Após a divulgação de um vídeo em que seis policiais agridem um jovem detido, a manifestação de estudantes em Hong Kong a favor do sufrágio universal na região voltou a crescer. Os agentes envolvidos foram afastados nesta quinta-feira (16/10) e o chefe do executivo de Hong Kong, C.Y. Leung, afirmou que o governo está disposto a conversar com os líderes dos protestos.
Agência Efe
Jovens voltaram a colocar barracas em avenidas importantes de Hong Kong
Após as imagens divulgadas na quarta-feira (15/10), cerca de 500 pessoas prestaram queixas nos escritórios da Polícia de Hong Kong, no distrito de Wan Chai. O vídeo mostra o jovem identificado como Ken Tsang Kin Chiu sendo agredido por seis policiais que chutam e desferem soco contra ele, que tinha as mãos atadas.
O diretor da Anistia Internacional de Hong Kong, Mabel Au, disse que “as investigações sobre o caso devem ser conduzidas com rapidez e que os envolvidos em atos ilícitos devem ser processados”.
Diante do pedido norte-americano de investigação “rápida, transparente e completa” sobre a suposta agressão, o governo chinês disse que “nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir” nos assuntos internos de Hong Kong, como afirmou o porta-voz do ministério de Assuntos Exteriores, Hong Lei. Ele assegurou que Hong Kong realiza uma investigação sobre o vídeo.
Durante a madrugada desta quinta, os protestos tiveram continuidade e ocorreram novos confrontos entre a polícia e os manifestantes. Cerca de 300 pessoas bloquearam uma das ruas que dá acesso ao Parlamento e aos escritórios do chefe de Hong Kong. Um jovem foi detido e a polícia utilizou gás de pimenta para dispersar os manifestantes. A mobilização na região já dura mais de duas semanas.
Diálogo
Apesar de sinalizar disposição ao diálogo, Leung advertiu hoje que pode não haver mudanças na decisão de Pequim sobre como será eleito o próximo líder de Hong Kong em 2017. “Durante os últimos dias, transferimos aos estudantes o nosso desejo de querer iniciar um diálogo oficial para discutir o sufrágio universal o quanto antes, com sorte na semana que vem”, afirmou. “[Mas] A decisão da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma eleitoral não pode ser revisada para 2017.” De acordo com ele, essa não será a última oportunidade para a conquista do sufrágio universal.
Na quinta (09/10), a número dois do Executivo local, Carrie Lam, anunciou o encerramento das negociações com os estudantes após os manifestantes exigirem que autoridades anticorrupção investigassem um pagamento de US$ 6,4 milhões, por conta de supostas transações comerciais feitas a Leung quando ele já ocupava o cargo.
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Nos últimos dias, os protestos tinham diminuído na ilha e os estudantes afirmaram que iriam encerrar as manifestações em algumas regiões, mas após a suspensão das conversas, os protestos ganharam novo fôlego.
Imprensa internacional
Após os atos, a emissora britânica BBC afirmou que o site mantido na China foi bloqueado. “A BBC condena fortemente quaisquer tentativas de restringir o livre acesso às notícias e informações e estamos protestando perante as autoridades chinesas. Isso parece ser uma censura deliberada”, disse Peter Horrocks, diretor do grupo de serviços mundiais do grupo, em comunicado divulgado ontem à noite.
Carlos Latuff/ Opera Mundi
De acordo com a agência Reuters, os sites do New York Times, da agência de notícias Bloomberg e da BBC em inglês também estão indisponíveis.
Um representante chinês disse ontem à imprensa estrangeira em Hong Kong que a China tem visto interferência de “forças externas” nos protestos pró-democracia, e pediu que jornalistas internacionais sejam “objetivos” em seus relatos.