O Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu um comunicado oficial advertindo os cidadãos russos no exterior sobre a possibilidade de serem detidos arbitrariamente a pedido da Justiça norte-americana. Para evitar quaisquer tipos de problemas, Moscou aconselha a população que se “abstenha” de fazer viagens internacionais, sobretudo em países que tenham acordos de extradição com os EUA — entre 109 nações citadas, está o Brasil, cujo pacto jurídico entrou em vigor em dezembro de 1964.
“O governo dos EUA tenta tornar uma prática cotidiana a caça de cidadãos russos em outros países com a subsequente extradição e condenação no solo americano, frequentemente sob acusações duvidosas”, destaca a nota da chancelaria russa da última quinta-feira (10/04), reafirmando que o governo Obama “se recusa” a aceitar a reunificação da Crimeia, cujo processo teria sido feito “dentro dos parâmetros da legislação internacional e da Carta da ONU”.
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Aeroporto Internacional Domodedovo, em Moscou; chancelaria aconselha que russos deixem de viajar ao exterior
A chancelaria, comandada pelo ministro Sergey Lavrov, afirma que os EUA desrespeitam acordos bilaterais quando faz as detenções pois “nem se dá ao trabalho” de informar as autoridades russas sobre as acusações contra seus cidadãos; e, em muitos casos, nem notifica os escritórios consulares.
Em seu site oficial, o Ministério das Relações Exteriores russo fornece um link para uma lista do Departamento de Estado informando quais países têm tratados assinados de extradição mútua com os EUA. No entanto, entre as 109 nações elencadas, há países que claramente se opõem à política externa de Washington, como Cuba, Venezuela e Equador, onde uma eventual extradição seria difícil.
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Segundo informa o RT, este anúncio é muito parecido com o emitido pela chancelaria em setembro de 2013, após a detenção de cidadãos russos em terceiros países a pedido da Justiça dos EUA ter ficado mais frequente. A nota publicada hoje cita nominalmente os casos de Viktor Bout e K.V. Yaroshenko, donos de uma transportadora que foram condenados a mais de 20 anos de prisão nos EUA. O julgamento dos cidadãos russos foi controverso e a principal base da condenação foi o testemunho de espiões norte-americanos.
Além das ameaças, cidadãos russos encontram dificuldades para fazer viagens internacionais. A maioria dos países exigem, mesmo para visitas turísticas, a concessão de vistos. O trâmite nas embaixadas é difícil e custoso e, não raras vezes, impedem que turistas russos viagem pelo mundo.