Após a reforma constitucional que freiou, por meio de acordo, os poderes do presidente Viktor Yanuokovich, o parlamento ucraniano aprovou nesta sexta-feira (21/02) uma série de medidas de distenção para tentar apaziguar os conflitos violentos que se arrastam no país há três meses. Além de ter reduzido a autonomia presidencial, afastado um ministro do governo, reinstituído a Constituição de 2004 e votado pela anistia incondicional de todos os manifestantes presos, a Ucrânia também indicou que poderá libertar a ex-premiê e principal rival de Yanukovich, Yulia Tymoshenko, presa desde 2011 sob acusações de abuso de poder.
Agência Efe (outubro.2013)
Yulia Tymoshenko: inimiga política de Yanukovich, ex-premiê está presa desde 2011; detenção era questionada pela oposição
Aos gritos de “Free Yulia!”, os legisladores da Rada Suprema (Parlamento) decidiram — por 310 votos a 54 — descriminalizar a acusação sob a qual Yulia foi detida. Ainda não está claro quando ocorrerá a liberação da política, que chefiou o Executivo ucraniano de janeiro a setembro de 2005 e foi uma das principais lideranças da Revolução Laranja. Yulia também disputou as eleições presidenciais de 2010, tendo sido derrotada por Viktor Yanukovich por 3%.
As mudanças do novo (e fortalecido) parlamento ucraniano são os primeiros desdobramentos do acordo político mediado pela União Europeia entre governo e oposição, anunciado na manhã de hoje pelo presidente Yanukovich. A demissão de Vitaliy Zakharchenko, ministro de Interior ucraniano, faz parte das esforços. O membro do governo é tido como um dos principais responsáveis pela escalada da violência nos confrontos entre opositores e forças de segurança.
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Agência Efe
Após a assinatura do acordo, o presidente, Yanukovich (dir.), aperta a mão de Vitali Klichkó, líder da oposição
Reações
A Casa Branca acolheu com receptividade o acordo assinado entre as partes ucranianas, sob a curadoria da União Europeia. “Continuamos preparados para impor sanções adicionais caso seja necessário”, ressalvou o comunicado de Washington.
A Rússia, por sua vez, viu com menos otimismo a assinatura do acordo. “Algumas questões ainda permanecem, as consultas prosseguirão. Este é um processo normal”, afirmou o enviado de Moscou, Vladimir Lukin. “A questão é: não sabemos bem qual é o nosso papel aqui. O diálogo entre as partes ucranianas é problema deles. Somos testemunhas aqui”, completou.