Em Bruxelas nesta segunda-feira (24/02) para a VII Cúpula Brasil-União Europeia, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, disse que um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e o bloco europeu está cada vez mais próximo. Autoridades europeias também acreditam que o acerto entre as partes pode ser fechado em breve.
“Acredito que essa será uma grande contribuição que nós vamos dar para a recuperação econômica dos países do mundo, em especial para os de duas regiões tão importantes, como é o caso do Mercosul e da União Europeia”, disse Dilma, em declaração à imprensa, ao sair da reunião em que discursou. No encontro com a governante brasileira, estavam também o presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Von Rompuy, e o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso.
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Agência Efe
Dilma ao lado dos dirigentes europeus Durão Barroso (esq.) e Van Rompuy (dir.), na saída da VII Cúpula Brasil-UE, em Bruxelas
O impasse entre os blocos europeu e sul-americano já dura 13 anos. Desde 2004, as negociações comerciais estão suspensas e impedem que um acordo seja selado — a Argentina representa atualmente o principal entrave político para uma aproximação entre os grupos.
Bruxelas estima que o acordo UE-Mercosul criaria uma zona de livre comércio de € 59 milhões (cerca de R$ 190 milhões), podendo aumentar em 12% as exportações brasileiras para o continente. Outras análises, mais céticas, consideram que a integração poderia subordinar demasiadamente a economia dos países sul-americanos, colocando em xeque o modelo mais idependente de desenvolvimento: a UE exigiria uma redução drástica da carga tarifária cobrada sobre produtos importados sem garantir que deixaria de custear os subsídios agrícolas aos produtores europeus.
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Foi marcada para o próximo dia 21 de março uma reunião técnica entre UE e Mercosul. Na ocasião, Dilma espera que haja uma “troca formal de ofertas” que permita romper o bloqueio das negociações. “Por que acho que estamos no momento para fazer esse acordo? Porque todos nós temos consciência da importância da ampliação do comércio como um dos instrumentos que permitirão a retomada do desenvolvimento nos diferentes campos do mundo”, disse Dilma, acompanhada do chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.
Agência Efe
Dilma assiste à 7ª reunião anual de cúpula Brasil-UE; atrás dela, o chanceler, Luiz Alberto Figueiredo
Cabo submarino
Dilma Rousseff também aproveitou o encontro anual da cúpula Brasil-UE para promover o projeto de construção de um cabo submarino de telecomunicações ligando diretamente Brasil e Europa. O empreendimento tem como um de seus objetivos reduzir a dependência brasileira em relação ao sistema norte-americano, após as denúncias de ciberespionagem em massa praticada pelo governo dos EUA.
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“A ligação por cabos de fibra ótica submarinos é uma questão importante para o Brasil. A ligação com a Europa significa uma diversificação das conexões que o Brasil tem com o resto do mundo, para nós será importante construir esse caminho estratégico. O Brasil fará todos os esforços nesse sentido e também a União Europeia me reiterou a mesma disposição”, disse a presidente à agência Reuters.
Dilma pretende definir os detalhes do financiamento de US$ 185 milhões para o projeto, pretendendo implementá-lo já no ano que vem, segundo informaram à Reuters dirigentes brasileiros e europeus.
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Críticas à ação da UE na OMC
Ainda hoje, a presidente criticou a ação apresentada recentemente pela União Europeia na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra a política do governo brasileiro de incentivos à indústria local — mais especificamente, as vantagens fiscais concedidas pelo poder público à Zona Franca de Manaus. Dilma disse ter recebido com “estranhamento” e “surpresa” a notícia da postura do bloco em relação ao Brasil.
“Nós estranhamos a contestação pela Europa na OMC, mesmo sabendo que se trata apenas de consulta prévia, de programas que são essenciais para o desenvolvimento sustentável da economia brasileira”, questionou Dilma. A presidente também fez referência ao programa Inovar-Auto, que aumenta impostos para carros importados de países de fora do Mercosul.