Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Política e Economia

Protestos voltam a crescer em Hong Kong após vídeo mostrar policiais agredindo manifestante

Encaminhar Enviar por e-mail

Governo volta a sinalizar abertura para dialogar com estudantes, mas descarta eleições abertas para 2017; oficiais foram afastados após agressões

Redação

2014-10-16T18:46:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Após a divulgação de um vídeo em que seis policiais agridem um jovem detido, a manifestação de estudantes em Hong Kong a favor do sufrágio universal na região voltou a crescer. Os agentes envolvidos foram afastados nesta quinta-feira (16/10) e o chefe do executivo de Hong Kong, C.Y. Leung, afirmou que o governo está disposto a conversar com os líderes dos protestos.

Agência Efe

Jovens voltaram a colocar barracas em avenidas importantes de Hong Kong

Após as imagens divulgadas na quarta-feira (15/10), cerca de 500 pessoas prestaram queixas nos escritórios da Polícia de Hong Kong, no distrito de Wan Chai. O vídeo mostra o jovem identificado como Ken Tsang Kin Chiu sendo agredido por seis policiais que chutam e desferem soco contra ele, que tinha as mãos atadas.

O diretor da Anistia Internacional de Hong Kong, Mabel Au, disse que “as investigações sobre o caso devem ser conduzidas com rapidez e que os envolvidos em atos ilícitos devem ser processados”.

Diante do pedido norte-americano de investigação “rápida, transparente e completa” sobre a suposta agressão, o governo chinês disse que “nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir” nos assuntos internos de Hong Kong, como afirmou o porta-voz do ministério de Assuntos Exteriores, Hong Lei. Ele assegurou que Hong Kong realiza uma investigação sobre o vídeo.

Durante a madrugada desta quinta, os protestos tiveram continuidade e ocorreram novos confrontos entre a polícia e os manifestantes. Cerca de 300 pessoas bloquearam uma das ruas que dá acesso ao Parlamento e aos escritórios do chefe de Hong Kong. Um jovem foi detido e a polícia utilizou gás de pimenta para dispersar os manifestantes. A mobilização na região já dura mais de duas semanas.

Diálogo

Apesar de sinalizar disposição ao diálogo, Leung advertiu hoje que pode não haver mudanças na decisão de Pequim sobre como será eleito o próximo líder de Hong Kong em 2017. "Durante os últimos dias, transferimos aos estudantes o nosso desejo de querer iniciar um diálogo oficial para discutir o sufrágio universal o quanto antes, com sorte na semana que vem", afirmou. "[Mas] A decisão da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma eleitoral não pode ser revisada para 2017." De acordo com ele, essa não será a última oportunidade para a conquista do sufrágio universal.

Na quinta (09/10), a número dois do Executivo local, Carrie Lam, anunciou o encerramento das negociações com os estudantes após os manifestantes exigirem que autoridades anticorrupção investigassem um pagamento de US$ 6,4 milhões, por conta de supostas transações comerciais feitas a Leung quando ele já ocupava o cargo. 

Nos últimos dias, os protestos tinham diminuído na ilha e os estudantes afirmaram que iriam encerrar as manifestações em algumas regiões, mas após a suspensão das conversas, os protestos ganharam novo fôlego.

Imprensa internacional

Após os atos, a emissora britânica BBC afirmou que o site mantido na China foi bloqueado. “A BBC condena fortemente quaisquer tentativas de restringir o livre acesso às notícias e informações e estamos protestando perante as autoridades chinesas. Isso parece ser uma censura deliberada”, disse Peter Horrocks, diretor do grupo de serviços mundiais do grupo, em comunicado divulgado ontem à noite.

Carlos Latuff/ Opera Mundi

De acordo com a agência Reuters, os sites do New York Times, da agência de notícias Bloomberg e da BBC em inglês também estão indisponíveis.

Um representante chinês disse ontem à imprensa estrangeira em Hong Kong que a China tem visto interferência de “forças externas” nos protestos pró-democracia, e pediu que jornalistas internacionais sejam “objetivos" em seus relatos.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

Encaminhar Enviar por e-mail

Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados