Em revés para opositora venezuelana, OEA decide por sessão privada
Representante brasileiro justificou seu voto dizendo que o Brasil não queria que a sessão se transformasse em um “circo”
Vinte e dois países da OEA (Organização dos Estados Americanos), dentre eles o Brasil, decidiram que a reunião do conselho permanente desta sexta-feira (21/03) não será transmitida ao vivo. A decisão é um revés para a deputada Maria Corina Machado, que foi convidada pelo governo do Panamá a falar em nome da oposição venezuelana no órgão.
Os países reunidos em torno da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) decidiram pela privacidade do encontro.
O representante brasileiro na OEA, Breno Dias da Costa, justificou seu voto dizendo que o Brasil não queria que a sessão se transformasse em um “circo”. Onze países votaram para que a sessão fosse pública: Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Canadá e Estados Unidos.
Na terça-feira, a maioria chavista da Assembleia Nacional aprovou um pedido de investigação da Procuradoria contra Machado, eleita em 2010 pelo Estado de Miranda e acusada de promover a violência na onda de protestos que já deixou 31 mortos e mais de 400 feridos na Venezuela.
No início do ano, ela e outros políticos da oposição, como o prefeito metropolitano de Caracas Antonio Ledezma e Leopoldo López – detido desde 18 de fevereiro –, lançaram um plano chamado “A Saída”, que incitava manifestações para uma “mudança de governo”.
O apoio da maioria dos países da OEA à Venezuela foi verificado também há duas semanas. Após pressão do Panamá e dos Estados Unidos pelo envio de uma missão à Caracas para avaliar a situação interna – ideia que foi rechaçada pelo presidente Nicolás Maduro –, a organização fez uma declaração de “solidariedade” e “apoio” às instituições democráticas, ao diálogo e a à paz na República Bolivariana da Venezuela”.
Finalmente, a OEA declarou “seu pleno apoio a alento às iniciativas e aos esforços do governo democraticamente eleito da Venezuela e de todos os setores políticos, econômicos e sociais para que continuem avançando no processo de diálogo nacional”.
O apoio à Venezuela também foi explicitado na Unasul. “Qualquer demanda deve ser canalizada de forma pacífica, pela via democrática, e respeitando o Estado de Direito e suas instituições”, enfatizou documentos da entidade que, em uma clara alusão aos EUA, expressou sua “preocupação frente a qualquer ameaça à independência e à soberania da República Bolivariana da Venezuela.”