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Política e Economia

Sem ter para onde ir, refugiados em Paris ocupam escolas e prédios desativados

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Eles acabam se aglomerando debaixo de pontes e dormindo em barracas doadas por associações; grupo expulso de acampamento foi para escola desativada

Amanda Lourenço

2015-08-30T09:00:00.000Z

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“Temos uma esquerda que merece um gancho de direita (On a une gauche qui mérite des droites)”. A pichação aparece em letras grandes na quadra da antiga escola Jean-Quarré, no norte de Paris, atualmente transformada em alojamento. A frase é uma alfinetada na política de imigração do governo François Hollande, do Partido Socialista, que, além de rejeitar 77% dos pedidos de asilo, não consegue encontrar uma solução para acolher, ainda que provisoriamente, os refugiados que chegam ao país. A saída é ocupar sem autorização locais vazios, como é o caso da escola.

Fotos: Amanda Lourenço/Opera Mundi

Escola Jean-Quarré, no norte de Paris, foi transformada em alojamento em meio à crise com refugiados

A Europa vem registrando neste ano de 2015 números recordes de entrada de imigrantes originários de países como Afeganistão, Sudão, Eritreia ou Síria. Fala-se na maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo a agência Frontex, apenas no mês de julho, cerca de 107 mil refugiados entraram na Europa, três vezes mais do que o mesmo período no ano passado.

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Enquanto as decisões políticas sobre imigração se arrastam em encontros infrutíferos entre líderes de Estados, os números de refugiados nas cidades europeias vão aumentando, sem que haja uma política de acolhimento eficaz. Apesar de a França não ser o destino final da maioria dos migrantes, que prefere tentar a sorte na Alemanha, na Inglaterra ou mesmo na Suécia, ela é um ponto de trânsito importante e precisa amparar um grande número de pessoas de passagem.


Domitório na escola onde ficam os refugiados; local abriga 250 pessoas

Sem opção, os refugiados acabam se aglomerando debaixo de pontes e dormindo em barracas doadas por associações, formando enormes acampamentos, como o de Austerlitz, que abriga atualmente cerca de 300 pessoas. No início de junho, outro acampamento de aproximadamente 400 pessoas no boulevard de la Chapelle, norte da capital, foi evacuado. Desde então, operações similares recolheram 1.300 refugiados em centros de alojamento de urgência, onde podem ficar até um mês.



Cozinha do alojamento em Paris é mantida com doações de voluntários, que levam comida

A escola desativada Jean-Quarré foi ocupada principalmente por parte destes imigrantes evacuados e hoje acolhe mais de 250 pessoas. Brian, originário do Sudão, dorme há dez dias na escola. “Da última vez, passei duas semanas viajando para chegar aqui. Passei por vários países, mas quero ficar na França mesmo. Amanhã vou iniciar meu processo de demanda de asilo”, disse.

Nadia Kyungu e os quatro filhos: família congolesa aguarda por solução permanente de moradiaOcupação formalizada

A princípio ilegal, a ocupação da escola Jean-Quarré foi formalizada pela prefeitura, que pretende fazer algumas reformas e transformar o lugar em mais um centro de alojamento de urgência. Até o momento, porém, a organização é feita pelos próprios moradores, que se revezam na limpeza e na cozinha, sem qualquer intervenção do Estado, contando apenas com a ajuda de alguns voluntários que levam comida e roupas. “Às vezes esse esquema funciona super bem e fica todo mundo satisfeito. Mas, às vezes, quando fica gente sem comer, por exemplo, a gente pensa que seria bom ter alguém organizando melhor as coisas”, opina Marguerite Dauvois, voluntária.

Dauvois, assim como a maior parte dos voluntários, não faz parte de nenhuma associação, são apenas vizinhos e pessoas preocupadas com a situação dos refugiados. “Eu vi quando a polícia evacuou o acampamento de la Chapelle e fiquei horrorizada com a violência. Deu vontade de lembrar aos policiais que essas pessoas estão pedindo asilo, que elas precisam de ajuda e não podem ser tratadas daquela forma. Desde então passei a acompanhar os refugiados de perto”, conta.

Não há muitas mulheres presentes, pois elas são prioritárias na busca de um melhor alojamento e o governo francês acaba encontrando uma solução em poucos dias. É o que espera Nadia Kyungu e seus quatro filhos menores de seis anos. A família passou uma noite na escola e agora aguarda por uma solução permanente. Originária da República Democrática do Congo, ela conta que teve que ir embora de seu país por razões políticas. “Faço parte do partido de oposição e o governo nos acusa de desestabilizar a ordem. Como estávamos sendo perseguidos, o partido organizou nossa saída, mas eu nem sabia muito bem para onde estava indo. Meu marido ficou, mas teve que deixar a capital e ir para o campo”, diz.


Marguerite Dauvois, voluntária: “Essas pessoas estão pedindo asilo, elas precisam de ajuda”

Para as pessoas que, como Kyungu, pretendem ficar na França, os voluntários oferecem curso de francês. Quase nenhum refugiado fala a língua local e a maior parte domina o inglês, mas a língua oficial entre eles é o árabe, que também é usado em quadros de aviso e planilhas de limpeza. Há diversas turmas de francês, geralmente no fim do dia depois do trabalho dos voluntários. Uma das professoras conta que está há dois meses com os mesmos alunos: “Agora já consigo falar apenas francês em sala de aula, é um excelente progresso”.

É praticamente impossível saber o número exato de refugiados na França, até porque muitos estão apenas de passagem para outros países. Mas é certo que este número vem aumentando e outros alojamentos precisarão ser abertos em breve. A prefeitura está estudando locais desocupados na cidade que poderão servir de abrigos de emergência e comitês diretivos fazem relatórios semanais sobre a situação dos refugiados.


Refugiados que pretendem ficar na França têm aulas do idioma local na escola desativada

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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