Enquanto a atenção internacional se voltava para o primeiro jogo da semi-final da Copa do Mundo, Israel lançou uma série de bombardeios contra a Faixa de Gaza, no primeiro dia da operação “Margem Protetora”. Pelo menos 27 pessoas foram mortas e 100 ficaram feridas — dentre elas mulheres e crianças.
Efe
Exército israelenses bombardeou a Faixa de Gaza, matando mais de 20 pessoas, principalmente civis. Hamas respondeu com foguetes
Em resposta, grupos palestinos dispararam dezenas de foguetes contra cidades israelenses — um foi interceptado no céu de Tel Aviv. A polícia de Jerusalém disse que um míssil atingiu um campo nos arredores da cidade, enquanto outros não chegaram a atingir seus alvos.
#Israel: míssil disparado pelo Jihad Islâmica foi interceptado no céu de Tel Aviv (via @haaretzcom) pic.twitter.com/fZmvEx2r4M
— Opera Mundi (@operamundi) julio 8, 2014
A violência na região se intensificou desde a morte de três jovens israelenses na Cisjordânia no mês passado, seguida do assassinato de um adolescente palestino, incendiado com gasolina enquanto ainda estava vivo. O governo israelense culpa o Hamas pela morte dos jovens, fato que foi negado pelo grupo. O crime aconteceu poucas semanas após o Hamas e o Fatah definirem um acordo histórico de reconciliação — criticado por Israel.
Poucas horas depois do início da terceira operação contra o Hamas desde que o grupo assumiu o controle de Gaza, em 2007, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou a escalada, ao afirmar que prevê uma campanha bélica “conscienciosa, longa, contínua e dura”. O chefe do governo se reuniu em Tel Aviv com os principais responsáveis de Segurança para avaliar as diferentes opções e destacou a possibilidade de uma operação terrestre de grande escala.
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Familiares de militante do Hamas morto por bombardeio isaelense choram em Jabalia, localizada na Faixa de Gaza
Além disso, o governo já havia autorizado a mobilização de 40 mil reservistas para a fronteira com Gaza, território palestino cercado por Israel e alvo frequente de investidas militares. A pior delas, no final de 2008 e início de 2009, deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos. Treze israelenses, sendo 10 soldados, perderam a vida.
Reações
Em comunicado oficial, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, pediu ao governo israelense que freie a ofensiva e cobrou envolvimento da comunidade internacional para evitar uma escalada bélica que poderia levar instabilidade a toda a região. Segundo a agência de notícias oficial palestina Wafa, Abbas também fez “consultas urgentes” com líderes árabes e de outros países para tentar que o executivo israelense volte atrás na operação.
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As brigadas “Azedim al-Qassam”, pertencentes ao Hamas, responderam, por sua parte, que continuarão com suas operações até alcançar seus objetivos e que estão preparadas para ampliar e intensificar suas operações, que hoje incluíram uma tentativa de infiltração em território de Israel através do mar.
Peter Lerner, porta-voz militar para a imprensa estrangeira, afirmou que um soldado israelense ficou levemente ferido ao tentar impedir a entrada dos milicianos. O enfrentamento ocorreu perto de uma base militar próxima ao Kibutz de Zikim, no litoral mediterrâneo.
Efe
Palestinos observam escombros após explosão provocada pelo exército israelense na Faixa de Gaza, após escalada da violência
A Casa Branca condenou o lançamento de foguetes palestino e manifestou apoio ao direito de Israel de “se defender”. Nenhum comentário foi feito sobre a mortes de civis palestinos.
Na mesma linha se pronunciou a ONU (Organização das Nações Unidas), cujo secretário-geral, Ban Ki-moon, condenou o lançamento de foguetes contra Israel e pediu a máxima moderação às duas partes, depois de forças de segurança israelenses iniciarem uma ofensiva contra a faixa.
“O secretário-geral está extremamente preocupado com a perigosa escalada de violência, que já causou várias mortes e ferimentos a palestinos como resultado das operações israelenses contra Gaza”, disse o porta-voz de Ban, Stéphane Dujarric, na entrevista coletiva diária.
O diplomata, que considera “imperativo restaurar a calma”, pediu que todas as partes tenham “a máxima moderação e evitem mais baixas civis e desestabilização”. Ele ressaltou que também é necessário responder à “insustentável situação em Gaza nas dimensões política, de segurança, humanitária e de desenvolvimento” para conseguir uma solução.