O primeiro voo do ‘drone do aborto’, anunciado no início desta semana, foi realizado na manhã deste sábado (27/06) entre a Alemanha e a Polônia. O aparelho é o novo método da organização internacional Women on Waves, que trabalha pelo direito ao aborto em âmbito mundial, para chamar a atenção para a disparidade entre as leis de aborto em países europeus como Alemanha, Holanda e França, onde o procedimento é legalizado, e Polônia, Malta e Irlanda, que criminalizam ou restringem o acesso das mulheres à interrupção voluntária da gravidez.
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Women on Waves / Divulgação
Ativistas polonesas recebem o drone com pílulas abortivas na cidade de Slubice
Segundo comunicado da ONG o drone, que transportava pílulas abortivas, saiu de Frankfurt an der Oder (Alemanha) às 11 da manhã (hora local, 6h da manhã em Brasília). Não havia manifestantes antiaborto no local. Após a decolagem, a polícia alemã confiscou os controles do drone e os iPads das pessoas que estavam no local. De acordo com a organização, a polícia teria acusado criminalmente as participantes do ato sem esclarecer as bases da acusação, visto que as pílulas foram prescritas por uma médica e tanto a Alemanha quanto a Polônia fazem parte do espaço Schengen, que permite a livre circulação entre os dois países.
O drone pousou na outra margem do rio Odra na cidade polonesa de Slubice e foi recebido em por ativistas de organizações pró-aborto na Polônia. Segundo a Women on Waves, duas mulheres polonesas ingeriram as pílulas transportadas pelo aparelho. As ativistas seguiram para uma conferência aberta ao público em que foram apresentados diferentes aspectos do aborto farmacológico.
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Em território polonês, uma mulher só pode interromper a gravidez em caso de estupro ou incesto, quando a vida da mulher estiver em risco ou houver risco de morte do feto. De acordo com a organização, mesmo nesses casos, é muito difícil realizar o aborto legal. Mesmo com a proibição, a OMS estima que cerca de 240 mil abortos inseguros sejam realizados na Polônia a cada ano. A lei do país não prevê punição para as mulheres que realizem o procedimento ilegal.
As pílulas de mifepristona e misoprostol são utilizadas para a realização do aborto médico ou farmacológico, e estão na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde – que recomenda a legalização do aborto aos países que ainda não regulamentaram o procedimento. Um estudo da OMS concluiu que o aborto farmacológico pode ser realizado pela própria mulher, em casa, sem necessidade de supervisão médica. A Women on Waves, liderada pela médica holandesa Rebecca Gomperts, recomenda que o aborto farmacológico seja realizado até 9 semanas (63 dias) de gravidez, com a ingestão de uma pílula de 200g de mifepristona e, 24 horas depois, o uso sublingual de 4 pílulas de 800μg (microgramas) de misoprostol.