Um dos principais políticos contrários ao acordo nuclear iraniano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou as negociações entre as potências ocidentais e Teerã em entrevistas às emissoras norte-americanas NBC, ABC e CNN realizadas neste domingo (05/04).
EFE
Netanyahu fez rodada de imprensa nesta tarde para televisão dos EUA em seu escritório em Jerusalém
Para Netanyahu, a decisão firmada é “ideal para o Irã e um pesadelo para o resto do mundo”, pois deixa um “proeminente Estado terrorista com uma vasta infraestrutura nuclear” que poderia resultar em “uma corrida de armas nucleares no Oriente Médio”.
Há três dias, Irã e o grupo G5+1 (EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) decidiram os “parâmetros-chave” para o programa nuclear do país persa, um acordo classificado como “histórico” pelo presidente norte-americano, Barack Obama.
Em troca da flexibilização de sanções, inspetores internacionais terão acesso irrestrito às usinas e o enriquecimento de urânio iraniano será limitado e supervisionado por 10 anos.
“Eu acredito que o problema real do Oriente Médio é ter países como Irã que buscam armas nucleares com o objetivo explícito de aniquilar a gente [Israel]”, comentou Netanyahu, à ABC.
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Racha com Obama
À rede NBC, o premiê israelense afirmou que “ainda há tempo para intensificar as sanções” e que seguirá pressionando o governo dos Estados Unidos para “obter um melhor acordo”. “Não estou tentando matar qualquer acordo. Estou tentando matar um mal acordo”, explicou.
Questionado pela CNN se confiava em Obama, Netanyahu respondeu que o líder norte-americano fez o que julgou melhor para seu país, apesar de discordar que a decisão tenha sido a melhor política perante Teerã. “Mas isso não é uma questão de confiança pessoal”, justificou o israelense.
As relações entre Netanyahu e Obama ficaram estremecidas após a visita do chefe de Governo de Israel a Washington no início de março. A viagem foi realizada após o convite do líder republicano John Bohener para que ele discursasse no congresso norte-americano contra o acordo nuclear iraniano.
No entanto, a Casa Branca advertiu que não foi notificada a respeito da vinda de Netanyahu, o que gerou desconforto após Obama se negar a encontrá-lo, sob a justificativa de que uma eventual reunião pudesse influenciar as eleições gerais israelenses, que aconteceriam na semana seguinte à visita do premiê.
EFE/ arquivo
Em campanha contra iranianos, Netanyahu discursou no Congresso dos Estados Unidos no dia 3 de março
A relação ficou ainda mais balançada após o veículo norte-americano The Wall Street Journal denunciar no fim de março que Israel teria espionado com escutas ilegais as negociações sigilosas entre Irã e Estados Unidos no ano passado – polêmica que foi negada pelas autoridades israelenses.
Próximos passos do acordo
A conclusão de todos os pontos do acordo nuclear iraniano será apresentada em uma declaração conjunta que anunciará se houve progresso suficiente para permitir o prolongamento das negociações no prazo final de 30 de junho.
Há anos, a comunidade internacional acusa Teerã de querer produzir uma bomba atômica, embora o país persa assegure que o programa tem um caráter pacífico, como a geração de energia elétrica para o território nacional.