WikiCommons – Campo de refugiados de Baqa, Jordânia
A Organização das Nações Unidas conseguiu arrecadar R$ 124 mil em doações no Brasil para assistência médica aos refugiados em acampamentos palestinos no Oriente Médio. A cerimônia de entrega vai acontecer na manhã desta quinta-feira (12/12) em São Paulo, na sede da CCAB (Câmara de Comércio Árabe e Brasileira).
A campanha de arrecadação de fundos foi lançada no dia 30 de setembro pela CCAB por iniciativa do médico Riad Younes, vice-presidente de marketing da organização e coordenador da Cirurgia Oncológica do Hospital São José. Em entrevista a Opera Mundi, ele afirmou que todo o montante será aplicado para remediar a total falta de infraestrutura básica que os cerca de 5 milhões de palestinos refugiados enfrentam na área da saúde.
“Faltam coisas muito básicas para se fazer o mínimo necessário para cuidar da saúde nesses locais, incluindo a prevenção de doenças. O acesso à saúde nesses acampamentos em relação às populações dos países vizinhos é precária, enquanto a taxa de mortalidade é muito maior”, afirmou Younes.
Segundo Younes, a Agência da ONU para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), responsável pela arrecadação e pela assistência aos refugiados da Palestina na Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria, destinará as doações para três pontos específicos: o primeiro, na compra de aparelhos de ultrassom. Eles vão servir, principalmente, de acordo com o médico, para diagnosticar males como pedra na vesícula, inflamações na barriga e também para auxiliar em exames pré-natal, evitando a mortalidade das mães e de bebês. O déficit desses equipamentos é grande.
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Wikicommons – Campo de Shatila, Líbano (2006)
O segundo destino do dinheiro arrecadado será ajudar a equipar centros médicos de refugiados para que meçam com mais precisão o nível de açúcar no sangue, prevenindo doenças como o diabetes, que atinge uma parcela significativa de pessoas em todo o Oriente Médio.
E, por fim, a elaboração de um prontuário médico eletrônico centralizado. “Entre os refugiados palestinos, quando uma pessoa muda de um acampamento para outro, não há como saber de sua situação médica, fica tudo no local anterior. E, se lá ocorre um incêndio ou uma inundação, os dados médicos daquela pessoa desaparecem. Por isso, além da assistência, ele serviria para auxiliar as estatísticas médicas dessa população, facilitando até mesmo que se criem políticas de saúde adequadas”.
Três milhões deles são totalmente dependentes dos serviços de saúde oferecidos pela agência. Mulheres, crianças e idosos são os mais vulneráveis, vivendo em pobreza extrema, insegurança alimentar e conflito armado.
Younes, que já visitou alguns desses acampamentos, afirmou que a situação humanitária neles é dramática. “São pessoas sem cidadania plena e com direitos restritos em todos os sentidos: de ir e vir, propriedade, saúde, educação, etc. Não há qualquer área humana em que você possa dizer que estejam vivendo bem”.
O evento de entrega vai contar com a presença do comissário-geral da UNWRA, Filippo Grandi. Foi a primeira campanha dessa natureza realizada no Brasil, e o resultado foi considerado um sucesso, tendo em vista que foi arrecadado em apenas dois meses.