Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Podcasts
Política e Economia

Snowden: EUA espionaram Anistia, HRW e outras organizações de direitos humanos

Encaminhar Enviar por e-mail

Em depoimento, o ex-analista também afirmou que a NSA fazia dossiês com informações íntimas de religiosos

Felipe Amorim

2014-04-08T20:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Por meio de sua rede de vigilância digital, o governo dos Estados Unidos espionou importantes organizações internacionais defensoras dos direitos humanos, como Anistia Internacional e Human Rights Watch. A revelação foi feita nesta terça-feira (08/04) por Edward Snowden, ex-analista que prestava serviços à NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), em depoimento por videoconferência ao Conselho da Europa, sediado na cidade francesa de Estrasburgo.

"A NSA teve especificamente como alvo líderes ou funcionários de algumas organizações civis e não-governamentais, inclusive dentro das fronteiras dos EUA", disse Snowden aos membros do conselho, sem revelar quais entidades foram grampeadas. Perguntado pelos conselheiros se Washington havia espionado "informações confidenciais e altamente delicadas" de relevantes instituições como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, Snowden foi taxativo: "A resposta é, sem dúvidas, sim. Absolutamente".

Leia também: Retrato gigante de criança no Paquistão lembra mortos por drones dos EUA

Agência Efe

De Moscou, onde vive sob asilo temporário, Snowden prestou depoimento por videoconferência ao Conselho da Europa

Procurado pela Justiça dos EUA sob acusação de traição (e também alvo de ameaças) por ter vazado ao jornalista Glenn Greenwald documentos que revelam o amplo esquema de vigilância montado pelo governo norte-americano, Snowden vive em Moscou, após asilo temporário recebido da Rússia em agosto de 2013. Na videoconferência ao Conselho da Europa, o especialista em tecnologia deu mais detalhes da atuação das agências de inteligência controladas pelo governo dos EUA, cujas práticas de ciberespionagem comprovadamente servem para identificar alvos de bombardeios com drones.

Segundo Snowden, a NSA fazia dossiês com informações de cunho pessoal (material de conteúdo sexual explícito, crenças religiosas, afinidades políticas e relações comerciais) coletadas de líderes religiosos conservadores com o objetivo de, por conveniência política, torná-las públicas e destruir a credibilidade e a reputação de alguns desses expoentes considerados radicais por Washington. Com os dados reunidos seria possível, por exemplo, montar uma lista de todas as pessoas homossexuais ou cristãs no Egito, afirmou Snowden.

“Está é uma forma sem precedentes de interferência política que não acredito que possamos ver em quaisquer outros governos ocidentais. Mas atualmente não há meios legais para desafiá-la ou punir tais abusos. Isto é claramente um uso desproporcional de uma autoridade extraordinariamente invasiva”, declarou aos interlocutores.

Na prática, a NSA tem como vigiar populações inteiras, espionando cidadãos que não estavam envolvidos em atividades criminosas. “A agência operava de facto uma política de culpa por associação”, disse. Por meio da ferramenta batizada de XKeyscore, os técnicos da NSA tinham a seu alcance enormes bancos de dados com “trilhões” de números de telefone, emails, bate-papos virtuais e históricos de navegação de milhares de pessoas que não usam sistemas criptografados na web.

Não apenas os metadados, mas também o conteúdo das informações podia ser acessado “sem autorização judicial ou revisão prévia”. Para cair na malha fina da NSA basta “ter o azar de clicar no link errado, fazer o download de determinado arquivo ou simplesmente visitar um fórum online de conteúdo sexual”.

Leia: Documentos: EUA usam vigilância digital da NSA para ordenar ataques com drones

WikiCommons

Centro de operações da NSA, em Fort Meade: agência produzia dossiês com informações íntimas de líderes para potencial uso político

Diante das denúncias, Snowden crê que “os direitos humanos estarão mais protegidos com a luta pela proibição da vigilância em massa”. O informante, que começou sua carreira no setor de inteligência trabalhando para a CIA em Genebra, lamentou a falta de esforços dos líderes políticos para regular o sistema. E alertou: “este não é um problema isolado dos EUA ou da Europa, é um problema internacional”.

Snowden ainda quis deixar claro que acredita sim em operações de inteligência “legítimas” — a NSA deveria voltar ao tradicional modelo e espionar alvos específicos, como “Coreia do Norte, terroristas, ou quaisquer outros”. “Não tenho a intenção de prejudicar o governo dos EUA ou constranger seus laços bilaterais”, acrescentou o ex-analista.

