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Política e Economia

Em busca de método menos invasivo, hospitais franceses trocam anestesia geral por hipnose

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Médicos deixam de lado substâncias pesadas e economizam com internação mais curta ao usar estado alterado de consciência para desviar foco da dor no paciente

Amanda Lourenço

2014-11-11T08:00:00.000Z

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“Hoje vamos fazer uma pequena viagem”, começa o médico Marc Galy no Hospital Saint-Joseph, em Paris. O passeio da vez é em um jardim, mas também poderia ser na praia ou em uma estação de esqui: o destino depende apenas da preferência do interlocutor. “Imagine que você está no seu jardim, no meio de suas plantas, um lugar confortável e familiar”, continua o médico. O paciente respira calmamente e responde quando solicitado. A cena não teria nada de especial se estivesse acontecendo na ala de psiquiatria do hospital, mas o doutor Galy é anestesista e seu paciente está prestes a ser submetido a uma cirurgia vascular.

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Amanda Lourenço/Opera Mundi

Adepto da hipnose, o anestesista Galy fala com paciente enquanto conduz o processo hipnótico na sala de cirurgia de hospital em Paris

Enquanto isso, a equipe médica, liderada pelo cirurgião Samy Anidjar, se prepara em silêncio para a operação. “Quando eu começo a conversar com o paciente todo mundo fica quieto”, explica Galy. Muitas vezes, só de saber que existe alguém por perto disponível para se concentrar nele, o paciente se sente mais protegido: “As pessoas gostam quando a gente dá atenção a elas”, relata o anestesista.

A prática da hipnose vem ganhando espaço nos centros cirúrgios da França como uma alternativa menos medicamentosa aos procedimentos anestésicos tradicionais e invasivos. Combinada com a anestesia local, a hipnose pode substituir o uso de substâncias pesadas e, muitas vezes, até mesmo a anestesia geral. Os benefícios são inúmeros: diminuição dos riscos de infecção, melhor cicatrização, pacientes mais calmos e internados por menos tempo. Há também a vantagem econômica, já que, para cada dia a menos de internação em um leito público, os cofres franceses economizam aproximadamente € 1.500 (cerca de R$ 4.800).

No hospital Saint-Joseph, grande parte das cirurgias é feita com hipnose. A equipe de Samy Anidjar já fez mais de 400 operações da carótida com este método — e os resultados têm sido sempre positivos. Especialistas dizem que há pessoas mais resistentes do que outras, mas entre 90% e 95% da população haveria bons candidatos. A contraindicação mais frequente fica com os pacientes com histórico de psicose.

Além disso, as crianças seriam mais suscetíveis ao método da hipnose por causa da facilidade que têm em soltar a imaginação. O hospital infantil Trousseau, também em Paris, inaugurou em outubro deste ano uma nova unidade de cirurgia ambulatorial que utiliza métodos inovadores na ala operatória, como um capacete 3D disponível para as crianças se distraírem, além da substituição da anestesia geral pela hipnose. Até o momento, a hipnose infantil era usada apenas para combater dores no pós-operatório, mas agora está sendo incluída como auxílio em cirurgias viscerais.

Como funciona

A hipnose é um estado alterado de consciência, no qual a atenção do indivíduo é focada em um objeto específico, conduzido pelo hipnotizador. O processo é bem diferente dos clichês que aparecem frequentemente nas salas de cinema. “A hipnose é simplesmente um corte com a realidade. A pessoa tem que se concentrar em alguma coisa e esquecer todas as outras”, explica Galy a Opera Mundi em uma sala de reunião do hospital Saint-Joseph. “Na verdade é um processo natural no ser humano. Estamos aqui conversando, você está prestando atenção no que eu estou dizendo, por isso aposto que não percebeu que entrou uma pessoa na sala para pegar algo e que um médico passou pela porta carregando um aparelho enorme”, exemplifica, com precisão, o anestesista.

Além de seu efeito anestésico, o estado hipnótico tem outras utilidades, como o tratamento de fobias e traumas. O especialista usa essa janela da consciência para acessar lugares que seriam mais difíceis com a mente totalmente acordada. Na anestesia, o objetivo é apenas o estado hipnótico por si só, que já é suficiente para desviar o foco da dor.

Desde o século XVIII há registros de práticas médicas semelhantes à hipnose, mas ao longo das décadas sempre oscilou entre um tratamento revolucionário e um método descreditado. Foi apenas nos anos 1980 que voltou com alguma credibilidade na França, graças aos psicanalistas Léon Chertok e François Roustang. A universidade de Liège, cidade localizada no centro do país, começou a experimentar a hipnose como anestésico na década de 1990 e hoje oferece um curso específico sobre a técnica que já formou mais de 420 profissionais de toda a Europa.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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