Ao final de um dia marcado pelo funeral de três jovens israelenses, onde gritos de “vingança!” e “morte aos árabes!” foram entoados pelos presentes, um palestino de 17 anos foi sequestrado e executado nesta quarta-feira (02/07) em Jerusalém Oriental. A polícia israelense informou que testemunhas viram quando ele teria sido colocado à força em um carro no setor árabe da cidade. O assassinato está sendo considerado por lideranças palestinas como uma vingança.
UPDATE: Palestinian teen kidnapped in Jerusalem, and body found. Revenge attack suspected http://t.co/GUapiU11ll pic.twitter.com/qIeYINSr7Y
— Electronic Intifada (@intifada) julio 2, 2014
A violência escalou na região após a morte dos jovens israelenses. Tel Aviv afirma que membros do grupo islâmico Hamas são os responsáveis pelo crime e, mesmo antes de qualquer investigação — fato que foi criticado por lideranças mundiais e a ONG Anistia Internacional — lançou na terça-feira (01/07) um bombardeio sobre Gaza, destruindo casas e edifícios. Em Jenin, Yousef Abu Zagha, de 16 anos, foi morto por forças israelenses. O governo dos Estados Unidos existem “muitos indícios” de que o Hamas está por trás dos crimes.
Nesta manhã, o corpo de Mohamad Hussein Abu Jedei foi encontrado com sinais de violência em uma área arborizada. “É um ato bárbaro e horrível que condeno. Essa não é nossa maneira de atuar e tenho certeza que nossas forças de segurança levarão os culpados à justiça. Peço a todas as partes prudência”, afirmou o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat.
Efe
Polícia israelenses detém um manifestantes judeu de extrema direita durante manifestações pelo assassinato dos três adolescentes
Outros episódios de violência foram registrados em Jerusalém e outras localidades. Sanabel al-Tus, de 9 anos, foi atropelada propositalmente, enquanto quatro adolescentes israelenses foram detidos após atacar dois palestinos que trabalhavam no centro. Segundo o Haaretz, israelenses perguntaram as horas nas ruas para checar sotaque e identificar árabes.
Segundo meios de comunicação locais, policiais detiveram um jovem judeu mascarado quando tentava atacar um empregado de uma famosa rede de fast-food na cidade santa. Além disso, outros três adolescentes israelenses foram detidos quando tentavam uma ação similar contra um palestino de origem beduíno.
9-year-old Sanabel al-Tus recovers after being ran over by Israeli settlers last night (via @Elia_gor) pic.twitter.com/I8dSGolXlZ
— Rania Khalek (@RaniaKhalek) julio 1, 2014
A edição digital do jornal Yedioth Ahronoth informou, além disso, sobre enfrentamentos na rua Jaffa, pulmão comercial de Jerusalém, onde manifestantes bloquearam os acessos, trataram de entrar no mercado de Menahe Yehuda e gritaram palavras de ordem, exigindo que Israel vingue o assassinato dos três jovens estudantes.
Anistia Internacional
A organização internacional de defesa dos direitos Humanos Anistia Internacional (AI) afirmou nesta terça que o assassinato de três jovens israelenses é um crime injustificável, mas advertiu Israel que não deve representar “um castigo coletivo para os palestinos”. Em comunicado, o diretor para o Oriente Médio e o Norte da África da AI, Philip Luter, condenou o assassinato e insistiu que os culpados devem ser levados à Justiça.
“Morte aos árabes!”, gritam manifestantes israelenses em Jerusalém:
“Nada pode justificar esses sequestros e assassinatos, que novamente condenamos. Os responsáveis devem ser levados à Justiça”, afirmou. “Mas a justiça não pode ser feita buscando vingança e impondo uma punição coletiva, ou violando outros direitos dos palestinos. Ao contrário, as autoridades israelenses devem fazer uma investigação completa e imparcial que leve a julgar os suspeitos em julgamentos justos”, acrescentou.
“A lógica do olho por olho só aumenta a possibilidade de novas violações dos direitos humanos e dos abusos que palestinos e israelenses já sofrem. É necessário pará-la imediatamente”, concluiu.
Efe
Corpo de Yousef Abu Zagha, de 16 anos, morto por forças israelenses no campo de refugiados de Jenin, é velado por parentes
Os três jovens, Eyal Yifrach, de 19 anos, e Gilad Sha'er e Naftali Frenkel, ambos de 16, desapareceram em 12 de junho quando pegavam carona na saída da escola religiosa em um cruzamento próximo ao bloco de colônias de Gush Etzion e a cidade palestina de Hebron. Seus corpos, aparentemente baleados, foram encontrados ontem em um descampado próximo a esta cidade palestina, sepultados sob pedras, não muito longe de onde foram sequestrados.
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