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Política e Economia

Fundos da CIA financiaram ações da Al Qaeda, revela The New York Times

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Dinheiro foi usado pelo grupo de Osama bin Laden para comprar armas e outros equipamentos; líder extremista disse temer que notas estivessem envenenadas

Redação

2015-03-15T18:19:00.000Z

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Fundos da CIA (Agência norte-americana de inteligência) financiaram a organização Al Qaeda, que comprou armas e outros equipamentos com o dinheiro, como informou neste domingo (15/03) o jornal norte-americano The New York Times.

Os Estados Unidos não pagam resgate de prisioneiros em poder de grupos considerados pelo governo norte-americano como terroristas, seja da Al Qaeda, seja do Estado Islâmico. Mas, em 2010, o dinheiro destinado pela CIA ao governo do Afeganistão foi utilizado para libertar Abdul Khaliq Farahi, ex-cônsul geral na cidade paquistanesa de Peshawar, sequestrado em 2008 pelo grupo de Osama bin Laden.

Leia mais: Noam Chomsky: Se EUA conseguirem destruir EI, terão que lidar com algo ainda mais extremista

Wikicommons

Al-Zawahiri e Bin Laden em 2001 durante entrevista com Hamid Mir em Kabul

No total, o governo paquistanês destinou US$ 5 milhões à organização. Destes, US$ 1 milhão foi proveniente da CIA. O restante, foi procedente, entre outros países, do Irã e do Golfo Pérsico, que também contribuíam com o caixa do presidente afegão.

“Deus nos abençoou com um bom montante de dinheiro este mês”, escreveu Atiyah Abd al­Rahman, alto funcionário da Al Qaeda, em uma carta destinada a Osama bin Laden em junho de 2010.

Al­Rahman ressaltou na correspondência, que o dinheiro poderia ser usado para comprar armas e outros equipamentos necessários pelo grupo.

Na ocasião, Bin Laden pediu cautela com relação ao dinheiro, por considerar que ele poderia estar envenenado pela CIA que tentava capturá-lo.  

A troca de correspondências revelam os detalhes das transações e foi revelada como prova utilizada contra Abid Naseer, um integrante do grupo, julgado no mês passado nos Estados Unidos.

De acordo com o jornal, não se tratou de uma armadinha, mas de um dos exemplos de que a falta de controle e os problemas de supervisão financeira fizeram com que Washington financiasse organizações contra as quais lutava.

Desta forma, os Estados Unidos gastaram centenas de bilhões de dólares na última década na guerra no Iraque e Afeganistão, alguns dos quais foram desviados para os combatentes inimigos, ressalta o jornal.

O texto diz ainda que o governo de Karzai recebia mensalmente da CIA um milhão de dólares. Tal ajuda foi utilizada para “comprar a lealdade” dos legisladores e outros afegãos de destaque que ajudavam o ex-mandatário a financiar uma rede de clientelismo que garantiu sua base de poder.

O dinheiro segue chegando para o novo presidente, Ashraf Ghani, que assumiu o cargo em setembro. Um funcionário da segurança afegã disse à publicação que se trata de dinheiro em efetivo. Assim, “não é possível se fazer nada sobre a forma em que é gasto”.

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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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