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Política e Economia

Em meio à crise de violência, México apresenta taxa de feminicídio próxima à pandemia

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Culpabilização do sexo feminino, naturalização da violência e corrupção do Judiciário contribuem para que 6 mulheres sejam mortas diariamente no país

Redação

2015-01-05T19:26:00.000Z

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Seis mulheres são assassinadas todos os dias no México, revela o Observatório Nacional Cidadão de feminicídio, uma coalizão de 43 grupos que documentam essa modalidade de crime no país. No entanto, somente 24% dos 3.892 femicídios identificados pelo órgão entre 2012 e 2013 foram de fato investigados pelas autoridades e apenas 1,6% resultou em condenação.

Flickr/ Beto Sanchez
"Feminicídios são uma pandemia no México", define Ana Güezmes, representante local da ONU Mulheres, agência dedicada às questões de gênero, à Al Jazeera America.

[Para além de Ayotzinapa, violência contra mulher no México chega a níveis alarmantes]


Para ela, a impunidade é o principal motor deste crime, impulsionado por condutas sociais que permitem que a violência contra o sexo feminino seja ignorada e vista como situação normal no país.

Além disso, a maioria desses casos se perde no corrupto sistema de Justiça do México, onde policiais culpabilizam a mulher e frequentemente são comprados por grupos criminosos, permitindo que os assassinos escapem da punição, explica Maria de la Luz Estrada, líder do Observatório, ao mesmo veículo.

A palavra feminicídio entrou no debate mexicano nos anos 1990, após uma onda de desaparecimentos e assassinatos de mulheres em Ciudad Juárez. Para ativistas do órgão, a distinção de femicídio na lei é importante, porque a natureza sexual do crime distingue as mortes de um homicídio comum.

"Em uma sociedade machista como a do México, as autoridades estão sempre questionando o que as mulheres fizeram. ‘O que ela estava vestindo? Ela era sexualmente ativa?’ Isto perpetua a impunidade", explica Maria de la Luz. Para combater a falta de estatísticas confiáveis do governo, o Observatório realiza entrevistas porta-a-porta em bairros marginalizados, onde o feminicídio ocorre com frequência. Em geral, as vítimas são mulheres jovens vulneráveis, mães solteiras pobres ou adolescentes que não têm dinheiro ou influência para buscar uma ação legal e reivindicar seus direitos.

Tal naturalização da violação se traduz em outros dados da agência das Nações Unidas: pelo menos 63% das mulheres relatam ter sofrido abusos por mãos masculinas que, em sua maioria, tratava-se de parceiros sexuais das vítimas.

De acordo com a promotora especial para crimes violentos contra as mulheres, Nelly Montealegre Diaz, não houve um caso de feminicídio processado em 2014. Ela culpa a impunidade, a corrupção e a dificuldade que a sociedade tem em aceitar a especificidade da violência de gênero. "Se um alguém vê uma colega com um olho roxo ou um pai batendo na mãe, eles pensam que é normal. As mulheres são vistas como objetos”, critica.

Em 2014, o México enfrentou e continua enfrentando uma das maiores crises políticas e turbulências sociais após o desaparecimento de 43 estudantes da escola de Ayotzinapa que desapareceram em Iguala, no estado de Guerrero, no fim de setembro. O crime teria sido resultado de uma ação conjunta entre o governo local e os cartéis de narcotráfico.Alvo de exigências de impeachment, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, tem entre suas bandeiras o combate à violência das drogas em geral, mas nunca se pronunciou contra o feminicídio, uma preocupante tendência que se aproxima à pandemia no país.



