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Política e Economia

Após intervenção a empresa, venezuelanos ficam horas em filas à espera de produtos mais baratos

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Milhares de pessoas se dirigiram a lojas da Daka, acusada de especular com preços de itens importados

Luciana Taddeo

2013-11-09T22:33:00.000Z

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Luciana Taddeo/Opera Mundi
Desde a noite desta sexta-feira (08 / 11), quando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou a “ocupação imediata” da rede de eletrodomésticos Daka, a maior do país, após o início de um operativo contra a especulação com os preços dos produtos, milhares de pessoas formaram filas em frente aos estabelecimentos comerciais da empresa, na expectativa de conseguir produtos a preço inferior aos que costumam encontrar no mercado.

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Sentada em um banquinho trazido de casa, no meio da fila em frente à loja da rede em Caracas, com um picolé na mão, a aposentada Maria Soto, de 70 anos, afirmou que antes era “impossível” adquirir itens eletrônicos devido aos altos preços. “Quero comprar uma TV, um ar-condicionado e um forninho”, disse a Opera Mundi, garantindo que se necessário esperaria mais algumas horas na fila. “Fizeram bem em intervir. Os empresários conseguem importar com o valor oficial do dólar e depois querem nos cobrar a preço paralelo, não pode ser”, queixou-se.

Segundo o governo venezuelano, a Daka teria colocado à venda itens com um sobrepreço de até 1200% em produtos importados. Os altos preços dos eletrodomésticos foram corroborados por alguns dos presentes na fila, que mostravam esperanças com a intervenção. Para o venezuelano Wilson Pinzón, de 37 anos, que enfrentou a longa espera para comprar um ar condicionado para sua loja de sapatos, a intervenção de empresas de produtos importados adquiridos com dólares ao valor oficial de 6,30 bolívares é uma medida que deveria ter sido tomada há tempos.

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“O governo devia ter feito essas intervenções há dois, três anos, para que já não tivéssemos este problema de especulação. Os empresários compram os equipamentos com dólares do Cadivi (Comissão de Administração de Divisas da Venezuela) e deveriam vender a este valor”, afirma. O comerciante Antonio Valero, de 35 anos, concorda que a medida deveria ter sido tomada há mais tempo. Segundo ele, a demora na fiscalização sobre a aplicação dos dólares adquiridos pelas empresas para a importação mostra que o governo “não tem mão dura suficiente”.

Neste sábado, o Indepabis (Instituto venezuelano para a Defesa das Pessoas no Acesso a Bens e Serviços), realizou novas inspeções a empresas. Durante o operativo, o organismo determinou que a empresa General Import, que distribui brinquedos, eletrodomésticos e produtos para o lar, realiza remarcação de preços em artigos disponíveis. Segundo o diretor da entidade, Eduardo Samán, um procedimento administrativo será iniciado para determinar a existência de “usura genérica” por parte da empresa.

 

Imgeve de manera voluntaria bajó hasta en un 50 por ciento el precio de los electrodomésticos pic.twitter.com/Z2DlpfziFZ

— INDEPABIS (@indepabis) November 9, 2013

Durante a tarde, o organismo informou, por meio do Twitter, que uma das empresas inspecionadas, a Imgeve, diminuiu em até 50% os preços dos eletrodomésticos. A Daka, por sua vez, terá que vender seus produtos a preços fixados no início de outubro. “Não podemos permitir que os salários e benefícios se percam e sejam devorados por preços especulativos (...) estamos anulando o aumento de preços injustificados”, informou Samán durante inspeção na loja.

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De acordo com ele, os produtos têm seus preços alterados pela rede mesmo quando não são mercadoria recém-chegada. Citando alguns exemplos, disse que uma secadora estava sendo vendida a 76,5 mil bolívares, quando seu preço deveria ser 39,9 mil. Segundo o chefe do Órgão Superior para a Defesa da Economia, Hebert García Plaza, será preciso empreender ações legais contra empresas que cometam usura. Ele afirmou que operativos serão realizados nos setores de calçados, roupas, brinquedos e alimentos.

