Os preparativos para as eleições presidenciais da Ucrânia, que acontecem neste domingo (25/05), foram marcados por inúmeros momentos de tensão. Além dos protestos realizados em Kiev, desde novembro de 2013, e nas regiões sul e leste, depois da queda de Viktor Yanukovich, em fevereiro, o governo interino acusa militares russos de invadirem o país.
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Em documento obtido com exclusividade por Opera Mundi, Kiev argumenta que um grupo militar e de inteligência da Rússia entrou em seu território em 12 de abril e, no dia seguinte, participou da ocupação do Ministério do Interior, em Donetsk.
[Cópia de parte do documento: um organograma do suposto grupo russo]
Imediatamente antes de entrar na Ucrânia, os cerca de 30 russos estavam na Crimeia, península recém-anexada por Moscou, segundo o organograma.
Opera Mundi e Expresso 4 Filmes lançam documentário “Ucrânia 14”
De acordo com o governo interino, um dos objetivos da suposta invasão russa seria não só a realização de referendos separatistas, como aconteceram no dia 11 de maio em Donetsk e Lugansk, mas também tumultuar as eleições de amanhã, deslegitimando o pleito.
“Provavelmente a Rússia fará tudo o possível para acabar com essas eleições, porque se for eleito um partido democrata, logo o principal argumento da Rússia cairá, de que aqui foi implantado um governo que não é legitimo. E toda essa força de ação que está acontecendo no leste da Ucrânia, as ações terroristas, ocupação das sedes administrativas por terroristas, isso é parte do plano para interromper as eleições do dia 25 de maio”, diz Mustafa Gemilev, do Fatherland, partido que dá suporte ao governo interino, no documentário “Ucrânia 14”.
A Rússia, no entanto, não confirma o envio de militares para a Ucrânia. De qualquer maneira, o governo interino passou a tentar desocupar os prédios públicos nas regiões pró-Rússia nas últimas semanas.
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Já na capital, onde não está prevista a retirada de manifestantes das ruas, os seis meses de protestos, que bloqueiam as vias mais importantes de Kiev, já incomodam parte da população e os próprios políticos.
“É muito complicada a situação moral, psíquica das pessoas, não somente em Kiev, mas em todo o país. Vocês compreendem o que é uma situação pós-revolução, o que é uma síndrome pós-guerra? Porque realmente no centro de Kiev aconteceu uma guerra e os traumas psicológicos se espalharam por toda a sociedade. As pessoas saem com dificuldade desse trauma, por isso estamos trabalhando para transferir as pessoas para uma situação de paz”, diz Senchenko (veja a declaração aos 6’28 da parte 2 do documentário “Ucrânia 14”, abaixo).
A principal alternativa proposta por Senchenko é a incorporação das milícias ao Exército, enfraquecido após quatro anos de governo Yanukovich. “Nós estamos oferecendo essa possibilidade, estamos nos aproximando das milícias. Eles poderão passar por um processo rápido e trabalhar por período curto ou até mesmo serem contratados para o Exército.”