O diretor da inteligência nacional dos EUA, James Clapper, admitiu na segunda-feira (17/02) que o governo dos EUA deveria ter dito aos cidadãos norte-americanos que a NSA (Agência Nacional de Segurança, em inglês) recolhia em massa os seus dados de telefone, durante uma entrevista ao Daily Beast, reproduzida pelo jornal britânico The Guardian.
WikiCommons
“Eu provavelmente não deveria dizer isso, mas vou. Se tivéssemos sido transparentes sobre isso desde o início, logo depois do 11/09, e disséssemos tanto para o povo americano, quanto para os seus representantes eleitos (…) nós não teria tido o problema que tivemos”, disse Clapper.
Durante anos, o programa secreto dos EUA para coletar e armazenar registros de cidadãos americanos foi mantido em silêncio. No entanto, com as revelações do ex-analista da NSA, Edward Snowden, foram vazados o mandado judicial que autorizava a fiscalização, além de uma série de documentos secretos. Com isso, Clapper constantemente tenta defender as atividades do governo contra a desconfiança dos cidadãos.
[Clapper acredita que espionagem a cidadão garante o 'bem comum']
Na entrevista, o diretor reforça que luta para preservar a autoridade da NSA na coleta de dados de telefone em massa, mas de forma modificada. Segundo Clapper, essa situação controversa não teria acontecido se o aparato de segurança tivesse sido mais aberto e claro anteriormente. “Poderíamos ter dito ‘aqui vai mais uma obrigação que temos que fazer como cidadãos para o bem comum’”, argumenta. “Isto é, assim como nós temos que ir ao aeroporto duas horas mais cedo e tirar nossos sapatos, isso (a espionagem aos cidadãos) seria apenas uma coisa a mais que fazemos para o bem comum”, completa.
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Wikileaks
Além disso, a NSA também “espionou o WikiLeaks e seus leitores”, segundo comunicado publicado no site de Julian Assange nesta terça (18/02). De acordo com a nota, a agência norte-americana agiu ao lado do serviço de inteligência britânico GCHQ (Central de Comunicações do Governo, em inglês) e colocou o fundador do Wikileaks na “lista de pessoas que devem ser alvo de uma caça ao homem e que inclui membros suspeitos de pertencer à Al-Qaeda”.
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“O WikiLeaks condena firmemente o comportamento insensato e ilegal da NSA. Pedimos à administração de Barack Obama que nomeie um procurador especial para investigar a magnitude da atividade criminal da NSA contra os meios, particularmente WikiLeaks”, declarou Assange em comunicado.