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Política e Economia

Chile: Após série de ofensas racistas, jogador de futebol venezuelano pede para sair de time

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Um dos poucos negros que atua no futebol chileno, Emilio Rentería foi alvo de xingamentos como “negro imundo” e “macaco louco”

Victor Farinelli

2015-01-01T08:00:00.000Z

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Arica, extremo norte do Chile, 22 de novembro: San Marcos (time da cidade) e Deportes Iquique (da cidade vizinha) disputam o clássico da região. Pelo lado da torcida visitante, o principal alvo era o jogador venezuelano Emilio Rentería, um dos poucos negros que atua no futebol chileno. “Negro imundo” e “macaco louco” foram alguns dos gritos relatados na súmula do jogo.

Wikicommons
Não era a primeira vez que Rentería sofria insultos racistas nos gramados. Este é o terceiro caso em jogos do Campeonato Chileno, desde que chegou ao San Marcos, em julho passado – os anteriores foram em jogos do time como visitante, contra o O'Higgins e o Ñublense.

[Rantería, durante jogo em 2010 com uniforme do time norte-americano Columbus Crew]

Também houve um quarto incidente, ocorrido durante um treinamento da seleção venezuelana para o amistoso contra o Chile, disputado em setembro, na cidade de Talcahuano.

Tantas situações em apenas cinco meses fizeram o jogador pedir a rescisão do contrato com o San Marcos. Ele fez um acordo com a direção do clube para ser negociado após o primeiro semestre de 2015, quando termina o primeiro Campeonato Chileno do ano.

“Não é fácil conviver com isso, porque já não é um caso isolado, e você não sabe quando vai parar”, reclamou o jogador em entrevista por telefone para Opera Mundi.

Rentería diz que tem conversado muito com a família. “Tenho pensado muito, porque é forte dizer que um país inteiro é racista e eu não quero ser injusto, mas nunca tinha acontecido comigo tantos casos em tão pouco tempo e isso me incomoda muito."

Ele afirma que não é a primeira vez que enfrenta casos de racismo, mas que as anteriores ocorreram há cerca de dez anos atrás, quando jogava no Levante, da Espanha. “Naquela época eu me senti mal, porque era mais jovem. Fiquei três anos por lá e acontecia uma ou outra vez, mas não com a frequência que eu vi aqui”.

O gol que parou o jogo

Aos 12 minutos do segundo tempo do jogo contra o Deportes Iquique, Rentería marca para o San Marcos o único gol da partida. E vai comemorar com a torcida adversária: o atacante bate no peito e começa a retrucar as ofensas dos torcedores rivais.

“Não sei o que me aconteceu naquela hora. Costumo ser um cara tranquilo, mas já eram meses tendo que aceitar isso calado, e passei o primeiro tempo inteiro aguentando provocação. Na hora do gol, não deu para segurar. Era muita coisa atravessada na garganta”, explicou o futebolista.

Seus companheiros o tiraram de perto do alambrado, mas já era tarde. A torcida do Deportes Iquique aumentou o tom das ofensas e ameaçou invadir o gramado para agredir o jogador. A polícia não conseguiu controlar a situação e o árbitro Julio Bascuñán decidiu encerrar a partida.

Na semana seguinte, com a decisão da ANFP (Associação Chilena de Futebol) de dar os pontos para o time da casa, o uruguaio Nelson Acosta, técnico do Iquique, acusou o jogador de ter provocado a torcida do seu time. “Ofensas das torcidas são coisas normais do futebol, todo jogador tem que aceitar isso, e a coisa só ficou mais violenta depois que ele foi provocar quando fez o gol. Ele é o culpado por essa situação”.

Outro que entrou na polêmica foi Ramón Galleguillos, prefeito da cidade de Alto Hospicio (na mesma região do extremo norte, onde ficam também Arica e Iquique). Torcedor do Deportes Iquique, o político acusou Rentería de se fazer de vítima para conseguir os pontos para o San Marcos no tapetão. “Se vão parar um jogo por qualquer bobagem o futebol vai acabar. Para que jogar bola, se agora basta um negrinho chorando para conseguir uma vitória?”, questionou Galleguillos.

Caso Aranha

Em conversa com Opera Mundi, Rentería tomou conhecimento das ofensas recebidas pelo goleiro Aranha na partida do Santos contra o Grêmio, em Porto Alegre. O caso aconteceu uma semana antes do incidente sofrido pelo venezuelano durante o treinamento da sua seleção, para o amistoso no sul do Chile. “Não sabia disso caso, mas lembro de uma atitude do Dani Alves, no Campeonato Espanhol [quando ele comeu a banana atirada por um torcedor do Villarreal]. Acho que os jogadores negros precisam ter reações assim, não com violência, mas exigindo o respeito”.

