Armar ou não armar as forças da Ucrânia, eis a questão. Durante encontro na Casa Branca, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente norte-americano, Barack Obama, apresentaram nesta segunda-feira (09/02) postura conciliatória em relação ao conflito entre as tropas leais a Kiev e milicianos pró-Moscou no leste europeu, mas discordaram em relação ao fornecimento ou não de armamentos para os soldados de Petro Poroshenko.
Para Obama, os acontecimentos na Ucrânia serviram para “reforçar a unidade dos Estados Unidos com seus parceiros na Europa”. Ele acusou também a Rússia de violar “todos os compromissos” firmados durante os Acordos de Minsk de setembro de 2014, que previam, entre outras resoluções, cessar-fogo bilateral.
Efe
Merkel e Obama respondem a perguntas de jornalistas após encontro em coletiva de imprensa em Washington
“Se a Rússia mantiver seu atual percurso, medidas de isolamento políitico e econômico vão piorar”, ameaçou Obama, acrescentando que ainda não se decidiu se vai fornecer armas ou não para a Ucrânia, embora The New York Times tenha revelado na semana passada que vários oficiais do alto-escalão da administração do presidente consideravam a possibilidade. Nos últimos dias, vários senadores e deputados republicanos pressionam Obama para envio de armas como solução à crise.
Na mesma linha, Merkel comentou que a “ordem pacífica” da Europa não vai continuar se o Kremlin “continuar violando o território ucraniano”. Contudo, a líder alemã manteve seu posicionamento contrário ao envio de armamentos à Kiev, conforme já havia declarado na última semana.
Para a chanceler, uma intervenção militar não é necessária e o envio de armas letais por parte do Ocidente poderia aumentar o risco de uma escalada do conflito, mas ela acrescentou hoje que a Alemanha “vai continuar a colaborar de perto” para uma resolução à crise.
Esta é a primeira vez que Merkel vai à Casa Branca após o desgaste provocado pelas revelações de que os EUA estavam espionando o celular da chanceler, no ano passado.
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Em plano conjunto, Merkel e o presidente francês, Francois Hollande, lideram os esforços europeus para reativar o plano de paz de Minsk para o leste da Ucrânia, cujos combates se intensificaram nas últimas semanas, ameaçando a vida de civis com destruição, inclusive, de estruturas hospitalares. Nas últimas 24 horas, fontes oficiais do governo ucraniano anunciaram que ao menos nove soldados e sete civis foram mortos na região.
Nesta quarta-feira (11/02), os líderes da Alemanha, França, Rússia e Ucrânia vão se reunir na capital da Belarus para um novo plano de paz para o conflito. Ainda hoje, ministros da União Europeia concordaram em impor sanções mais duras contra a Rússia, mas estenderam o prazo para uma semana para ver se as conversas previstas para esta semana em Minsk surtirão efeitos.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticou o Ocidente e disse que o país não cederá às sanções. Em visita de dois dias ao Egito, o chefe do Kremlin foi encontrar seu homólogo egípcio, Abdul Fatah al Sisi, para assinar uma série de acordos políticos, econômicos e comerciais.
Além do conflito no leste da Ucrânia, Obama levantou durante a reunião em Washington a questão do combate ao Estado Islâmico como sendo o segundo tópico de combate essencial na política externa atual. “A respeito do Estado Islâmico, Alemanha e Estados Unidos mantêm-se unidos em nossa determinação para destruir essa organização bárbara”, declarou o presidente.
Carlos Latuff/ Opera Mundi