Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Política e Economia

Em escolas francesas, jovens de origem muçulmana rejeitam homenagem à 'Charlie Hebdo'

Encaminhar Enviar por e-mail

'Eu não sou Charlie. Sou Maomé. É impossível ser os dois': entre adolescentes da periferia houve boicote ao minuto de silêncio e críticas ao conteúdo da revista

Amanda Lourenço

2015-01-11T10:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

* Atualizada às 12h56

Quinta-feira, ao meio-dia, a França fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do ataque terrorista que deixou 12 pessoas mortas no dia anterior. Os transportes públicos fizeram uma breve pausa e os museus ficaram silenciosos. Todos os prédios públicos participaram. Em algumas escolas, porém, foi mais complicado. “No meu colégio muitos alunos não queriam fazer um minuto de silêncio, fizemos porque fomos obrigados. Outros decidiram ler um livro durante esse tempo”, diz Sarah, estudante de 16 anos.

Sarah, que não quis ter identidade e imagem reveladas, disse a Opera Mundi que aquele minuto de silêncio significava um “encorajamento à provocação”, fazendo referência à linha editorial do revista satírica Charlie Hebdo, principal alvo dos ataques. Muitos jovens admitiram que o atentado foi equivocado e que um verdadeiro muçulmano não deve matar ninguém, mas, ao mesmo tempo, ressalvam: “eles procuraram”.

Reprodução

"Eu não sou Charlie": luto não é unanimidade entre adolescentes franceses de origem muçulmana

Em escolas da periferia de Paris, com grande concentração de alunos de origem muçulmana, a rejeição à homenagem foi mais frequente do que as autoridades gostariam. Em uma turma, apenas um quinto dos alunos aceitou fazer o minuto de silêncio. Um pacote suspeito com a frase “Je ne suis pas Charlie” (Eu não sou Charlie) foi encontrado na sala dos professores de um dos colégios. Não havia nenhuma bomba dentro, apenas fios e detonador.

A mobilização nacional contra os ataques terroristas parece unir todas as instituições francesas e europeias, inclusive as muçulmanas, porém o luto não é uma unanimidade entre os adolescentes, especialmente os de origem árabe. “Eu não sou Charlie, eu sou Maomé", afirmou Mina, uma jovem de 18 anos. “E é impossível ser os dois”, completa. Ela acha incoerente ser muçulmana e ao mesmo tempo defender uma revista que satirizava sua religião. Perguntada se a punição pelas caricaturas não foi rígida demais, Mina responde: “Você ainda não viu nada”.

Agência Efe

Protestos silenciosos reuniram mais 700 mil na França neste sábado (10/01)

Por trás de posturas tão determinadas, há muitas vezes certa ingenuidade. Uma professora escreveu nas redes sociais que o que mais a impressionava é que os estudantes não sabiam exatamente o que tinha acontecido. Alguns sequer tinham visto os polêmicos desenhos. Em uma página do Facebook que critica as charges da revista, é possível ver a confusão dos participantes, que perguntam se Charlie é uma das vítimas e por que só o nome dele é citado.

Neste contexto, Patrick Teulade, diretor regional de educação de Nancy-Metz, em declaração à imprensa francesa pediu cuidado na “interpretação de atos de provocação adolescente diante da figura de autoridade” afirmando que “pode ter ocorrido uma confusão dos jovens entre ato de submissão e ato de respeito”.

Le Pen n’est pas Charlie

Os adolescentes de origem muçulmana não são os únicos a rejeitar Charlie. O fundador do partido de extrema-direita FN (Frente Nacional), Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen, atual presidente da legenda e candidata à presidência nas próximas eleições, também anunciou que não apoia a mobilização em torno da revista: “Desculpe-me, mas eu não sou Charlie. Sinto, sim, a morte de 12 compatriotas franceses, apesar de suas posições políticas. Eles eram inimigos do FN e pouco tempo atrás fizeraram uma petição pela dissolução do partido”.

Agência Efe

Diversos líderes internacionais confirmaram presença na marcha convocada para o domingo em Paris

A Frente Nacional não foi convidada para a marcha que acontecerá neste domingo, em Paris. A situação é singular, já que, ao mesmo tempo em que o contexto político do terrorismo favorece a popularidade da extrema-direita, as vítimas eram grandes críticos do FN e seria contraditório a presença de Marine Le Pen em tal ato de homenagem.

No Brasil há um movimento considerável contra-corrente que questiona a legitimidade das caricaturas publicadas por Charlie Hebdo e que também se apropriou da hashtag #JeNeSuisPasCharlie. Muitos críticos acham que a revista ultrapassou os limites do bom senso e que a liberdade de expressão não justifica desenhos que consideram ofensivos.

Já na França, palco dos acontecimentos, a conjuntura é outra. Pouco se fala em conteúdo ou qualidade, o debate é focado na liberdade. Por isso, até o momento não há nenhuma grande mobilização contra as homenagens além dos jovens de origem muçulmana.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

Encaminhar Enviar por e-mail

Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados