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Política e Economia

Brasil ofereceu apoio a golpe no Chile quatro anos antes de eleição de Allende

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Em viagem a Santiago, chanceler de Castello Branco se mostra satisfeito ao ouvir que exército local também já dispunha de plano para derrubar esquerda chilena

Vitor Sion

2014-02-21T09:00:00.000Z

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Em 1966, quatro anos antes da eleição de Salvador Allende à Presidência do Chile, a ditadura brasileira se colocou à disposição para colaborar com um golpe de Estado contra um eventual governo da esquerda chilena. Na época, o Chile era presidido pelo democrata cristão Eduardo Frei Montalva, mas ainda assim o marechal Humberto Castello Branco e seus ministros demonstravam preocupação com os rumos do país.

Leia mais: Filho de chanceler confirma documento: "meu pai sabia que Allende no poder despertaria direita mais dura"

A estratégia do Brasil para lidar com o crescimento da candidatura de Allende, que tinha o apoio de ao menos 30% do eleitorado local, segundo o então chanceler Juracy Magalhães, está registrada em ata do Conselho de Segurança Nacional. O grupo, que produziu mais de 3 mil páginas de documentos secretos, divulgados apenas em 2009, era um dos órgãos de assessoramento direto ao presidente da República durante a ditadura, ao lado do SNI (Serviço Nacional de Informações) e o Estado-Maior das Forças Armadas.

Na reunião de 24 de outubro de 1966, Magalhães expôs aos demais ministros os resultados de suas viagens por Europa, Estados Unidos e América Latina. Em Santiago, o chanceler discutiu com seu par chileno, Gabriel Valdés, o que aconteceria se o Partido Comunista vencesse as eleições presidenciais de 1970.

“Devo dizer, ‘off records’, que tive oportunidade de analisar com o Ministro Valdés a possibilidade de uma vitória do partido comunista nas futuras eleições, ainda longínquas, se o Governo Frei não conseguir realizar as aspirações do povo chileno. Então — isso eu dizia — seria o caso de ter a possibilidade do hemisfério agir em benefício do Chile”, afirmou Magalhães.

Banco de Imagens Petrobras

Chanceler Juracy Magalhães também foi o primeiro presidente da Petrobras


A resposta de Valdés, comemorada pelo representante de Castello Branco, mostrava que o Brasil não era o único que tinha planos de derrubar um governo que ainda nem existia.  “Ele, então, me disse — com surpresa para mim — que está convencido de que, se o partido comunista se tornasse majoritário, as forças vivas da Nação agiriam no Chile, como agiram no Brasil e na Argentina. Isso é uma declaração da mais alta importância e inteiramente surpreendente para nós, porque a nossa impressão era de que o Chile estava se conduzindo de maneira a acatar um resultado eventual das urnas, a favor do comunismo.”

Leia mais: Castello Branco rompeu relação com Cuba após perder queda de braço com ministros

A viagem do chanceler brasileiro — famoso por sua frase “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil” — ocorreu como um “esforço para o restabelecimento da posição de liderança natural do Brasil no âmbito continental”, nas palavras do próprio Magalhães. Ao iniciar sua exposição sobre a América Latina (no mesmo mês ele também visitou Bolívia, Argentina e Uruguai), ele lembrou que "a projeção do Brasil no continente americano e, através dele, no mundo, é um dos objetivos primordiais da política exterior brasileira, tal como definida pelo Senhor Presidente da República”.
 


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O Itamaraty vivia um período de desconfiança com os países sul-americanos depois da “Conferência de Bogotá”, na qual Chile, Colômbia, Venezuela, Peru e Equador discutiram a criação de um novo bloco econômico que não se concretizou. Magalhães chegou a se queixar para o Departamento de Estado norte-americano de que não havia sido avisado de tal encontro. Na reunião do Conselho de Segurança Nacional, o então ministro do Planejamento e ex-embaixador em Washington, Roberto Campos, explicou que tal iniciativa entre nações de tamanho médio “criaria problemas políticos muito sérios para o Brasil, na marcha para a integração”. “Folgo saber que o Ministro do Exterior conseguiu, por assim dizer, estabelecer uma cunha nesta frente dos países médios.” 

