito com minorias, Rússia tem região que reúne pacificamente etnias e religiões

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Bashkiria é, etnicamente, muito heterogênea: 36,1% da população é formada por russos, 29,5%, por bashkirs, e 25,4%, por tatars

Sandro Fernandes

2013-10-26T08:00:00.000Z

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Coloque no mesmo território diferentes etnias, culturas e religiões. A fórmula - tantas vezes explosiva – resultou harmônica em uma das regiões da Rússia, país com histórico de conflitos com imigrantes e minorias. No Bascortostão (comumente chamada Bashkiria), que fica a cerca de 1.500 km a leste de Moscou, entre o rio Volga e os montes Urais, a multiculturalidade e as diferentes crenças são motivo de orgulho entre os residentes.

Sandro Fernandes/Opera Mundi

Mesquita em Ufa; região da Bashkiria concentra diferentes etnias e religiões, sem conflitos

“Eu sou russo [étnico] e frequento a Igreja Ortodoxa Russa, mas minha vizinha é muçulmana. Nunca penso nisso quando falo com ela. Nunca. Eu não entendo quando falam da boa convivência que temos aqui [na Bashkiria], porque eu não consigo imaginar o contrário. Não gostar da minha vizinha só por causa da crença pessoal dela?”, pergunta um taxista da cidade de Ufa (lê-se “ufá”), capital da região. “E a comida que eles (muçulmanos) fazem todos os dias à noite, durante o Ramadã, é uma delícia. Sempre me convidam. Seria burrice perder por qualquer razão”, brinca o taxista.

A Bashkiria é uma das entidades federativas russas e, etnicamente, muito heterogênea: 36,1% da população é formada por russos (étnicos), 29,5%, por bashkirs, 25,4%, por tatars, além de outras três minorias representativas (chuvash, mari e ucraniana). Os bashkirs e tatars são majoritariamente muçulmanos sunitas - denominação que corresponde a 30% da população da região. Já os russos, chuvash e ucranianos se identificam com a Igreja Ortodoxa Russa, compondo 25,2% da população. Se a confusão entre etnias e religiões não fosse suficiente, há ainda cristãos, pagãos, tengriistas e até mesmo uma pequena (porém, cada vez maior) comunidade judaica.

Em todo o país, 41% dos russos se declaram ortodoxos e 6,5%, muçulmanos. As outras denominações religiosas consideradas “importantes na história russa” não chegam a 1% de fiéis. Além disso, 25% se consideram espirituais (sem religião) e 13%, ateus.

“A gente cresce aqui na Bashkiria com tanta diferença cultural que acabamos não vendo o outro, o diferente como uma ameaça. Pelas feições e pelas roupas, a gente consegue identificar de que grupo esta ou aquela pessoa pertence, mas isso não nos colocou em guetos”, explica o jovem universitário Misha Rybakov. “A minha namorada é muçulmana e isso nunca foi um problema para nós. Quando tivermos filhos, eles vão aprender valores gerais, a ser pessoas boas. A religião, bem, eles vão escolher quando crescerem”.

O padre ortodoxo Stanislav Dimitrievich faz eco à boa convivência na região. “Temos no mesmo território o Islã, o Judaísmo, a Igreja Ortodoxa Russa e outras religiões. A nossa região serve de exemplo de como as religiões, sem exceção, podem viver lado a lado, em paz e em harmonia”.


Localização do Bascortostão na Rússia -  Exibir mapa ampliado

Para o rabino-chefe de Ufa, Dan Krichevsky, as disputas entre as religões, tanto na Rússia como em outros lugares, são questões políticas, de propaganda e de dinheiro. “Somos uma mesma família. Temos mais coisas em comum do que diferenças. O verdadeiro judeu, cristão, muçulmano, budista... é aquele que acredita que é possível chegar a um acordo. Onde está escrito que deus quer conflitos?”, questiona o líder da comunidade judaica da Bashkiria.

Centro judaico

Em 2008, foi inaugurado em Ufa o maio centro judaico da Rússia, com uma sinagoga, um jardim-de-infância, uma escola dominical e um museu dedicado às vítimas do holocausto. A cerimônia de abertura contou com a presença de lideranças políticas e religiosas, incluindo o mufti supremo Tajuddin Talgat Safa, presidente da Administração Central Espiritual dos Muçulmanos da Rússia. Para o rabino-chefe da Rússia, Berl Lazar, “ninguém poderia imaginar há 20 anos que uma sinagoga tão grande seria construída em Ufa, predominantemente muçulmana”.

Em entrevista a jornalistas na capital da Bashkiria, Safa citou a importância de que haja liberdade de culto, independentemente da religião. “O nosso país está passando por um reavivamento religioso e moral. Estão sendo construídas igrejas e mesquitas e as pessoas de outras religiões também têm que poder construir seus templos”, explicou. Ele recebeu a Ordem de Honra e a Ordem de Amizade na Rússia por sua “contribuição para o fortalecimento da amizade e cooperação entre os povos”. Em 2008, recebeu a Ordem do Santo Príncipe Danilo Moskovsky, concedito pela Igreja Ortodoxa Russa “aos que colaboram pela paz e harmonia inter-religiosa”.

Reavivamento da fé ou uso político da religião?

