A Suprema Corte de Israel pediu ao ministério da Defesa nesta terça-feira (04/02) que justifique a proposta de prolongamento do muro da Cisjordânia, região atualmente sob comando da Autoridade Palestina. O novo traçado ameaçaria duas cidades importantes: Battir – que tem áreas agrícolas fundamentais desde os romanos – e o vale de Cremisan, conhecido pelo seu vinhedo, que produz o vinho das missas de Jerusalém.
Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Muro de concreto pode ultrapassar 700km de extensão com os novos traçados do Exército israelense
Como o recurso tem cunho ambientalista, a Corte exige que as autoridades do Exército israelense se defendam até o dia 27 de fevereiro sobre as construções de barreira em cada uma dessas terras. No começo de novembro de 2013, o governo de Israel chegou a afirmar que o muro da Cisjordânia serviria como fronteira para o Estado Palestino.
Constantemente, o “muro do apartheid” (como é chamado pelos palestios) é comparado ao de Berlim, mas a relação não apenas é injusta, como inapropriada. Isso porque a barreira de concreto que corta os territórios palestinos poderá chegar a mais de 700 km, ao passo que o cerco alemão era quatro vezes menor – tendo 155km.
Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Vista do muro no interior do território palestino, nas proximidades do 'check point' da cidade de Bethléem
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História
Em junho de 2002, Israel começou a construir o muro da Cisjordânia para separar seu Estado da região controlada pela Autoridade Palestina. A meta, segundo os israelenses, era frear a onda de atentados suicidas na segunda Intifada (revolta civil palestina contra a ocupação israelense que aconteceu no final de 2000).
Contudo, em 2003, as Nações Unidas condenaram a construção da barreira de concreto, afirmando ser um “ato ilegal de anexação”. No ano seguinte, o Tribunal Internacional de Justiça Internacional o declarou oficialmente ilegal e ordenou seu desmantelamento, mas Israel não acatou a decisão, descrevendo o feito como uma “medida de proteção” do Estado.
Em agosto de 2005, o grafiteiro britânico Banksy visitou o muro da Cisjordânia e usou sua parede de concreto como tela para criar nove imagens de protesto. Em seu site, o artista contou que um velho palestino disse que suas pinturas eram bonitas. Ao agradecê-lo, Banksy conta que o homem replicou: “mas nós não queremos que sejam bonitas. Nós odiamos esse muro. Vá pra casa”.
Reprodução
'Girl being carried away by a bunch of balloons', uma das mais icônicas imagens produzidas pelo grafiteiro britânico no muro, em 2005