O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (17/08), por unanimidade, a realização de negociações para restaurar a paz na Síria. Entre os pontos acordados está a instauração de “uma transição política que atenda às aspirações legítimas do povo sírio” e “o estabelecimento de um governo transitório”, como informa a agência Agence France Presse. Trata-se do primeiro documento com teor político após quatro anos do conflito no país.
O texto, que teve apoio da Rússia e ressalvas da Venezuela, foi proposto pela França, e classificado pelo embaixador francês Alexis Lamek como “histórico”. Isso porque foi a primeira vez que a Rússia aceitou respaldar um documento desse tipo em dois anos de divergências dentro do Conselho de Segurança.
Agência Efe
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Os 15 integrantes do órgão máximo das Nações Unidas expressaram “grande alarme pelo fato de a crise síria ter se tornado a maior emergência humanitária do mundo atualmente” com pelo menos 250 mil mortes e 12 milhões de pessoas forçadas a deixarem suas casas.
O documento foi aprovado um dia após o bombardeio aéreo, realizado pelo governo sírio, a uma cidade tomada por grupos opositores, nos arredores de Damasco. Pelo menos 96 pessoas morreram no ataque, um dos mais mortais realizado pelo governo.
Transição política
No documento, o Conselho de Segurança pede que as partes trabalhem para encerrar o conflito, “desenvolvendo um processo político liderado por sírios em uma transição política que atenda às aspirações legítimas do povo sírio”.
Tal transição inclui ainda “o estabelecimento de um governo transitório com todos os poderes executivos, que deve ser formado com base em um consenso mútuo, garantindo a continuidade das instituições governamentais”.
A Venezuela discordou exatamente do ponto que chama para uma transição política que ponha fim a quatro anos de guerra. Para o país sul-americano, o conselho está criando “um precedente muito perigoso” ao apoiar tal transição que, na visão de Caracas, constitui uma violação do direito sírio à autodeterminação.
Apesar do teor do texto acordado pela Rússia, o chanceler do país, Sergei Lavrov reafirmou, após reunião com seu homólogo iraniano, Javad Zarif, também nesta segunda, o compromisso de Moscou com o mandatário sírio. “Se alguns de nossos parceiros consideram que é preciso pôr como condição a destituição de [Bashar] al Assad no final do período de transição no país, para a Rússia é uma postura inaceitável porque é algo que deve ser decidido pelo próprio povo sírio”.
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Além da transição política, o documento prevê a criação de quatro grupos de trabalho, sendo que todos eles terão a participação tanto de representantes do governo do presidente Assad, como da oposição do país.
Os grupos discutirão os seguintes temas: proteção da população civil; ajuste do processo político; luta contra o terrorismo e restauração do país. A expectativa é que os trabalhos comecem já em setembro.
Agência Efe
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Bombardeios
Os bombardeios realizados pelo governo na cidade de Duma neste domingo (16/08) deixaram, além dos 96 mortos, pelo menos 240 feridos.
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização humanitária com sede em Londres, também foram realizados 19 bombardeios contra áreas da região de Ghouta Oriental, o principal reduto opositor do arredor da cidade, com uma morte registrada.
Por outro lado, em Aleppo, a maior cidade do norte da Síria, pelo menos quatro pessoas faleceram ontem à noite e outras 17 ficaram feridas pela queda de dez foguetes disparados pelos opositores contra o bairro de Al Hamdaniya, controlado pelas autoridades.