O jogador disse, também, que os chilenos são mais sensíveis ao racismo contra jogadores de origem indígena. Durante a Copa do Mundo, uma psicóloga comentarista de televisão chamou alguns jogadores da Seleção Chilena, como Alexis Sánchez e Arturo Vidal, de “índios feios”, e questionou a chilenidade do meia Jean Beausejour, nascido em Santiago, filho de pai haitiano e mãe mapuche.

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Direitos Humanos

Anistia Internacional exige respostas sobre violência policial no Brasil

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Órgão cobra respostas do Ministério da Justiça e Segurança Pública pela morte de Genivaldo Santos em Sergipe e da chacina no Complexo da Penha

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-05-27T17:20:00.000Z

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A Anistia Internacional Brasil cobrou, na última quinta-feira (26/05), respostas do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na morte de Genivaldo de Jesus Santos, em Sergipe, na última quarta-feira (25/05). 

Além deste caso, o órgão também questionou a atuação da Polícia Federal e do Batalhão de Operações (BOPE) especiais do Rio Janeiro no Complexo da Penha, que deixou 25 mortos.

Em nota, a organização exigiu “informações sobre o afastamento prévio dos envolvidos” em ambos os casos, cobrando “detalhamento se os policiais estão sendo sujeitos a investigações de eventual falta disciplinar em razão de eventuais excessos em suas atuações durante a operação".

Na última quarta-feira, Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi abordado e rendido por dois policiais rodoviários federais na cidade de Umbaúba, localizada no litoral sul de Sergipe. 

Wallyson de Jesus, sobrinho da vítima, afirmou que o tio era diagnosticado com transtornos mentais e ficou nervoso com a abordagem. Após render Santos, os dois policiais o colocaram no porta-malas da viatura e jogaram grandes quantidades de gás lacrimogêneo e spray de pimenta dentro do veículo. 

Por sua vez, no Rio de Janeiro, até o momento 25 pessoas morreram em uma operação policial na Vila Cruzeiro, localizada no Complexo da Penha, na zona norte da cidade. Enquanto a PRF e o BOPE afirmam ter como objetivo a “localização e prisão de lideranças criminosas”, a representação do órgão internacional no Brasil identificou o caso como uma chacina.

"A organização exigiu providências, via ofício, para o gabinete do Ministro Anderson Gustavo Torres, para que apure as condutas dos agentes que podem vir ser caracterizadas como prática de tortura", declarou a Anista, que criada em 1961, tem como foco na luta e respeito pelos direitos humanos de todos os indivíduos. 

Twitter/PRF Sergipe
Anistia Internacional Brasil exige que o uso excessivo e desproporcional de força letal pelos agentes seja averiguado

Leia o comunicado da Anistia Internacional do Brasil na íntegra:

A Anistia Internacional Brasil cobra respostas do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre as circunstâncias que envolveram a morte de Genivaldo de Jesus Santos, município de Umbaúba, em Sergipe, na quarta-feira, 25, durante uma abordagem de policiais rodoviários federais. E também exige explicações sobre a participação desta força policial na operação conjunta entre Polícia Federal e o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, Rio de Janeiro no dia 24 de maio. 

A organização exigiu providências, via ofício, para o gabinete do Ministro Anderson Gustavo Torres, para que apure as condutas dos agentes que podem vir ser caracterizadas como prática de tortura -- conforme a lei º 9.455/1997, que tem agravante se for praticada por um agente público e Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes da ONU.

Genivaldo, de 38 anos, morreu asfixiado após ser preso no porta-malas de uma viatura dos agentes. Segundo relatos de familiares e noticiados pela imprensa, a vítima foi imobilizada pelos policiais com uso excessivo de força, mesmo depois de sinalizar cooperação e de ter atendido às ordens enunciadas. Além disso, imagens e vídeos que circulam nas redes sociais mostram que Genivaldo foi imobilizado e trancado dentro da viatura, e que uma fumaça saía de dentro do automóvel. 

A Anistia Internacional Brasil lembra que o Ministério da Justiça e Segurança Pública é responsável pelo trabalho da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal. Em relação à Chacina da Vila Cruzeiro, que, até agora, 23 pessoas foram mortas, a Anistia Internacional Brasil exige que a PRF deve averiguar se seus agentes recorreram ao uso excessivo e desproporcional da força letal. Se for o caso, precisa identificar, processar e responsabilizar os agentes públicos e os comandantes envolvidos na abordagem e na operação. A atuação policial deve seguir os protocolos determinados pelo Supremo Tribunal Federal, por meio da ADPF 635.

A organização exige informações sobre o afastamento prévio dos envolvidos tanto na abordagem em Sergipe, quanto na operação no Rio de Janeiro, de suas funções durante as investigações, além de detalhamento se os policiais estão sendo sujeitos a investigações de eventual falta disciplinar em razão de eventuais excessos em suas atuações durante a operação.  

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