A possibilidade de conseguir produtos a preços regulados, que segundo os que aguardavam na fila poderiam chegar à metade do fixado anteriormente pela rede, fez com que muitas pessoas se aproximassem do local sem demanda específica. Foi o caso do colombiano Samuel Ostino, de 27 anos, que diz residir em Caracas e trabalhar com “economia informal”. ”Escutei da intervenção e vim pra cá porque os preços vão diminuir. Vou comprar o que encontrar. Com tanta gente, é preciso ver o que sobra, mas vou ficar aqui mais cinco, seis se necessário”, contou ele, que afirmou estar na fila deste a noite de ontem.

Luciana Taddeo/Opera Mundi

Redução dos preços em empresa ocupada levou milhares de pessoas a esperar horas na esperança de comprar itens mais baratos 

A Guarda Nacional Bolivariana foi acionada para resguardar os comércios intervindos para a fixação de “preços justos”. Na Daka, a força policial controla o acesso dos consumidores desde a noite desta sexta. Devido à longa espera e à grande quantidade de pessoas que aguardavam o momento de poder entrar na loja, uma lista foi organizada para estabelecer a ordem de chegada dos consumidores. Por diversos momentos, os consumidores que esperavam há horas entoavam coletivamente demandas como “lista, lista”, exigindo que a organização fosse cumprida.

Samán pediu que a população mantivesse a calma durante a inspeção dos estabelecimentos e que não se dirigisse aos locais com desespero. Segundo ele, os preços justos serão garantidos em todos os comércios. Em alguns casos, como no estabelecimento Pablo Electrónica, a revisão de preços durará mais de um dia, impedindo acesso ao público. Segundo a imprensa local, avisos na loja já informam os clientes que, quando as portas do comércio reabrirem, somente um artigo poderá ser adquirido por pessoa.

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Meio Ambiente

Onda mais longa de calor intensifica seca na França; 100 municípios estão sem água

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Nova onda de calor se aproxima da França e os meteorologistas se perguntam se não seria uma continuidade do evento extremo de calor registrado no país desde 31 de julho

Maria Paula Carvalho

RFI RFI

Paris (França)
2022-08-09T19:10:00.000Z

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A medida em que uma nova onda de calor se aproxima da França, e os termômetros permanecem altos em algumas regiões do país, os meteorologistas se perguntam se não seria uma continuidade do evento extremo de calor registrado no país desde o dia 31 de julho. Falta d’água encanada em uma centena de municípios, lavouras destruídas por falta de irrigação, biodiversidade em perigo: a seca histórica que atinge o país exige adaptações e respostas rápidas do poder público.

A Météo-France destaca que uma queda nas temperaturas, no fim de semana, em três quartos do país trouxe um certo alívio, mas as previsões continuam sendo de temperaturas elevadas para a semana que se inicia. Os recordes de seca se sucedem, preocupando as autoridades e a população.

Temperaturas máximas entre 32°C e 36°C

Depois de um arrefecimento das temperaturas em algumas regiões do país, acompanhado de tempestades no último fim de semana, a Météo-France prevê que os termômetros voltarão a subir no país. Condição que só agrava a seca já enfrentada em muitas regiões.

As chuvas do fim de semana não foram suficientes para compensar o déficit histórico de pluviosidade em todo o país em julho, o segundo mês mais seco do ano desde março de 1961. O déficit pluviométrico é de cerca de 84% em relação ao normal para o período 1991-2020.

Recordes diários

"Em nível nacional, desde 17 de julho, a França bate um novo recorde de seca do solo todos os dias (em um histórico que começou em agosto de 1958)", observa Météo-France. Na Córsega, este recorde diário vem sendo batido todos os dias desde o início de julho, e desde meados de maio na região PACA (Provença-Alpes-Costa Azul).

"Esta situação constitui um grande acontecimento comparável às secas de 1976 ou 2003", destaca Jean-Michel Soubeyroux, climatologista da Météo-France. "Até meados de agosto, é muito provável que essa situação de solo seco piore ainda mais em um grande número de regiões", alerta.

Setores essenciais já são duramente atingidos, como a agricultura e a pecuária, seja pela dificuldade no plantio do milho destinado à ração animal, que consome muita água, ou pela falta de pastagens para o gado.

Falta d’água em 100 municípios

A falta de chuvas levou a uma situação extrema de abastecimento. "Mais de uma centena de municípios na França não tem mais água potável", alertou, na sexta-feira (5), o ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu. O político falou em seca "histórica" na França e em outros países europeus.

