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Política e Economia

É impossível contar a história de Cuba sem os EUA, diz responsável por patrimônio histórico de Havana

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Eusebio Leal Spengler evoca sua cidade e a gestão autônoma da qual se beneficia sua instituição, o Conselho Nacional do Patrimônio Cultural

Salim Lamrani

2014-08-23T09:00:00.000Z

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Eusebio Leal Spengler é o Historiador de Havana, “a cidade das colunas”, como a apelidava o escritor Alejo Carpentier. Doutor em História da Universidade de Havana, ele estuda as ciências arqueológicas e é um personagem reconhecido mundialmente por sua obra em favor da preservação do patrimônio histórico da capital cubana.

Depois do desmoronamento da União Soviética e o advento do Período Especial em Tempos de Paz, Cuba se afundou em uma profunda crise econômica. Leal foi encarregado, então, de continuar a obra de restauro do centro histórico, com recursos limitados. Chefiando o Conselho Nacional do Patrimônio Cultural, instituição criada para tal fim, conseguiu certa autonomia na administração do Escritório do Historiador.

http://www.eusebioleal.cu

Leal: Somos uma ilha e precisamos de diálogo permanente com o mundo que nos rodeia. Estamos dispostos a dialogar 

Leal transformou a instituição em uma verdadeira rede econômica e cultural, com hotéis, restaurantes, lojas, museus e oficinas de construção e restauração, capaz de gerar os fundos necessários para a preservação do centro histórico.

Ele também ampliou o quadro de competências do Escritório do Historiador. Além disso, reanimou a vida cultural e social da Havana Velha com uma porção de atividades que acontecem mensalmente em museus, centros culturais, bibliotecas e laboratórios de pesquisa.

Nesta conversa com Opera Mundi, Leal evoca sua cidade e a gestão autônoma da qual se beneficia sua instituição. Além disso, aborda a questão da relação com os Estados Unidos e as sanções econômicas, o desenvolvimento do turismo em Cuba, as reformas socioeconômicas e a Cuba do futuro.

Salim Lamrani: Qual é o papel do Escritório do Historiador de Havana?
Eusebio Leal: As primeiras medidas tiveram como objetivo preservar o patrimônio arquitetônico, devido ao perigo de desaparecimento por seu estado de deterioração. Mas partimos da preservação convencional de monumentos e o tempo nos convenceu que não poderia existir desenvolvimento patrimonial sem um desenvolvimento social e comunitário. Também concluímos que o desenvolvimento somente era possível se não fosse elitista, mas em seu papel de vanguarda, de mudança, de transformação, de busca do passado e do futuro.

SL: Em que momento tudo começou?
EL: Quando surgiu a grande crise que veio depois do desmoronamento do campo socialista, Fidel Castro reforçou a necessidade de o projeto da Havana Velha ser realizado com a criação de um modelo de gestão autônomo e sustentável, capaz de gerar seus próprios recursos, prevendo que um dia o turismo chegaria a Cuba. Era importante, então, criar o mecanismo, que era duplo.

O Escritório do Historiador é uma instituição muito antiga e muito prestigiosa da cultura, especializada em questões da cidade, que tinha um sistema de ciclos de conferências, uma pequena estrutura de publicações, um programa de televisão e de rádio e um museu, o Museu de Havana.

Então, decidimos primeiro dar uma personalidade jurídica a essa entidade com capacidade para possuir patrimônio. Foram entregues, então, ao Escritório do Historiador, todos os terrenos e edifícios de Havana Velha que pertenciam ao Estado. Esse conjunto imobiliário podia ser fonte de riqueza. Logo, o sistema bancário abriu uma linha de créditos para o Escritório do Historiador.

