Na véspera de lembrar os 34 anos do último golpe militar no país, um suspeito de ter cometido tortura durante a ditadura foi preso, enquanto os argentinos realizam durante todo o dia de hoje (23) um ato para lembrar as vítimas da repressão.
Hoje pela manhã, foi preso o ex-suboficial da Armada Carlos Galian, que
agia na Esma sob o pseudônimo de “Pedro Bolita”. A ordem de prisão foi
expedida devido ao fato de Galian ser acusado de 600 violações de
direitos humanos, informou a agência de notícias argentina Télam.
Aos 66 anos, Galian responderá por acusações de ter transportado presos
políticos até o local de onde eram atirados ao mar – nas operações
conhecidas como voos da morte – e por separar filhos dos prisioneiros
de suas mães na enfermaria na Esma, entregando os recém-nascidos a
militares ou a simpatizantes do regime para adoção ilegal.
Enquanto isso, ao longo desta terça-feira, um ato percorre a cidade de Buenos Aires em memória dos presos políticos, desaparecidos e assassinados no período. A manifestação chegou a lotar a Praça de
Maio, um dos símbolos das manifestações de resistência à repressão.
Durante o ato, a presidente Cristina Kirchner entrega o prêmio “Azucena Villaflor” a quatro pais de vítimas da repressão naquele período. O nome do prêmio é uma homenagem a uma das fundadoras do movimento Avós da Praça de Maio, desaparecida no período. O ex-militar Alfredo Astiz, conhecido como “anjo loiro da morte”, é acusado de envolvimento na morte e está sendo julgado pela Justiça argentina.
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A manifestação contará com a presença de representantes de 60 organizações que compõem o movimento MVJ (Memória, Verdade e Justiça), entre elas a Associação das Avós da Praça de Maio, além de membros do do governo e artistas. Foram inaugurados também uma biblioteca e o Centro Cultural Haroldo Conti, em homenagem ao escritor argentino, desaparecido na ditadura.
Escola de tortura
Também deve ocorrer uma cerimônia oficial no prédio da Esma (Escola de Mecânica da Armada), no bairro portenho de Núñez, onde, entre 1976 e 1982, funcionou a principal prisão clandestina. Criado em 2004 e aberto ao público em 2007, o prédio abriga hoje o Espaço para a Memória, espécie de “museu da tortura”.
Há 14 anos, na véspera do aniversário do golpe, o MVJ elabora anualmente um relatório que analisa os motivos do golpe, a repressão e o julgamento dos torturadores. Numa segunda parte, trata das violações de direitos humanos que acontecem atualmente.
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