Leia Especial de Opera Mundi sobre os 40 anos do golpe no Chile

Campos, um dos conselheiros mais próximos de Castello Branco, ainda fez uma comparação entre os momentos econômicos de Chile e Brasil. Ambos tentavam reduzir a inflação e atrair investimentos estrangeiros, mas, até aquele momento, Santiago obtinha mais sucesso nesses objetivos. A principal diferença, segundo o ministro, era que o governo chileno “seguiu uma orientação mais humanitária”, enquanto o brasileiro mantinha postura “mais austera e desenvolvimentista”.

Leia também: 'Fortune' revela já em 64 elo entre empresários de SP e embaixada dos EUA no golpe

Imagem cedida pelo Arquivo CPDOC/FGV

Da esquerda para direita: Ernesto Geisel, Castello Branco, Juracy Magalhães e Luís Viana Filho


Apesar do foco nas questões sociais, o presidente Eduardo Frei não conseguiu impedir a chegada da esquerda ao poder. Allende, que já havia sido candidato à presidência outras três vezes, foi eleito em 4 de setembro de 1970, liderando uma frente ampla das esquerdas – com os partidos Socialista e Comunista à frente – na Unidade Popular.

Três anos depois, o Exército chileno implementou o plano citado por Valdés e colocou no poder o general Augusto Pinochet, que governou até 1990 uma das mais sangrentas ditaduras do continente. A influência exata do Brasil no movimento golpista ainda é discutida, mas há referência de que Brasília financiou políticos opositores durante todo mandato de Allende. Aliado de primeira hora de Pinochet, o regime militar brasileiro se manteve ao lado do parceiro na Operação Condor, ação conjunta de repressão na América do Sul que também contou com o apoio de Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai nas décadas de 1970 e 1980. 

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Guerra na Ucrânia

Rússia diz que assumiu o controle total de Lugansk

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Ministério da Defesa da Rússia afirma que suas tropas tomaram a cidade estratégica de Lysychansk, assegurando o controle da região de Lugansk, no leste da Ucrânia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-07-03T20:53:00.000Z

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A Rússia reivindicou neste domingo (03/07) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, que foi palco de intensos combates.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o titular da pasta, Serguei Shoigu, informou oficialmente "o comandante em chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk".

Mais tarde, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou em um comunicado publicado no Facebook que as tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de Lysychansk,

"Depois de intensos combates por Lysychansk, as Forças de Defesa da Ucrânia foram forçadas a se retirar de suas posições e linhas ocupadas", disse o comunicado.

"Continuamos a luta. Infelizmente, a vontade de aço e o patriotismo não são suficientes para o sucesso - são necessários recursos materiais e técnicos", disseram os militares.

Lysychansk era a última grande cidade sob controle ucraniano na região de Lugansk.

Na manhã deste domingo, o governador ucraniano da região de Lugansk, Serguei Gaidai, já havia sinalziado que as forças da Ucrânia estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100.000 habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

A conquista de Lysychansk - se confirmada - pode permitir que as tropas russas avancem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle da região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

Militärverwaltung der Region Luhansk/AP/dpa/picture alliance
Lysychansk está em ruínas após combates entre as forças russas e ucranianas

No sábado, um representante da "milícia popular de Lugansk" havia afirmado que os separatistas e as tropas russas haviam cercado completamente Lysychansk, algo que foi inicialmente negado pela Ucrânia

Explosões em cidade russa

Ainda neste domingo, a Rússia acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

"As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em explosões naquela cidade.

As acusações levantadas por Moscou foram divulgadas um dia depois de a Ucrânia denunciar o que chamou de "terror russo deliberado" em ataques na região da cidade ucraniana de Odessa.

Segundo autoridades militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12 anos, foram mortas na sexta-feira por três mísseis russos que destruíram "um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka, uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da Ucrânia.

"Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.

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