SL: Qual foi o orçamento inicial?
EL: Em outubro de 1994, Fidel nos entregou um orçamento de um milhão de dólares, que era a quantia que a República podia nos dar naquele momento de crise. Não tínhamos de devolver esse investimento, mas deveríamos investi-lo de tal forma que fôssemos financeiramente independentes. Nosso trabalho exigia uma base econômica e financeira autônoma. Era preciso enquadramento jurídico, apoio político, mas com autonomia financeira. Dois anos depois, em 1996, esse milhão gerou recursos equivalentes a três milhões de dólares. Hoje, 20 anos depois, esse milhão gera rendimentos 100 vezes superiores.

Esses rendimentos servem agora para restaurar nossa cidade e também para apoiar a comunidade, ajudá-la resolver os problemas e integrá-la ao nosso projeto. Compartilhamos os benefícios com a nossa comunidade por meio da criação de muitos empregos diversos, e de escolas-oficinas para formar a juventude e preservar o patrimônio e a memória cultural de Cuba. Conseguimos nos livrar a angústia dos empréstimos bancários. Preocupamos-nos com os idosos, os descapacitados, as mulheres grávidas, algo que nenhum outro escritório de restauração patrimonial do mundo faz. Acredito que a restauração da Havana Velha seja um capítulo da Revolução Cubana.

Brian Snelson/Flickr 

Gran Teatro de Havana é o mais antigo do Hemisfério Ocidental. Edifício é um dos ícones arquitetônicos da capital cubana

SL: Qual é o impacto das sanções econômicas sobre a preservação do patrimônio arquitetônico?
EL: Temos de importar muitos materiais, de muito longe. A tecnologia da restauração, que usa muitas tecnologias de uma vez, envolvendo maquinário, carpintaria, ferraria, poderia ser adquirida sem problema se existissem relações comerciais normais com os Estados Unidos, como foi o caso durante séculos.

Estamos em uma etapa de restauração na qual os edifícios não se constroem com madeiras dos bosques cubanos, mas com as dos bosques dos EUA, como uma espécie de pinheiro. É impossível encontrar esse tipo de madeira em outro lugar, a não ser lá.

Entretanto, temos relações ancestrais com os estadunidenses, já que as cidades da costa sul, da Flórida até Nova Orleans, a costa do Alabama, a desembocadura do Mississipi, sempre estiveram ligadas a Cuba ao longo da história. Por outro lado, alguns momentos da história política de Cuba, alguns acontecimentos da luta pela independência vêm, por um motivo ou outro, dos EUA. Há arquivos fascinantes, tumbas, uma memória coletiva, pequenas comunidades em Key West e Pensacola que fazem parte da História de Cuba.

SL: Os EUA foram historicamente uma terra de asilo para os cubanos.
EL: De fato. Por outro lado, é impossível contar a história de Cuba sem falar dos EUA e vice-versa. As tropas cubanas saíram de Havana para ajudar os EUA em sua guerra de independência com a Inglaterra, quando Cuba ainda era colônia espanhola. As forças cubanas lutaram em Georgetown ao lado de George Washington. Não é possível escrever a história da música estadunidense ou de nossas preferências musicais sem essa troca da rumba, do jazz, entre nossos dois países. Compartilhamos grandes artistas. Havana é a cidade de Ernest Hemingway e de muitos outros escritores estadunidenses. Existe uma bela relação literária, intelectual, pessoal. Não é possível falar da história de José Martí, da fundação do Partido Revolucionário Cubano, nem sequer de Fidel Castro, sem mencionar os EUA.

SL: Quais mudanças o turismo trouxe para Cuba?
EL: Para uma ilha bloqueada há meio século, o fato de o turismo ter se desenvolvido, quebrando assim todas as campanhas anticubanas, é motivo de satisfação. Somos uma ilha e precisamos de diálogo permanente com o mundo que nos rodeia, e toda tentativa de nos isolarmos é um erro. Estamos dispostos a dialogar.