Leia outras matérias de Opera Mundi sobre crise de violência no México:

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Notas internacionais

Notas internacionais: eleições no Equador e no Peru - 12 de abril de 2021

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Equador e Peru foram às urnas eleger seus novos presidentes, com resultados que surpreenderam

Ana Prestes

Brasília (Brasil)
2021-04-12T22:11:48.000Z

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EQUADOR: No Equador, o candidato da direita, Guilherme Lasso, do movimento Criando Oportunidades (CREO), em aliança com o Partido Social Cristão (PSC), venceu o segundo turno das eleições presidenciais com 52,5% dos votos contra 47,50 de Arauz. Havia muita expectativa em torno da candidatura do economista Andrés Arauz, que pontuava na dianteira nas pesquisas durante quase todo o período de campanha do segundo turno que durou dois meses. Nos dias que antecederam o domingo eleitoral (11) as pesquisas já apontavam perda de fôlego de Arauz e subida de Lasso. De todo modo, as pesquisas de boca de urna davam vitória apertada para Arauz. A Cedatos chegou a dar 53,2% a 46,7%. 

Lasso é um homem de 65 anos, historicamente vinculado ao setor financeiro, em especial ao Banco de Guayaquil, tendo sido ministro da economia do governo de Jamil Mahuad (1998-2000). Esta é a terceira vez que ele concorre à presidência do Equador (2013, 2017, 2021). Nas eleições anteriores ele ficou em segundo lugar. Um dos fatores que impactou muito no resultado eleitoral foi o fracionamento do movimento indígena. A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) decidiu em seu conselho ampliado, no dia 10 de março, pelo voto nulo. No entanto, uma parte das nacionalidades amazônicas divergiram e foram acompanhadas do presidente da Conaie, Jaime Vargas, na declaração de apoio a Arauz. Vargas chegou a dizer em um encontro no dia 3 de abril, em Sucumbíos, que “suas propostas (de Arauz) têm o respaldo absoluto do movimento indígena”. No dia 4 de abril veio a reação do conselho dirigente da Conaie ao dizer que ia “impulsionar o voto nulo” e que “não cai em jogo eleitoral”. A apuração está apontando para um milhão e seiscentos mil votos nulos. O universo de votantes é de 13 milhões. (Com infos de resumenlatinoamericano.org)

PERU: O domingo também foi de eleições no Peru. Uma eleição que era extremamente imprevisível, com 18 candidatos concorrendo, teve um resultado de primeiro turno surpreendente. O candidato Pedro Castillo, professor e sindicalista, do Partido Político Nacional Peru Livre, obteve a maior votação, com 16%. Seguido de três candidatos com pouco mais de 10%: Hernando de Soto (Avança País), Keiko Fujimori (Força Popular), Jonhy Lescano (Ação Popular) e Rafael López Aliaga (Renovação Popular). Veronika Mendoza (Juntos por Peru) pontua com 8,8%. Aquele que apontou por um tempo como primeiro colocado nas pesquisas, o jogador de futebol George Forsyth (Vitória Nacional) está com 6,4%. Esses ainda são dados preliminares da Ipsos Perú para a América Televisión. 

Pedro Castillo tem 51 anos e ganhou notoriedade no país ao encabeçar uma prolongada greve nacional do magistério em 2017 e ao longo da campanha nunca pontuou entre os prováveis mais votados nas pesquisas. Uma de suas propostas é trocar a atual Constituição do país convocando uma Assembleia Constituinte. Ele se posicionou nas eleições contra o recorte de gênero no currículo escolar e disse que em um eventual governo seu não se legalizaria o aborto, o casamento homoafetivo e a eutanásia. Pautas polêmicas no país. Propõe ainda 10% do PIB para saúde e educação. As últimas pesquisas apontavam para uma liderança de Lescano. O segundo turno será em 6 de junho e o novo presidente assume em 28 de julho. Os peruanos também votaram ontem (11) para renovar o Congresso, que é unicameral e possui 130 cadeiras. A tendência é de que a votação para o parlamento tenha sido fragmentada e atomizada tal como a presidencial. O Peru vive uma crise institucional prolongada, sendo que dos dez presidentes que o país teve desde os anos 80, sete foram presos nos últimos anos envolvidos em escândalos de corrupção.

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