Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Política e Economia

Na Venezuela, governo e parte da oposição aceitam participar de diálogo de paz

Encaminhar Enviar por e-mail

Pela primeira vez após início da crise, líderes da MUD vão negociar com Maduro; ala radical recusou participação

Felipe Amorim

2014-04-09T16:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Pela primeira vez após dois meses da crise política que provocou 39 mortes e 608 feridos na Venezuela, o governo Nicolás Maduro e a oposição concordaram em dar início ao processo de diálogo de paz. Pública e transmitida ao vivo, a primeira reunião entre chavistas e a MUD (Mesa de Unidade Democrática) contará com a mediação de três chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) — inclusive o brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.

Leia também: Com "golpe em câmera lenta", EUA querem petróleo venezuelano, diz Maduro

Agência Efe

Na sede da chancelaria venezuelana, Maduro se reúne com líderes do MUD e chanceleres da Unasul para acertar o início do diálogo

“Estou pronto e desejoso de me sentar cara a cara com a oposição”, disse Maduro, ao anunciar o início do processo. A confirmação de que os diálogos acontecerão foi feita na última terça-feira (08/04) após um encontro entre o vice-presidente, Jorge Arreaza, e Ramón Guillermo Aveledo, secretário-geral da MUD, principal coalizão opositora.

“Que essa primeira reunião ocorra perante toda a Venezuela e o mundo, para que seja feita com toda transparência e para que fiquem perfeitamente claras as posições, motivações e a sincera vontade de todos”, comentou Aveledo, que esteve acompanhado dos líderes opositores Henri Falcón (governador de Lara) e Omar Barbosa, líder do partido UNT (Um Novo Tempo).

Agência Efe

O secretário-geral da MUD, Aveledo (centro), dá declarações sobre o início das conversas com o governo Maduro

O acordo inclui a presença de um grupo de mediadores formado pelos chanceleres de Brasil (Figueiredo), Equador (Ricardo Patiño) e Colômbia (María Ángela Holguín), além de um representante do Vaticano.

Esfriamento das tensões

Desde que foi deflagrada a crise, este consenso em torno da busca pelo diálogo é um movimento inédito e dá indícios de esfriamento das tensões na Venezuela. Ainda que os setores mais radicais — capitaneados por Leopoldo López e María Corina Machado — permaneçam se recusando a participar das conversas, é a primeira vez que a oposição aceita sentar-se à mesa com Maduro e discutir opções. Na Conferência Nacional de Paz, iniciativa convocada pelo governo seis dias após os protestos violentos de 12 de fevereiro, toda a oposição se negou a dialogar, alegando que o governo não havia cumprido certas condições impostas.

Após o anúncio do diálogo, os Estados Unidos resolveram suspender seus planos de aplicar sanções contra a Venezuela enquanto estiverem de pé as conversas entre oposição e governo. Segundo o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, Washington não se intrometerá na crise para que sua ação não sirva de desculpa em caso de fracasso das negociações.

"Neste momento, estamos a favor dos esforços de mediação por parte de terceiros, que têm como objetivo pôr fim à violência e conseguir um diálogo honesto, para fazer frente às queixas legítimas das pessoas na Venezuela", disse Kerry.

O distanciamento da Casa Branca vem após semanas de relação conflituosa entre os dois países: expulsão de diplomatas das duas embaixadas e troca de acusações sobre o papel de Washington como incentivador da crise na Venezuela.

Oposição dividia

A inclinação da MUD — classificada de “oposição democrática” na declaração do vice-presidente, Arreaza — ao diálogo gerou uma série de duras críticas por parte da ala mais radical da oposição. Nas redes sociais, integrantes da MUD foram chamados de “traidores” e “colaboracionistas” pelos simpatizantes do movimento “A Saída”, campanha que pede a mudança imediata do governo, cuja principal liderança é o opositor Leopoldo López, dirigente político do partido VP (Vontade Popular) preso há quase sete semanas.

Nome de peso da MUD e candidato presidencial derrotado pelo chavismo em dois pleitos (Chávez em 2012 e, após sua morte, por Maduro, no ano seguinte), Henrique Capriles afirmou que o diálogo com o governo não significa renunciar a seus princípios e ao direito de protesto que tem a população.

Agência Efe

A deputada independente María Corina Machado, que esteve há pouco no Brasil, não aceita dialogar com o governo venezuelano

Cassada pelo Legislativo venezuelano, a deputada independente María Corina Machado — que visitou o Brasil — disse que não aceitou participar dos diálogos, embora tenha se reunido com os representantes da Unasul — bloco regional cuja imparcialidade é questionada por boa parte da oposição do país.

“Não acreditamos em um ‘diálogo’ no qual o regime só propõe um show político utilizando os chanceleres da Unasul como interlocutores, mas se nega o tempo todo a dar as demonstrações necessárias”, afirmou o VP, em comunicado. O partido de Leopoldo López estabelece a libertação de seu dirigente político como condição para validar as conversas.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
20 Minutos

Breno Altman: esquerda deve deixar o 7 de setembro nas mãos dos bolsonaristas?

Encaminhar Enviar por e-mail

Jornalista alerta para risco de fortalecimento da extrema direita às vésperas das eleições, se puder ocupar as ruas e controlar o Bicentenário da Independência; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-08-09T20:24:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

A esquerda se arrisca a alimentar o confronto desejado por Jair Bolsonaro se for às ruas no dia 7 de setembro. No contraponto, deixar o caminho livre para os manifestantes bolsonaristas pode trazer consequências eleitorais perigosas e imprevisíveis. 

