Em meio a um risco de calote da Argentina, o vice-presidente, Amado Boudou, foi processado na sexta-feira (27/06) por “suborno” e “negociações incompatíveis” após suspeita de corrupção durante o período em que foi ministro da Economia.
Processado sem prisão preventiva, Boudou sofreu um embargo de 200 mil pesos (cerca de R$ 55 mil) sobre seus bens e deve ir à corte para prestar novos esclarecimentos sobre o caso ao juiz Ariel Lijo no dia 16 de julho.
Efe (arquivo)
Amado Boudou: nunca antes um vice-presidente em exercício havia sido intimado a declarar por delitos de corrupção
No dia 9 de junho, Boudou depôs por mais de cinco horas na Justiça argentina sobre um caso de corrupção em que é investigado por enriquecimento ilícito e supostas negociações incompatíveis com sua função pública. Pouco antes de entrar no Tribunal da região de Comodoro Py, em Buenos Aires, o primeiro na linha de sucessão presidencial do país afirmou que estava tranquilo com “a possibilidade de dizer a verdade e acabar com todas as mentiras”.
Amado Boudou, foi intimado no dia 30 de maio pela Justiça do país. Junto a outros envolvidos, o réu tentou justificar a suposta participação na compra irregular de uma companhia chamada Ciccone Calcográfica, que imprime papel-moeda para o Estado.
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Boudou foi chamado para esclarecer se usou sua influência política para ajudar a empresa de impressão a sair da falência em 2010, quando era ministro da Economia, e se a comprou por meio de um fundo de investimento chamado The Old Fund.
A investigação também questiona o fato de que o governo argentino expropriou a Ciccone em 2012, rebatizando-a de Companhia de Valores Sul-Americana, por “considerar de utilidade pública a confecção de cédulas”, segundo a Reuters. A oposição considera que a nacionalização da empresa tenha sido uma saída do governo para apagar as “provas do crime” e pediu a renúncia de Boudou.
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Quando foi intimado, o vice-presidente de 51 anos declarou que não renunciaria “de maneira alguma”, nem tirará uma licença de seu cargo no governo, pois é “inocente”.
Trata-se da primeira vez que um vice-presidente do governo em exercício é chamado a prestar depoimento como acusado perante os tribunais na Argentina desde o retorno da democracia, em 1983.