Sitiada, padecendo de fome e desprovida de recursos militares navais, Atenas capitula em 22 de abril de 404 a.C. e se vê obrigada a aceitar as condições impostas por Esparta. Os longos muros que a contornavam, símbolo de seu poderio, são destruídos enquanto o Império, que existia por meio da Confederação de Delos, é dissolvido. Mas, sobretudo, a democracia ateniense é substituída por um regime oligárquico: o Conselho dos Trinta.
Esparta imporia em seguida a todas as democracias erguidas segundo o modelo ateniense as decarquias e oligarquias governadas por dez pessoas. Esses regimes, autoritários e violentos, seriam vistos como uma regressão, notadamente em Atenas, que os intepreta como um retorno à tirania. Ora, Atenas havia sido construída contra a tirania e o poder de um só: esta curta experiência traumatizante passaria a ser conhecida pela história como o regime dos trinta Tiranos.
O conflito entre Atenas e Esparta, conhecido como a Guerra do Peloponeso, ocorreu entre 431 e 404 a.C. De acordo com Tucídides, a guerra resultou do crescimento do poder ateniense e o temor que o mesmo despertava entre os espartanos. Depois de uma paz provisória em 421 a.C., a guerra foi retomada em 413 a.C. Atenas continuou vitoriosa até 406 a.C. A partir de então, o apoio financeiro da Pérsia e a liderança do espartano Lisandro alteraram a balança. Atenas rendeu-se em abril de 404 a.C.. Seguiram-se um golpe oligárquico, apoiado por Esparta, e o reino de terror da “Tirania dos Trinta”. A democracia foi restabelecida em 403 a.C.
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“Muitas vezes no passado, senti que a democracia é incompatível com a direção de um império … todas as vezes que sois induzidos em erro por seus representantes ou cedeis por piedade, vossa fraqueza vos expõe a perigos e não conquista sua gratidão, sois incapazes de ver que vosso império é uma tirania”, discursou Clêon, de acordo com Tucídides, em A Guerra do Peloponeso.
A história dos conflitos entre Atenas e Esparta começou bem antes. Ao longo do século 5 a.C., reinava um equilibrado ordenamento entre as cidades-Estado da região. Apesar de distintas entre si, algumas eram voltadas para o poderio militar, caso de Esparta, outras para a cultura, como Atenas, houve um consenso de que, juntas militarmente, eram praticamente imbatíveis diante dos demais povos conhecidos na época.
A fim de concretizar esse consenso, foi criada a Confederação de Delos, entidade militar responsável por proteger as cidades-Estado de ataques externos. A ideia de colocar em prática essa associação foi desenvolvida inicialmente por Atenas, pois esta havia se envolvido numa disputa comercial com os persas; o conflito entre os dois recebeu o nome de Guerras Médicas. Foram três grandes embates, e a noção geral resultante do conflito foi que Atenas só venceu porque recebeu a ajuda da Confederação.
O fortalecimento da Confederação acirrou os ânimos dos participantes na disputar pelo comando, pois uma rotatividade havia sido previamente estabelecida. Contudo, Atenas não queria perder o controle sobre a organização. Houve reações contra a “quebra de palavra” dos atenienses, e a de Esparta foi a mais vigorosa.
Como Atenas não recuou, Esparta anunciou sua retirada da Confederação, e, imediatamente, criou uma nova, a Liga do Peloponeso, cujo objetivo era desbancar a hegemonia ateniense sobre as cidades-Estado helênicas.
Guerra do Peloponeso
Com a rivalidade exacerbada, eclode a Guerra do Peloponeso, entre a Confederação de Delos e a Liga do Peloponeso. A região virou um verdadeiro barril de pólvora com as disputas comerciais e políticas das duas potências. Ambas imaginavam que somente uma guerra poderia estabelecer de fato a hegemonia.
Entretanto, seguindo a tradição da cultura helênica, não poderia haver conflito sem motivos, e estes só surgiram por conta de outra importante cidade da região, Corinto. Corinto quis sair da Confederação de Delos, Atenas não aceitou. Esparta intimou então Atenas a respeitar a vontade soberana dos corintianos, ameaçando invadi-la caso isso não ocorresse. Como os atenienses fizeram justamente o contrário, invadindo Corinto, Esparta declarou guerra a Atenas em 431 a.C.
A rivalidade chegou a um final abrupto quando Felipe da Macedônia invadiu o país pelo norte. As cidades-Estado gregas foram engolidas pelo império que Filipe e seu filho, Alexandre o Grande, estenderam sobre grande parte da Grécia e da Ásia.
*Com informações da Companhia da Escola
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