Perseguidos e assediados por múltiplas necessidades, é lógico que no começo do desenvolvimento do processo turístico surjam fricções e situações complexas. Quem traz o dinheiro sempre desempenha um papel dominante em uma sociedade em crise. Não há dúvida. Mas não podemos nos fechar em uma fortaleza de cristal. Por esse motivo somos favoráveis ao diálogo, independentemente do fato de isso gerar recursos econômicos indispensáveis para Cuba, sobretudo desde que alguns americanos podem viajar para Cuba, graças às medidas de flexibilização tomadas pela administração de Obama.

É claro que essas medidas não são as que esperávamos nem as que a Constituição dos EUA exige, mas é um primeiro passo. Lembremos que Cuba é o único país do mundo que os cidadãos dos Estados Unidos não podem visitar livremente.

SL: Cuba vive, atualmente, uma época de mudanças, de reformas, de atualização de seu modelo socioeconômico. Que caminho o país pretende seguir?
EL: Cuba tem o direito de seguir seu próprio caminho. Não traímos ou estamos endividados com ninguém. Acredito que o melhor legado que recebemos da nossa história é essa vontade de sermos originais.

Nos esperam na esquina, como sempre, cada vez que ganhamos uma batalha. Mas não importa, estamos acostumados. A mudança é inevitável. Tudo o que fica estagnado, perece.

SL: Os EUA dizem que o governo cubano dá as costas aos interesses de seu povo.
EL: Seríamos o povo mais vil, covarde e medíocre da Terra se nos submetêssemos a uma tirania de cinco décadas sem nos rebelar. Nosso povo se rebelou durante mais de cem anos em diversas ocasiões. Primeiro, contra o exército espanhol, que era um dos mais experientes do mundo, com uma determinação em combater a rebelião daqueles que consideravam seus filhos extraviados. Conseguimos nossa liberdade, antes que fosse maculada pela intervenção interesseira dos EUA, que desejava se apropriar de Cuba, como previu José Martí.

Para nós, os verdadeiros direitos humanos estão no fato de, em uma sociedade latino-americana como a nossa, quando surge um grande acidente, um ciclone, por exemplo, o primeiro a ajudar, na primeira fila, é o chefe de Estado.

Nunca vi em Cuba a polícia usar cachorros contra manifestantes, nem um veículo das autoridades lançando água nas pessoas, nem gases lacrimogêneos. O que pensar quando vemos estudantes espancados pela polícia, jovens de mãos atadas, mulheres espancadas em Washington, na capital dos Estados Unidos? De que direitos humanos estamos falando? Onde estão as máfias organizadas de Cuba como são as de todos os países que pretendem nos dar lições?

SL: A Revolução Cubana não cometeu nenhum erro?
EL: A Revolução em si, como toda revolução verdadeira, não pode se desentender com a sua própria história, com os momentos em que pode ter errado. Em geral, são erros graves que os homens cometeram. Não foram cometidos em nome da ideia, mas pelos homens ou pela deturpação da ideia.

Em Cuba, o salário da mulher é igual ao do homem pelo mesmo trabalho. Em Cuba, ainda há muitas pessoas preconceituosas, mas não há quotas para entrar na universidade. Em Cuba, apesar de todas as necessidades que temos, não há uma única criança que durma debaixo da ponte. Esses são os verdadeiros direitos humanos. O direito à educação, a uma vida digna, à saúde.

SL: Como o senhor enxerga a Cuba de amanhã?
EL: Não sei. Gostaria de poder imaginá-la. Imagino que será diferente, não apenas por uma lei natural de evolução da sociedade e da espécie, mas porque os cubanos serão também diferentes. Minha mãe me dizia sempre, quando a via passar roupa à noite para nos alimentar: “Eu não me prostituí para te criar”. Tomara que as próximas gerações pensem o mesmo de nós.

* Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV,  Salim Lamrani é professor-titular da Universidade de la Reunión e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama The Economic War Against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.
Contato: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr
Página no Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel

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Política e Economia

China diz a Joe Biden para não subestimar sua determinação em reunificar Taiwan

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Declaração é feita após presidente norte-americano confirmar que EUA defenderiam Taiwan militarmente se Pequim invadisse a ilha

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2022-05-23T21:40:00.000Z

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A China disse nesta segunda-feira (23/05) ao presidente norte-americano Joe Biden que "não subestime" sua "firme determinação" de "proteger sua soberania", após comentários do presidente norte-americano prometendo defender militarmente Taiwan no caso de uma invasão do exército de Pequim.

Desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, a ilha com uma população de 24 milhões de habitantes é governada por um regime rival ao regime comunista que governa a China continental.

A China pretende "reunificar" o território insular à "pátria-mãe". A potência asiática não renuncia ao uso da força armada, particularmente no caso de uma declaração formal de independência pelas autoridades de Taiwan.

Depois de manter por muito tempo certa ambiguidade, o presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou nesta segunda-feira em Tóquio que os Estados Unidos defenderiam Taiwan militarmente se Pequim invadisse a ilha.

"Nós concordamos com a política de uma China única, nós a assinamos, mas a ideia de que (Taiwan) possa ser tomada à força simplesmente não é apropriada", disse Biden. "Isto irá separar toda a região e será uma ação semelhante ao que aconteceu na Ucrânia", comparou o presidente dos EUA.

Pequim reagiu rapidamente. "Ninguém deve subestimar a determinação firme, a forte vontade e a poderosa capacidade do povo chinês de defender a soberania nacional e a integridade territorial", disse Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia chinesa.

"Pedimos aos Estados Unidos que evitem enviar sinais errados às forças de independência" em Taiwan, disse ele em uma coletiva de imprensa.

Embora Washington tenha reconhecido diplomaticamente Pequim desde 1979 e não mais Taipei, o apoio norte-americano a Taiwan nunca foi interrompido. Os Estados Unidos, que fizeram da China um rival estratégico, continuam sendo o parceiro e fornecedor de armas mais importante da ilha.

PxHere
A China pretende "reunificar" o território insular à "pátria-mãe"

Escala japonesa

Após uma visita de três dias à Coreia do Sul, Biden está no Japão desde domingo (22/05) à noite, com autoridades norte-americanas considerando esses dois países como os pilares do sistema norte-americano diante da ascensão da China na região.

Exibindo uma frente unida contra Pequim, Biden e o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida também reafirmaram sua visão compartilhada de uma região Indo-Pacífica livre e aberta, e disseram que concordaram em monitorar a atividade naval chinesa na região, onde a China mostra ambições crescentes.

O presidente dos EUA também mirou na Rússia, dizendo que Moscou tem que, a longo prazo, "pagar um preço alto" por sua "barbárie na Ucrânia" em relação a sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados.

"Não se trata apenas da Ucrânia", disse Biden. Porque, se "as sanções não fossem mantidas, que sinal seria enviado à China sobre o preço de uma tentativa de tomar Taiwan à força?".

Liderança norte-americana no Indo-Pacífico

Ainda em Tóquio, na terça-feira (24/05), Biden buscará reforçar a liderança norte-americana na região da Ásia-Pacífico, juntando-se a líderes da Austrália, Índia e Japão para uma cúpula de uma aliança informal, o Quad.

Esta é uma "oportunidade para trocar pontos de vista e continuar a promover a cooperação na região do Indo-Pacífico", disse a Casa Branca.

No entanto, a Índia, membro do Quad, até agora se destacou por sua recusa em condenar abertamente Moscou pela guerra na Ucrânia ou por restringir seu comércio com a Rússia. Biden terá uma reunião individual na terça-feira com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.

O presidente norte-americano anunciou hoje em Tóquio o lançamento de uma nova parceria econômica na Ásia e no Pacifico, com a participação de 13 paises, com exceção da China. O acordo não é de livre-comércio, mas prevê uma maior integração entre os paises membros em torno de quatro eixos: a economia digital, cadeias de abastecimento, energias verdes e a luta contra a corrupção.

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