“Temos mais de uma centena de municípios hoje que não tem água potável. A estratégia é intensificar algumas restrições para evitar chegar à situação em que percebemos o déficit hídrico que se prolonga, e para sermos capazes de antecipar. Porque, se você deverá fornecer água, não adianta se preocupar com isso na manhã em que já não há mais água nos canos”, afirmou.

"Existem sistemas de cultivo que são mais resilientes devido às mudanças climáticas, mas acreditar que não haverá necessidade de água seria um erro bastante trágico", reforçou, por sua vez, Marc Fesneau, ministro da Agricultura, destacando a necessidade de adaptação dos produtores rurais. "Imagine a situação em que estaríamos hoje se não existissem vários sistemas de retenção de água criados há 40, 50 ou 60 anos", disse ele, antes de visitar uma barragem em Sainte-Croix du Verdon, na região PACA.

Wikimedia Commons
Incêndio em Laroque-de-Fa, comuna francesa na região administrativa de Occitânia

"O risco seria nós dizermos que isso não é grave, que podemos continuar como antes e não reexaminar nossas práticas, e que basta encontrar métodos alternativos para não ficar sem água. Isso seria mentir para as pessoas", analisou Fesneau.

A falta d’água também repercute no campo político. A União de esquerda Nupes acusa o governo centrista de não ter reagido rapidamente. “Nada foi antecipado”, escreveu Julien Bayou, deputado do partido Europa Ecologia os Verdes, em sua conta no Twitter.

A esquerda reclama de restrições injustas de uso da água e questiona a irrigação de campos de golfe, por exemplo, prática considerada essencial para o setor e vista como desperdício por outros.  

A questão da partilha dos usos da água agita a classe política. A deputada da França Insubmissa (LFI esquerda radical) Mathilde Panot reivindicou, também no Twitter, um direito à água “consagrado na Constituição”: “a água deve primeiro dar vida e não lucros!”.

Comitê de crise

O governo francês criou um comitê interministerial de crise para analisar cada situação em particular e para traçar um plano de abastecimento de água nas regiões onde for preciso. A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, ativou essa unidade interministerial na sexta-feira (5), diante da "situação histórica pela qual muitos territórios estão passando", anunciou o Palácio do Matignon, sede do governo.

No total, 93 departamentos de 96 estão sujeitos a restrições de água em graus variados no país e 62, ou dois terços, estão "em crise". Neste nível máximo de alerta, é proibido regar gramados, lavar de veículos ou a irrigar as, bem como encher reservatórios.

“Nos cerca de cem municípios com escassez de água potável na França, o abastecimento é feito com caminhões-pipa (...) já que não há mais nada nas tubulações", explicou o ministro Christophe Béchu, durante uma viagem ao sudeste do país para verificar a situação da seca.

Fogo

Com a secura, os incêndios se propagam pela França. Ao todo, 47.361 hectares arderam desde janeiro, contra 43.602 em 2019. Os dados do Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais foram divulgados na quinta-feira (4).

Sendo a vegetação seca um combustível fácil, o risco de incêndios só aumenta com a continuação do calor.

No domingo, mais de 300 hectares queimaram no Finistère, na região da Bretanha, onde o vento nordeste ajudou a propagar o fogo. Bombeiros de outros departamentos foram enviados como reforço e muitos agricultores também dão apoio à operações de combate às chamas.

Geralmente raros na Bretanha, os incêndios já destruíram, em julho, mais de 1.700 hectares de florestas.

Europa enfrenta seca

Como a França, muitos países europeus são afetados por essa onda de calor e seca. A escassez de água afeta atualmente 11% da população da UE e 17% do seu território, mas a situação é mais preocupante no Mediterrâneo, onde cerca de 50% da população vive sob constante estresse hídrico durante o inverno.

As secas intensas e a falta d’água provavelmente se tornarão mais frequentes e mais graves no futuro, alertou a Comissão Europeia, recomendando que os Estados-Membros aprendam a reutilizar águas residuais tratadas.

De acordo com os cientistas, a multiplicação das ondas de calor é uma consequência direta da crise climática. As emissões de gases de efeito estufa aumentam a intensidade, a duração e a frequência de eventos extremos.  

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