A aproximação entre o Kremlin e a Igreja Ortodoxa Russa, orquestrada na última década pelo presidente Vladimir Putin, parece assentar cada vez mais suas bases em um avanço da religiosidade popular. Este reavivamento da religião na Rússia se apresenta fundamentado em um discurso que associa a identidade russa à religião ortodoxa, em uma clara guinada conservadora do poder central do país.

Sandro Fernandes/Opera Mundi

Sinagoga em Ufa; comunidade judaica tem crescido na região

Em setembro deste ano, durante os encontros para discutir a identidade russa, Putin afirmou que a Rússia não pode avançar sem uma autodeterminação cultural e nacional. Caso contrário, “o país não poderá responder aos desafios internos e externos, não terá êxito na competição global”.

Putin disse que a Rússia deve evitar o exemplo de países europeus que, segundo ele, estão se afastando das suas raízes, incluindo os valores cristãos. “As pessoas de muitos países na Europa estão envergonhados e têm medo de falar sobre suas convicções religiosas. Feriados religiosos estão sendo eliminados ou recebendo outro nome”.

Em 2010, o governo de Moscou lançou, junto com a Igreja Ortodoxa Russa, o “Programa 200 Templos”, que prevê a construção de duas centenas de igrejas em todos os bairros da capital da Rússia, com exceção do centro. Estima-se que o custo de cada templo seja de aproximadamente 250 milhões de rublos (R$ 17 milhões). A crescente comunidade muçulmana em Moscou, que já chega a 2 milhões de pessoas, ganhará apenas uma nova mesquita.

Apesar da aproximação com a Igreja Ortodoxa Russa, a Constituição do país diz que “a Federação Russa é um estado secular (laico)” e “nenhuma religião obrigatória ou de Estado deve ser estabelecida”. O documento diz ainda que as “associações religiosas devem estar separadas do Estado e devem ser iguais perante a lei”. Uma lei de 1997, no entanto, nomeou o cristianismo, o islamismo, o budismo e o judaísmo como “importantes na história russa”, e uma lei do mesmo ano coloca o cristianismo ortodoxo como parte da “herança russa”.

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Saúde

OMS alerta para transmissão da varíola dos macacos de humanos para animais

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Ciência registra primeiro caso de infecção de homem para cachorro, soando alerta da organização internacional

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T19:55:00.000Z

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alerta nesta quarta-feira (17/08) para que os infectados com varíola dos macacos evitem expor animais ao vírus, após o relato do primeiro caso de transmissão de humanos para um cachorro.

O caso envolvendo dois homens e um cão da raça galgo italiano, que vivem juntos na mesma residência, foi registrado em Paris, na França, e descrito na revista médica The Lancet.

"Este é o primeiro registro de transmissão de humano para animal [...] e acreditamos que seja o primeiro exemplo de um canino sendo infectado", afirmou Rosamund Lewis, diretora técnica da OMS para varíola dos macacos.

Segundo a diretora, especialistas já estavam cientes do risco teórico da possibilidade desse tipo de transmissão, e agências públicas de saúde já haviam lançado apelos para que infectados isolassem seus pets.

Além disso, diz Lewis, o manejo adequado do lixo é fundamental para diminuir o risco de contaminação de roedores e outros animais externos. Segundo ela, é vital que as pessoas saibam como proteger seus animais de estimação, assim como manejar corretamente o lixo, "de maneira que os animais, em geral, não sejam expostos ao vírus".

Mutações

Quando os vírus conseguem "pular" a barreira das espécies, surgem preocupações de que possam passar por mutações em sentidos mais perigosos.

NIAID/AP/picture alliance
Cientistas temem que o vírus da varíola dos macacos, ao se transportar para espécies diferentes, possa sofrer mutações

Lewis ressaltou que, até o momento, não há registros de que isso esteja ocorrendo, mas reconheceu que "certamente, tão logo o vírus se transporte para um ambiente e uma população diferente, existe, obviamente, a possibilidade de que venha a se desenvolver e se desenvolver de maneira diferente".

Para ela, a preocupação maior gira em torno dos animais externos ao ambiente doméstico.

"A situação mais perigosa [...] seria aquela na qual o vírus consegue se movimentar em uma população de pequenos mamíferos com alta densidade de animais", afirmou o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Segundo ele, as infecções de um animal a vários outros poderiam gerar uma rápida evolução do vírus.

Ryan, entretanto, considera que não há grandes preocupações quanto aos animais domésticos. Ele minimizou a possibilidade de evolução do vírus em um único animal e disse que os pets não estão em risco.

Mais de 35 mil casos no mundo

A varíola dos macacos recebeu esse nome por ter sido inicialmente identificada em primatas utilizados em pesquisas científicas na Dinamarca, em 1958. No entanto, o vírus é encontrado em uma variedade de animais, com frequência maior nos roedores.

A doença foi detectada em humanos pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo, e se espalhou para outras nações na África Central e Ocidental.

Em maio, as infecções começaram a se espalhar com rapidez pelo mundo. Mais de 36 mil casos da varíola dos macacos já foram confirmados em 92 países desde o início do ano, com 12 mortes registradas, segundo dados da OMS. A entidade classificou a doença como uma emergência global de saúde.

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