Assim o jornalista Breno Altman avalia, no programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (09/08), o dilema das forças progressistas diante da frenética mobilização bolsonarista para ocupar as principais cidades do Brasil nas celebrações do bicentenário da Independência. 

“O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas. A intimidação desorganiza, referenda o medo que o fascismo quer provocar e pode levar a um avanço político vitaminado do fascismo, que passa a ser assim capaz controlar as ruas e pode afetar as urnas”, afirmou o fundador de Opera Mundi.

São riscos embutidos nas várias alternativas de que o campo democrático dispõe para fazer frente a um momento decisivo para a extrema direita brasileira. A possibilidade de Bolsonaro colocar dezenas ou centenas de milhares nas ruas, sem um contraponto de esquerda, deve afetar de modos distintos os militantes bolsonaristas e os antifascistas. Por outro lado, é imprevisível o efeito desmoralizante que a hipótese de mobilizar menos gente que o bolsonarismo teria sobre a esquerda.

Uma alternativa para evitar o confronto seria a convocação de uma forte mobilização progressista para o dia 10 de setembro (sábado), por exemplo, e não para o dia 7 (quarta-feira). Isso embutiria o duplo risco de um desgaste por ter deixado as ruas livres para o bolsonarismo e da chance de o dia 10 ter menor participação popular, até por conta do recuo no dia 7. 

“O campo democrático popular teria realmente forças para uma mobilização superior à do bolsonarismo? Seria razoável chegar a uma conclusão derrotista sem colocar todo empenho para impedir que a extrema direita domine o Bicentenário? Esse derrotismo não poderia ser um problema eleitoral ou pós-eleitoral?”, questiona Altman.

Outra alternativa passaria pelo Grito dos Excluídos, ato tradicionalmente articulado no dia 7 de setembro pelos movimentos populares. "Não seria o caso dos partidos de esquerda, sindicatos e movimentos populares fazerem uma convocação ampliada desse evento, jogando todas as suas energias?”, cogita. 

Altman menciona uma solução de meio termo, nem de confronto aberto, nem totalmente apaziguadora: “Não seria o caso de ser organizado no próprio dia 7 de setembro um ato em Ouro Preto (MG), com a presença de Lula, para homenagear os Inconfidentes e Tiradentes e lançar um manifesto histórico por uma nova Independência, disputando espaço na mídia e nas redes contra o bolsonarismo?”. 

Nessa hipótese, o dia 10 de setembro se caracterizaria como uma grande concentração eleitoral dentro do calendário de campanha, sem ter deixado um vácuo que venha a ser inteiramente ocupado pela extrema direita no dia 7 de setembro.

Wikimedia Commons
O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas para a esquerda, defende Breno Altman sobre ato do 7 de setembro

Em busca de referências históricas, Altman contrasta o momento que se aproxima com dois fatos passados, a começar pela ascensão fascista na Itália do pós-Primeira Guerra Mundial. Num primeiro momento, os grupos liderados por Benito Mussolini eram marginais, mas se exibiam dispostos a romper os limites da democracia liberal, ao contrário dos socialistas, cujo discurso revolucionário estava contido dentro desses limites. 

A burguesia italiana entendeu que a violência poderia lhe ser útil e passou a financiá-la para intimidar rebeliões de trabalhadores impulsionadas pela Revolução Russa de 1917. Mussolini e seus partidários se lançaram nesse cenário numa escalada violenta cada vez mais acelerada, enquanto os socialistas, eleitoralmente majoritários na Itália, não eram capazes ou não tinham vontade política para enfrentar a violência fascista.

“O que se viu em seguida foi uma intimidação sem fim, com os socialistas sendo abatidos pelos fascistas e fugindo, entregando suas próprias organizações para os seguidores de Mussolini, enquanto os liberais cruzavam os braços, satisfeitos com a possibilidade de o fascismo derrotar qualquer período revolucionário”, documenta o jornalista.

O segundo fato se deu em 7 de outubro de 1934, em São Paulo, quando partidos de esquerda viveram dilema semelhante, embora fora do período eleitoral. Os integralistas de Plínio Salgado, fascistas da época, convocaram uma grande manifestação na praça da Sé, apoiados por parte da Igreja Católica e das Forças Armadas. Seu slogan, similar ao do bolsonarismo atual, era “Deus, pátria e família”.

A maioria da esquerda daquele momento optou pelo confronto, formando uma frente única entre comunistas, trotskistas, anarquistas  e outros grupos para impedir a manifestação dos fascistas, num episódio que ficou conhecido como batalha da praça da Sé ou revoada dos galinhas verdes (em referência à cor dos uniformes integralistas). A militância antifascista colocou para correr os seguidores de Plínio Salgado, e o integralismo, intimidado, nunca mais tentou uma mobilização daquele porte.

De volta a 2022, o jornalista fala sobre a aposta da esquerda (e da sociedade brasileira de modo geral) na solução pela via institucional e eleitoral. “O problema é que o bolsonarismo está rompendo e possivelmente tenha forças para romper essa cultura. Vão testar isso no dia 7. Não nos iludamos, eles possuem condições de uma forte mobilização”, pondera. “A esquerda deve jogar parada, esperando apenas pelas urnas? Não ter uma cultura de disputar as ruas com o bolsonarismo, limitando a disputa às urnas, não pode acabar virando um tiro no pé?”, indaga.

“Tenho para mim que recuar da mobilização do dia 7 é uma má saída”, responde Altman à pergunta de um espectador que compara a desmobilização social durante os anos petistas com a desmobilização para o 7 de setembro de 2022. "Muitas vezes a saída mais inteligente é o confronto, e não a omissão”, afirma, voltando ao exemplo da revoada dos galinhas verdes em 1934. 

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados