Os protestos de estudantes pró-eleições livres em Hong Kong ganharam novo fôlego nesta sexta-feira (10/10), um dia após o governo anunciar a suspensão do diálogo formal previsto para hoje.
Nesta semana, o número de estudantes havia diminuído consideravelmente nas ruas. Contudo, agências de notícias reportaram que os manifestantes voltaram a instalar barracas no centro da ilha, bloqueando as principais vias que levam ao distrito financeiro. Segundo os estudantes, as mobilizações devem continuar até que o Executivo retome o diálogo.
Efe
Estudantes voltaram a ocupar ruas de Hong Kong nesta sexta
“Estamos aqui para fazer mais pressão e para forçar o governo a nos escutar. Não esperamos que nossas reivindicações sejam cumpridas imediatamente, mas sim que nosso governo abra a via do diálogo e entenda que a democracia é dos cidadãos, não das instituições”, afirmou à Efe a administradora Miriam Fong.
Os três principais organizadores dos protestos – Occupy Central, Scholarism e a Federação de Estudantes de Hong Kong – anunciaram que não vão desocupar as ruas da cidade. Os manifestantes estão bem equipados, com estações de abastecimento estocadas com itens como água, biscoitos, macarrão e cereais, além de chuveiros improvisados e dezenas de tendas, reportou a Reuters.
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Nesta manhã, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, declarou à comunidade internacional que os assuntos de Hong Kong pertencem à “política interna” da China e ressaltou a necessidade de respeitar a soberania de cada país. O premiê lembrou que Pequim mantém a diretriz de “um país, dois sistemas”, com uma “grande autonomia” para a ilha, ressaltando que “não houve mudanças nessa política e assim seguirá”.
Na quinta (09/10), a “número dois” do Executivo local, Carrie Lam, anunciou o fechamento das negociações após os manifestantes exigirem que autoridades anticorrupção investigassem um pagamento de US$ 6,4 milhões, por conta de supostas transações comerciais, feito ao chefe do Executivo de Hong Kong, C.Y. Leung, quando ele já ocupava o cargo.
Os estudantes pedem democracia plena na ex-colônia britânica, incluindo um sistema de votação livre na escolha do novo líder de Hong Kong, prevista para acontecer em 2017. Os protestos começaram após Pequim determinar que vai escolher quem serão os candidatos no pleito, uma proposta inaceitável pelos manifestantes.
Carlos Latuff/ Opera Mundi