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Política e Economia

Hoje na História: Winston Churchill vira primeiro-ministro do Reino Unido

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Hoje na História: Winston Churchill vira primeiro-ministro do Reino Unido

Max Altman

2010-05-13T09:10:00.000Z

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Quando Winston Spencer Churchill assume, em 13 de maio de 1940, o timão como o novo primeiro-ministro do Reino Unido, assegura ao Parlamento que “nessa crise espero que o Parliament House me perdoe por não estender-me por muito tempo hoje, na minha fala. Eu direi à Casa o mesmo que eu disse àqueles que integram este governo: ‘Eu nada tenho a oferecer-vos, senão sangue, sacrifício, suor e lágrimas’.

Temos diante de nós uma provação do tipo mais grave. Temos, diante de nós, muitos, muitos longos meses de lutas e de sofrimentos. Os senhores perguntam: qual é a nossa política. Eu respondo, é fazer a guerra por mar, terra e ar, com todo o nosso poderio e com toda a força que Deus nos conceda.

Fazer a guerra contra uma tirania monstruosa, jamais superada nas trevas do lamentável catálogo dos crimes contra o ser humano.

Os senhores perguntam qual é nosso objetivo. “Eu posso responder com uma só palavra: é a vitória, vitória a qualquer custo, vitória apesar de todo o terror, vitória por mais longos e duros que sejam os caminhos a trilhar; pois, sem vitória não há sobrevivência.”
 
Inglaterra declara guerra à Alemanha, dois dias depois da invasão da Polônia. Chamberlain capitula, convoca Churchill para ocupar o seu velho posto à frente do Almirantado.
 
Abril de 1940, os aliados não conseguem evitar a invasão da Dinamarca e da Noruega que controlam a saída da frota alemã pelo Báltico. Fracassam duas expedições anfíbias inglesas em Narvik e Trondheim, o fantasma de Galllipoli reaparece no Parlamento, desta vez o culpado pelo fiasco é Chamberlain. Maio, nova blitz alemã, caem Luxemburgo, Holanda, Bélgica e a Wehrmacht está diante da fronteira desguarnecida da França.
 
Chamberlain renuncia, ainda tenta indicar um sucessor que não seja Churchill. Inútil, o único político que merece a confiança dos trabalhistas -- apesar do seu passado reacionário -- é Churchill, comprometido vitalmente com a causa anti-hitlerista.

               Winston Churchill
 
 Estréia no Parlamento como Primeiro Ministro e inaugura o ciclo dos memoráveis discursos de guerra: “... Não tenho nada a oferecer-vos senão sangue, sacrifício, suor e lágrimas...”. O gabinete de coalizão, no qual exerce também a pasta da Defesa, inclui três trabalhistas, um deles é o poderoso líder sindical, Ernest Bevin. Fica garantido o esforço de guerra e a paz social. Leva ao Parlamento uma lei de emergência que coloca todas as pessoas, serviços e propriedades a serviço da Coroa. Puro socialismo. Mais tarde, escreveria em sua história da Segunda Guerra Mundial: "Na guerra, determinação; na derrota, resistência; na vitória, magnanimidade; na paz: boa-vontade."
 
Dois dias depois da queda de Paris, a 16 de Junho de 1940, faz uma proposta audaciosa ao governo francês: a união política entre os dois países. A 22, os franceses capitulam no mesmo vagão em que os alemães haviam assinado a rendição em 1918. A máquina de guerra alemã agora está totalmente voltada contra a Inglaterra. Churchill no Parlamento: "estas são as nossas melhores horas".
Cerco alemão cauteloso e inexorável: primeiro os aviões de Goering atacam as embarcações que cruzam a Mancha, depois as tropas ocupam as pequenas ilhas no meio do Canal, em seguida a Luftwaffe ataca as bases da Royal Air Force no sul da Inglaterra. Um ano depois de começada a guerra, os alemães começam os ataques maciços contra Londres. Churchill no Parlamento: "nunca, no campo das lutas humanas, tantos deveram tanto a tão poucos" - é o seu tributo aos pilotos dos Spitfires e Hurricanes.
Como represália, ordena uma incursão aérea a Berlim. Enfurecido com a audácia, o Führer determina maciços ataques diários a Londres. E dá início à Batalha do Atlântico para cortar todos os suprimentos da Inglaterra.
 
O ataque alemão à União Soviética leva-o a esquecer a velha rixa com o comunismo: "O perigo na Rússia é o nosso perigo". Os isolacionistas americanos, insensíveis com o que se passa na Europa, insistem no slogan America First. "Dêem- nos as ferramentas e faremos o trabalho" pede Churchill. Concebe então o projeto da Grande Aliança com a URSS e os EUA do qual é o infatigável artífice. O primeiro passo é dado em Agosto de 1941 quando se encontra com Roosevelt nas costas do Canadá para assinar a Carta do Atlântico.
 
Vai duas vezes a Moscou, quatro a Washington, duas ao Cairo e Quebec, uma ao Marrocos, Grécia, Malta, participa das duas reuniões tripartites com Roosevelt e Stalin (Teerã e Ialta) e da derradeira, com Truman e Stalin em Potsdam (Alemanha) depois da rendição alemã.
 
Em 1942, Stalin reclama a imediata criação da 2ª frente na Europa para afrouxar a pressão germânica. Churchill considera o projeto prematuro, arriscado e, nas circunstâncias, custoso. Quando finalmente chega o Dia-D, em Junho de 1944, o septuagenário quer participar pessoalmente da operação a bordo de um cruzador inglês. Quem o dissuade é o próprio monarca.
 
Roosevelt morre 26 dias antes da rendição alemã. Churchill, privilegiado pelos fados, assiste ao entusiasmo do 8 de Maio, Dia da Vitória, e a 15 de Julho vai a Potsdam para as prolongadas negociações com Stalin e Truman sobre o futuro da Europa e do mundo.
 
Reunião interrompida pela convocação das eleições inglesas. Todos, inclusive Stalin, estão certo de que se encontrarão novamente no fim do mês. Engano: quem vai sentar-se para a foto de praxe é o trabalhista Clement Attlee, o grande vitorioso das eleições com o seu programa Vamos Enfrentar o Futuro.
 
Attlee entra e sai da História com a mesma rapidez. Churchill permanece: vive mais duas décadas, volta a chefiar o gabinete por mais quatro anos (aos 77), ganha os maiores galardões, inclusive um Nobel de literatura por sua História dos Povos de Língua Inglesa.

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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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