A ONG RSF (Repórteres Sem Fronteira) manifestou nesta sexta-feira (15/11) “preocupação” pela decisão da justiça norte-americana em condenar um ex-agente do FBI que forneceu ilegalmente para a agência AP (Associated Press) informações sobre o desmantelamento de uma ação terrorista da Al Qaeda em 2012. Ela considera o episódio um precedente perigoso contra a liberdade de informação.
Donald Sachtleben revelou à AP como os EUA tinham frustrado um complô no Iêmen da rede terrorista Al Qaeda, que pretendia atentar contra um avião com rumo aos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, Sachtleben, ex-especialista em explosivos do FBI entre 1983 a 2008, foi condenado a três anos e meio de prisão por um tribunal da justiça federal no estado de Indiana (norte dos EUA). Além dessa condenação por vazamento de informações confidenciais, o juiz federal de Indiana, William Lawrence, condenou a mais oito anos, em um caso separado por posse e distribuição de material de conteúdo pedófilo.
Anteriormente, ele foi detido dentro de uma operação contra a pornografia infantil. Em setembro passado, ele se declarou culpado de ter “revelado voluntariamente e com conhecimento de causa uma informação de segurança nacional a um jornalista de uma organização midiática nacional não autorizada a recebê-la”.
Repercussões
“A condenação de Donald Sachtleben se inscreve em uma lógica global de intimidação que dificulta a liberdade de informação e o direito de saber dos cidadãos”, disse em comunicado a RSF, em reação à pena.
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O caso gerou uma grande polêmica quando foi revelado que as autoridades americanas (concretamente o Departamento de Justiça) tinham espionado mais de 20 linhas telefônicas da agência jornalística no início de 2012.
“Mais para frente -alertou RSF – quem irá se atrever a falar com os meios de comunicação sobre um tema crucial?”.
A agência de notícias AP reagiu com indignação quando a Justiça orte-namericana acessou suas listagem de chamadas telefônicas para identificar a origem do vazamento.
Em maio, a AP denunciou que as listas de chamadas de 20 de suas linhas telefônicas em Washington e Nova York foram investigadas a pedido da Justiça.
“Mais para frente -alertou RSF – quem irá se atrever a falar com os meios de comunicação sobre um tema crucial?”.
Segundo a organização de defesa dos profissionais da informação, é o terceiro filtro condenado neste ano nos Estados Unidos, depois do soldado Bradley Manning e do ex-oficial da CIA John Kiriakou.
Este último foi sentenciado em janeiro a 30 meses de prisão efetiva por ter revelado as torturas às quais os suspeitos de terrorismo sofreram durante o mandato do presidente George Bush.
(*) com agências de notícias internacionais