No início do ano, diante da enxurrada de críticas causadas pelo vazamento do esquema de ciberespionagem, o presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou que o sistema de monitoramento de informações da NSA passaria por uma reforma. “Confiem em nós, não abusaremos dos seus dados”, disse o presidente dos EUA, numa tentativa de tranquilizar a comunidade internacional, dizendo que líderes de nações aliadas não serão mais espionados, “a menos que exista um forte motivo de segurança nacional”.

* Com informações da Agência Efe, The Guardian e RT

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Notas internacionais

Notas internacionais: eleições no Equador e no Peru - 12 de abril de 2021

Encaminhar Enviar por e-mail

Equador e Peru foram às urnas eleger seus novos presidentes, com resultados que surpreenderam

Ana Prestes

Brasília (Brasil)
2021-04-12T22:11:48.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

EQUADOR: No Equador, o candidato da direita, Guilherme Lasso, do movimento Criando Oportunidades (CREO), em aliança com o Partido Social Cristão (PSC), venceu o segundo turno das eleições presidenciais com 52,5% dos votos contra 47,50 de Arauz. Havia muita expectativa em torno da candidatura do economista Andrés Arauz, que pontuava na dianteira nas pesquisas durante quase todo o período de campanha do segundo turno que durou dois meses. Nos dias que antecederam o domingo eleitoral (11) as pesquisas já apontavam perda de fôlego de Arauz e subida de Lasso. De todo modo, as pesquisas de boca de urna davam vitória apertada para Arauz. A Cedatos chegou a dar 53,2% a 46,7%. 

Lasso é um homem de 65 anos, historicamente vinculado ao setor financeiro, em especial ao Banco de Guayaquil, tendo sido ministro da economia do governo de Jamil Mahuad (1998-2000). Esta é a terceira vez que ele concorre à presidência do Equador (2013, 2017, 2021). Nas eleições anteriores ele ficou em segundo lugar. Um dos fatores que impactou muito no resultado eleitoral foi o fracionamento do movimento indígena. A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) decidiu em seu conselho ampliado, no dia 10 de março, pelo voto nulo. No entanto, uma parte das nacionalidades amazônicas divergiram e foram acompanhadas do presidente da Conaie, Jaime Vargas, na declaração de apoio a Arauz. Vargas chegou a dizer em um encontro no dia 3 de abril, em Sucumbíos, que “suas propostas (de Arauz) têm o respaldo absoluto do movimento indígena”. No dia 4 de abril veio a reação do conselho dirigente da Conaie ao dizer que ia “impulsionar o voto nulo” e que “não cai em jogo eleitoral”. A apuração está apontando para um milhão e seiscentos mil votos nulos. O universo de votantes é de 13 milhões. (Com infos de resumenlatinoamericano.org)

PERU: O domingo também foi de eleições no Peru. Uma eleição que era extremamente imprevisível, com 18 candidatos concorrendo, teve um resultado de primeiro turno surpreendente. O candidato Pedro Castillo, professor e sindicalista, do Partido Político Nacional Peru Livre, obteve a maior votação, com 16%. Seguido de três candidatos com pouco mais de 10%: Hernando de Soto (Avança País), Keiko Fujimori (Força Popular), Jonhy Lescano (Ação Popular) e Rafael López Aliaga (Renovação Popular). Veronika Mendoza (Juntos por Peru) pontua com 8,8%. Aquele que apontou por um tempo como primeiro colocado nas pesquisas, o jogador de futebol George Forsyth (Vitória Nacional) está com 6,4%. Esses ainda são dados preliminares da Ipsos Perú para a América Televisión. 

Pedro Castillo tem 51 anos e ganhou notoriedade no país ao encabeçar uma prolongada greve nacional do magistério em 2017 e ao longo da campanha nunca pontuou entre os prováveis mais votados nas pesquisas. Uma de suas propostas é trocar a atual Constituição do país convocando uma Assembleia Constituinte. Ele se posicionou nas eleições contra o recorte de gênero no currículo escolar e disse que em um eventual governo seu não se legalizaria o aborto, o casamento homoafetivo e a eutanásia. Pautas polêmicas no país. Propõe ainda 10% do PIB para saúde e educação. As últimas pesquisas apontavam para uma liderança de Lescano. O segundo turno será em 6 de junho e o novo presidente assume em 28 de julho. Os peruanos também votaram ontem (11) para renovar o Congresso, que é unicameral e possui 130 cadeiras. A tendência é de que a votação para o parlamento tenha sido fragmentada e atomizada tal como a presidencial. O Peru vive uma crise institucional prolongada, sendo que dos dez presidentes que o país teve desde os anos 80, sete foram presos nos últimos anos envolvidos em escândalos de corrupção.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Rua Rui Barbosa, 381 - Sala 31
São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 3012-2408

  • Contato
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Expediente
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados