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Política e Economia

Escândalos de corrupção e políticos presos: em 2014, Portugal saiu da troika e entrou na Justiça

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Só neste ano, um banco quebrou, um ex-primeiro-ministro foi preso, e um ex-deputado, condenado; juiz diz que corrupção, no entanto, não aumentou

Marana Borges

2014-12-27T10:00:00.000Z

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Nem bem celebrou a saída do duro programa de resgate financeiro imposto pela “troika” (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), em maio deste ano – apesar de ficar sob vigilância dos credores internacionais até ao menos 2035, e de o desemprego ainda rondar os 14% –, as mazelas da austeridade passaram a disputar a atenção com outras: as das suspeitas de crimes do colarinho branco. Em 2014, Portugal viu-se assolado por uma onda de escândalos envolvendo grandes figuras políticas, empresariais e policiais.

A prisão preventiva do ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates foi o estopim de um período de escândalos iniciado com a queda do Banco Espírito Santo (BES) e, depois, com a descoberta de um esquema fraudulento de concessão de vistos a empresários estrangeiros. Em paralelo, a Justiça condenou 36 acusados de participarem de uma rede de tráfico de influência em licitações públicas (conhecida como “Face Oculta”), além dos envolvidos na falência do Banco Português de Negócios (BPN).

O BPN foi nacionalizado em 2008. Duarte Lima, ex-deputado do Partido Social Democrata (mesma sigla do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho), acaba de ser condenado a 10 anos de prisão por obter créditos fraudulentos milionários, mas promete recorrer.

Flickr/theglobalpanorama

Agência do antigo Banco Espírito Santo em Portugal: instituição, uma das mais tradicionais do país, fechou neste ano

Em novembro, foi a vez de a detenção de Sócrates, primeiro-ministro entre 2005 e 2011, acalorar o debate público. Pouco se sabe ainda sobre os fundamentos das acusações que pesam sobre ele, como fraude fiscal e corrupção, mas têm sido comuns vazamentos de informações em segredo de Justiça. Cidadãos protocolaram dois pedidos de habeas corpus – ambos rejeitados pelo Supremo Tribunal de Justiça.  

Portugal: O 25 de Abril que não aconteceu, por Boaventura de Sousa Santos

Em carta publicada na imprensa portuguesa, Sócrates afirma: “A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espetáculo montado em torno dela, uma infâmia”. Preso desde 24 de novembro, o ex-primeiro-ministro chama o acontecido de “humilhação gratuita”.

Corrupção

António da Costa Pinto, professor da Universidade de Lisboa e um dos mais reputados analistas políticos do país, acredita que a corrupção se dê especialmente “entre partidos, poder local e grupos privados”. Para ele, “a promiscuidade entre setor financeiro e político – que, em geral não é ilegal – muitas vezes resulta em corrupção”.

A onda de privatizações dos anos 1980, seguida da entrada de Portugal na União Europeia (1986), que garantiu recursos para investir em grandes infraestruturas, bem como as parcerias público-privadas a partir dos anos 2000, estão no cerne de grande parte dos casos de corrupção, explica Costa Pinto. Sem grandes obras e rodovias para construir, os grupos corruptos saem à busca de oportunidades em outros setores.

O maior símbolo da ambígua relação entre política e negócios talvez seja Ricardo Salgado, ex-presidente e fundador do BES. Conhecido em Portugal como “o dono disto tudo”, ele herdou um império familiar que data da monarquia. Era frequente que pessoas ligadas às suas empresas ocuparem depois postos de destaque nos governos, e vice-versa.

Agência Efe

Ex-primeiro-ministro José Sócrates foi preso, acusado de corrupção; ele fala em "humilhação gratuita"

Com o colapso do BES e um resgate aprovado pelo Banco de Portugal, o caso virou alvo de uma CPI no Parlamento. Salgado responde em liberdade aos crimes de lavagem de dinheiro, abuso de confiança e burla.

Leia também: 40 anos depois da Revolução dos Cravos, Portugal democrático sofre com austeridade

O número e o alcance dos casos não assusta o juiz José Mouraz Lopes, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses: “A corrupção não aumentou, mas, sim, as condições de investigação policial e atuação da Justiça”, afirmou a Opera Mundi. Ele destaca o aprimoramento dos métodos de investigação criminal e a maior facilidade de cruzamentos de dados como passos importantes para a celeridade e eficácia da Justiça: “É o Estado de Direito a funcionar”.

Segundo a última pesquisa disponível da ONG Transparência Internacional, 57% dos residentes em Portugal acreditam que a corrupção aumentou nos últimos dois anos (entre 2012 e 2013), e 73% pensam que os partidos políticos são corruptos. No entanto, no ranking mundial sobre percepção de corrupção recentemente divulgado, Portugal aparece em 31º lugar entre 175 países – à frente da Espanha, por exemplo.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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